Ficha Técnica
Autor: Patrick Boylan
Ano: 1922
Editora: Oxford University Press
Páginas: 226
Publicado há mais de um século, Thoth, The Hermes of Egypt segue sendo a melhor e mais completa obra de referência acadêmica para o estudo acerca do Senhor dos Hieróglifos e Escriba Divino. O autor se concentra no Egito Dinástico, e apesar do que o título pode sugerir, há pouca menção aos sincretismos e manifestações posteriores de Thoth como Hermes Trismegistus no período Greco-Romano. Boa parte das fontes textuais pertencem ao período Ptolomaico, e para averiguar o pensamento teológico de períodos mais antigos, os Pyramid Texts (Textos das Pirâmides) foram empregados, bem como algumas citações relevantes do Book of the Dead (Livro dos Mortos).
Dividido em capítulos que exploram diferentes aspectos de Thoth, como seu nome, a participação nos mitos Osirianos, sua relação com as Enéadas e como representante de Ra na Barca Solar, seus símbolos, sua importância como autor dos hieróglifos, suas características como Criador, o papel que desempenha na magia e no Ritual Egípcio, seus templos e locais de culto, os epítetos atribuídos, associações com outros deuses, dentre outros assuntos, realizando um exame completo das atribuições e conceitos que permeavam a relação dos egípcios com Thoth.
Considero essa obra suficientemente acessível para leitores que não estejam acostumados com a linguagem mais acadêmica da área da egiptologia - ainda que o idioma seja uma barreira para falantes exclusivos da língua portuguesa, visto que não há uma tradução do inglês até a data da publicação dessa resenha. Entretanto, não havendo uma fonte melhor de estudos para tais conhecimentos básicos sobre Thoth, o esforço para desvendar esse livro é certamente recompensador. Para quem gosta de hieróglifos acompanhados de suas traduções, inclusive no caso dos epítetos, encontrará citações desse tipo em abundância nessa publicação - e elas são contextualizadas por meio de explicações sobre a dimensão mito-simbólica dos elementos presentes, e as relações estabelecidas com outras passagens e crenças da teologia egípcia.
Desde o primeiro capítulo, que aborda os nomes de Thoth, encontramos uma quantia valiosa de notas de rodapé e fontes para aprofundamento dos estudos; contudo, infelizmente, uma boa parte dessas referências são obras em outras línguas estrangeiras, como o alemão e francês, que somam uma grande fatia dos estudos publicados sobre Egiptologia na virada do século XIX para XX - e na atualidade, muitas dessas referências são difíceis de localizar ou acessar. Felizmente, outras notas do autor ocupam um espaço significativo das páginas em determinados momentos, e agregam informações relevantes adicionais (ou teorias) sobre o assunto tratado no texto, o que pontua de forma muito positiva na minha opinião.
Não importa a origem do seu interesse sobre Thoth - se é uma relação pessoal e devocional, ou apenas uma simples curiosidade por esse deus egípcio tão especial... Você terminará a leitura versado na multidimensionalidade de Thoth como uma divindade soberana, reverenciada com louvor e importância desde períodos antigos na história do Egito, atrelada a papéis teológicos de grande relevância. É um exemplar enxuto em extensão de páginas (entre 215-228pg de acordo com a edição) se considerarmos a profundidade do conhecimento genuíno que contém, embasado consistentemente nas fontes originais registradas por escribas e sacerdotes ao longo dos séculos.
A empregar as palavras em amor ao Residente na Biblioteca,
Alannyë Daeris
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