A Daphnomancy (na versão aportuguesada, Dafnomancia) é uma prática oracular de pouquíssimo renome atualmente, que foi concebida e desenvolvida pelos povos greco-romanos na Antiguidade. Ela consiste na queima de folhas de louro em uma pira ou fogueira para obtenção de respostas para os questionamentos apresentados ao oráculo. O louro é uma planta associada mitologicamente a Apolo, deus responsável pela divinação e pelos oráculos - como no conhecidíssimo Oráculo de Delfos, a ele consagrado.
A prática leva esse nome pois segundo algumas versões comuns do mito, Dafne era uma ninfa que fugia das investidas amorosas de Apolo, após uma confusão realizada pelo deus Eros ao disparar suas flechas. Rejeitado, Apolo a transformou na primeira árvore de louro, que se tornou sagrada em seu culto. Numa outra versão da história, a ninfa pede ajuda ao seu pai, o rio Peneo, para que a livre da perseguição de Apolo, e é o pai quem a transforma em louro. É a planta cujos galhos eram utilizados em coroas de campeões e imperadores, o que se reflete em expressões populares ainda hoje, como os "louros da vitória".
Os prognósticos favoráveis ou desfavoráveis da dafnomancia se baseiam na presença de sons e estalos na queima das folhas. O procedimento consiste na realização da pergunta, e o lançamento de um galho de louro sobre o fogo; quanto mais as folhas estalam ao queimar, mais positiva a resposta. Se as folhas queimam silenciosamente, a resposta é negativa. É sugerido que os galhos são lançados frescos, pois folhas secas de louro estalam com muita facilidade, impedindo a variabilidade necessária em quaisquer estilos oraculares funcionais.
Por ser uma arte composta de dois elementos, e as chamas naturalmente configurarem meios divinatórios desde períodos muito remotos, o fogo também possui um papel importante na leitura de dafnomancia. Por exemplo, se as labaredas queimam vivas e altas, indicam uma tendência favorável; mas se o fogo diminui, fica consistentemente baixo, ou se apaga, as perspectivas para a questão são ruins. Quanto pior o desempenho do fogo, pior a resposta, e o contrário também é verdadeiro.
Outras possibilidades na interpretação da dafnomancia se dão ao final, pela análise dos restos da erva queimada. Se o louro tiver sido completamente transformado em cinzas, não restando nada da planta, é um prognóstico positivo. Quando restam folhas ou partes intactas do louro após o fogo se extinguir, obtém-se uma tendência negativa, de que a situação não se resolverá ou que haverão muitas dificuldades na questão. Quanto mais restar do louro, pior a perspectiva.
Por fim, existia também uma forma alternativa de praticar a dafnomancia - os áugures mascavam as folhas de louro e entravam em um transe ritualístico, proferindo seus prognósticos aos ouvintes através da inspiração concedida pelo deus Apolo. É sugerido em algumas fontes que essa técnica divinatória, tal qual a anterior, eram realizadas pelos sacerdotes que presidiam o Oráculo de Delfos - como menciona o autor Francisco José Folch em seu livro "Sobre símbolos" (2000).
A inalar o aroma do louro,
Alannyë Daeris
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