Era popular em todo o Kemet, mas o centro de seu culto estava na cidade de Khnum (Hermopolis), onde ele era venerado como parte da Ogdoad. Conforme ganhou importância, uma variante do mito de criação surgiu, determinando que Djehuty na forma de Íbis pôs o ovo do qual Ra nasceu. Os gregos o identificaram com o deus Hermes, e o sincretismo de ambos os deuses gera Hermes Trismegistos, uma divindade muito importante no ocultismo antigo e ainda relevante no ocultismo moderno. Outros mitos, entretanto, sugerem que Djehuty criou a si próprio com o poder da palavra, e sua música deu origem às divindades da Ogdoad.
Pode ser representado como um Íbis, um homem com cabeça de Íbis, ou um babuíno. De fato, seu nome deriva da associação com esse pássaro, e significa algo como "Ele que é como a Íbis". O babuíno também é um animal noturno e lunar, e quando Djehuty assume essa forma, representa o equilíbrio, o conhecimento transcendental, e a evolução da consciência humana. Pode receber o nome de A'an na forma de babuíno, e apresentar um rosto parecido com o de cão. Djehuty criou muitos saberes imprescindíveis para a humanidade, como a escrita, medicina, magia, as práticas civis e religiosas do Egito, purificação, o calendário de 365 dias (cuja história está explicada em uma lenda egípcia muito interessante), e até a música e a arte.
Detém um papel importante no pós-vida, pois é o escriba do submundo, que registra e determina o veredito dos falecidos no salão de Ma'at - e recebe os epítetos de Aquele que Equilibra, Deus do Equilíbrio, Mestre da Balança (também ligados com a forma de babuíno A'an). Esses epítetos refletem outra face de Djehuty, o intermédio que esse deus faz entre o "bem" e o "mal", garantindo que tudo permaneça equilibrado para que a harmonia do universo se mantenha. Afinal, é o criador das leis, senhor da ética e juiz dos próprios deuses.
Está inserido como personagem em várias histórias keméticas, aparecendo como conselheiro e sábio. Nos mitos, apenas duas divindades ficam ao lado de Ra na barca solar, e são elas Djehuty e Ma'at. O fato de ser geralmente considerado consorte de Ma'at, a deusa que personifica a verdade e a justiça para a cultura egípcia, só reforça sua conexão íntima e muito próxima daquilo que é realmente moral no universo. Também desempenha o papel de escriba divino, e é responsável pela percepção e os registros da passagem de tempo. Nesse aspecto, recebe os epítetos de "Aquele que Faz Cálculos Sobre os Céus" e "O Conhecedor do Tempo e das Estações".
Thoth, além de todos os arquétipos e egrégoras citadas acima, ainda tem relação com a ciência e o pensamento lógico, e os egípcios o creditavam com a autoria de todos os trabalhos científicos, filosóficos, religiosos e mágicos. Ele pode ser honrado através da prática divinatória de consulta de oráculos, a qual ele rege, ou com feitiços e atividades mágicas de sua preferência. E tem também um laço muito íntimo com Seshat, por vezes citado como consorte e outros como pai dela, conforme o culto a Djehuty foi se ampliando, todas as atribuições de Seshat foram absorvidas pelos domínios de Thoth.
Seus símbolos são a Lua crescente (mas todas as fases podem ser usadas para esse fim), papiros e pergaminhos, penas e canetas, ampulheta, calendário, paleta de tinta, palmeira, íbis, babuíno, ampulheta. Cores que podem ser usadas para lhe representar são o branco e o azul, o dia que lhe favorece é a segunda-feira, e corresponde às egrégoras dos planetas Mercúrio e Lua na astrologia; no zodíaco, corresponde às constelações de Gêmeos e Libra.
Arte por Leon Jean Joseph Dubois e Rawpixel.
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A apreciar a grandiosidade da Íbis,
Alannyë Daeris.
Parabéns pelo texto.
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