terça-feira, 30 de agosto de 2022

Conhecendo o Oráculo - Osteomancia (Oráculo dos Ossos)

   A Osteomancia, prática de divinação por meio do lançar de ossos, é uma das artes oraculares mais antigas de que temos registro. Foi praticada ao longo da história por diversos povos ao redor do mundo, dentre eles os Chineses, Egípcios, Gregos, Romanos, Babilônicos, e numerosas tribos Africanas, nas quais boa parte dos sistemas de leitura dos ossos praticados atualmente se baseiam.
   Diferentemente de outras ferramentas de divinação ou previsão, o Oráculo dos Ossos é um instrumento de comunicação e conexão direta com os Ancestrais, sendo creditada a Eles a movimentação das peças sobre a mesa do osteomante durante uma leitura. É um oráculo que passa por purificação, consagração e apresentação, necessita ser alimentado e energizado com regularidade, e o oraculista deve manter uma devida relação com os próprios Ancestrais para que possa fazer uso da ferramenta.
   Há diferentes formas de utilizar, interpretar e lançar os ossos, denominados "sistemas". Alguns sistemas de leitura empregam somente ossos de uma mesma espécie animal (galinha, gato e cachorro estão dentre os que eu conheço), outros sistemas usam ossos de espécies animais diferentes, e há também os sistemas que elaboram conjuntos de ossos adicionando a eles outros itens variados, como conchas, penas, dados, moedas, cristais, sementes, curios e objetos similares.
   Além do conjunto de ossos, um elemento central na leitura de osteomancia é o tablado, a superfície em que os ossos serão lançados e que determina maiores informações, podendo indicar a área da vida que se analisará, conceitos e ideias simbólicas (como os quadrantes, que são relacionados aos quatro elementos e que tratam de temas pertinentes a cada um deles), ou o passado, presente e futuro. Esses tablados podem ser peles de animais, tábuas de madeira, ou tecidos circulares com as marcações correspondentes.
   A osteomancia serve para responder a perguntas objetivas e específicas, fornecer conselhos, ou para abrir panoramas gerais sobre a vida do consulente. É ideal para revelar as mensagens e orientações dos Ancestrais para a pessoa em questão e o momento em que ela vive e viverá em breve. Portanto, é uma ferramenta versátil que funciona para divinação, leitura de sorte, aconselhamento, ou para previsões de futuro. Tudo depende das peças que caem, a posição em que param sobre o tablado, e o sistema de leitura.
   É importante esclarecer que os ossos usados pela maioria dos praticantes tem origem natural, sendo encontrados na natureza e posteriormente higienizados pelo osteomante, ou adquiridos de outras pessoas que fazem esse serviço de procura, coleta e higienização, como taxidermistas. Grande parte dos osteomantes não sacrifica animais para retirar seus ossos, pois se usam para fins oraculares os restos de animais que falecem de causas naturais ou acidentais, sem causar danos a nenhum ser vivo. Obviamente, há indivíduos que fogem a essa regra, mas são uma exceção. E também noto que sob hipótese alguma se usam ossos humanos, pois isso configura crime e é passível de punições legais em solo brasileiro.

A consultar os Luminosos,
   Alannyë Daeris.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Amuletos e Talismãs Keméticos (Meket, Nehet, Wedja, Sa)

   Amuletos são parte essencial da religiosidade kemética, existindo desde os primórdios da cultura egípcia para diversos propósitos: proteção contra espíritos, doenças, crimes, prejuízos, pessoas mal intencionadas, e também para fertilidade, cura, prosperidade, saúde, e outras intenções de importância em épocas antigas. Eram usados pelos vivos e pelos falecidos, como é o caso do tradicional amuleto de escaravelho que era colocado no peito das múmias após o embalsamento, para que seus corações não testemunhassem contra si mesmos no julgamento final.
   Por amuleto, entendem-se pequenos objetos que são carregados ou usados no corpo, geralmente em forma de pingentes, pulseiras, braceletes ou brincos; porém, os egípcios estendiam essa definição para abranger itens que ficavam em contato com o corpo, como os descansos de cabeça. Era comum ser feita uma distinção entre amuletos e talismãs, sendo os primeiros destinados a proteger, e os segundos a enaltecer alguma qualidade do usuário, ou gerar um resultado esperado. As palavras "sa", "meket" e "nehet" costumam se referir a amuletos protetores, enquanto "wedja" serve para objetos que concedem proteção e também qualidades desejáveis, como saúde, força ou fertilidade. Podemos dividi-los em sete categorias principais: 
  1. Amuletos de divindades e animais sagrados;
  2. Amuletos de proteção ou aversão;
  3. O escaravelho para os vivos e falecidos;
  4. Amuletos de assimilação;
  5. Amuletos para obtenção de poderes;
  6. Amuletos de posses, propriedades, ou como oferendas;
  7. Simbolismo de materiais (sem necessariamente um formato).
   Muitas das informações que temos disponíveis sobre os amuletos egípcios, como eram utilizados, e quais eram suas funções, provém de fórmulas/spells registradas nos Textos das Pirâmides (Pyramid Texts), Textos dos Sarcófagos (Coffin Texts), e no famoso Livro dos Mortos (Book of Coming Out by Day). Há outros registros arqueológicos conhecidos, como inscrições em paredes de templos com listas de amuletos, e papiros funerários de dinastias tardias que indicam como os amuletos deviam ser colocados nos sarcófagos e múmias. A coletânea de feitiços Greek Magical Papyri editado por Hans Dieter Betz também é uma grande referência para o processo por trás dos amuletos mágicos de períodos mais tardios, já mesclados com elementos provindos de outras culturas e religiões próximas.
   A enorme presença de amuletos e talismãs em casas, tumbas, templos e altares onde oferendas votivas eram realizadas implica que esses objetos eram considerados necessários para a manutenção da vida, utilizados por todas as classes sociais - mesmo aquelas de menor poder aquisitivo. Enquanto indivíduos nobres e abastados podiam investir em amuletos variados e de confecção superior, as pessoas mais pobres dispunham de poucos exemplares, que eram usados por toda a vida e levados para as tumbas quando faleciam, fornecendo suas benesses também no pós-vida.
   Embora toda a sociedade fizesse uso de acessórios consagrados para proteção, vitalidade e outros benefícios, e amuletos temporários fossem usados por todos na iminência de combater doenças, proteger durante viagens ou em situações perigosas, há uma expressiva maioria de amuletos destinados ao uso permanente por mulheres e crianças, que se acreditavam estar mais vulneráveis às forças sobrenaturais. A mortalidade infantil era uma ocorrência preocupante em tempos antigos, e a suscetibilidade dos infantes às doenças gerava uma atenção especial ao tema no aspecto espiritual. Muitos feitiços do segundo milênio antes da Era Comum enfatizam o perigo dos mortos possuindo ou afetando negativamente as crianças, por terem inveja da vida. O processo da menstruação também era visto como um período de "impureza", que por sua vez, presumidamente gerava brechas para a atuação de entidades mal intencionadas.
   O material utilizado na confecção do amuleto era de suma importância, pois a cor confere certas relações simbólicas - amuletos vermelhos, por exemplo, estavam ligados à energia, poder, agressividade e ao sangue. O material mais conhecido é a faiança, um tipo de cerâmica azul acessível e facilmente moldável, com significativa importância religiosa pois é reluzente como os egípcios acreditavam ser seus Deuses e Ancestrais honrados. Porém, nem todos os itens usados como amuletos e talismãs eram confeccionados; os egípcios acreditavam que Heka (magia) também estava contida em objetos raros ou estranhos, que podiam ser naturais, como conchas provenientes do Mar Vermelho, pedras de rios com formato fálico ou de vagina para fertilidade, e búzios, que eram usados como amuletos contra o mau olhado por diversas culturas e muito populares no Egito.
   Além da faiança, uma lista extensa de materiais pode ser citada, cada qual com suas simbologias particulares. Desde os tempos mais antigos, materiais orgânicos como osso, conchas, marfim e garras foram usados, e mais raramente madeira. Mas o material mais utilizado foram as pedras, com evidências de que a pedra-sabão já era entalhada nos períodos pré-dinásticos (~5000AEC) no formato de amuletos e envidraçada em cor verde para imitar a turquesa e o feldspato.
   Num geral, citemos as pedras: sárdio, lápis lázuli, turquesa (em especial as verdes), jaspe verde e vermelho, ametista, hematita, esteatita, serpentina, pedra calcária, alabastro, quartzo leitoso, quartzo transparente, calcedônia, crisoprázio, ágata, olivina, obsidiana, diorito, basalto e siltito. Após a Primeira Dinastia, amuletos começaram a ser feitos em metal, como ouro, prata, electrum, cobre, e raramente bronze até o primeiro milênio antes da Era Comum (a.C.).
   A partir do Império Novo (dinastias 18 a 20, 1548-1086AEC), temos evidência de que os amuletos também passaram a ser elaborados com textos inscritos sobre papiro e linho, e na Era Romana em lamelas de ouro e prata, folhas bem finas que podiam ser enroladas. Porém, a prática de usar textos mágicos como amuletos é certamente mais antiga, pois há uma referência no Papiro Edwin Smith, escrito na transição entre o Segundo Período Intermediário e o Império Novo, meados de 1600AEC - e possivelmente já sendo uma fórmula antiga que foi copiada, pois a maior parte dos formulários mágicos consistem em cópias de receitas antigas e editadas, ou procedimentos já estabelecidos no momento da elaboração do papiro.
Pingente de metal para
amuletos do Império Médio
(1850-1800AEC) no British
Museum (EA24774)
.

   Como eram usados em uma base diária no cotidiano, os amuletos estavam sujeitos a sofrerem desgastes ou se tornarem ineficazes (especialmente aqueles de materiais mais delicados, como linho e papiro), portanto, muitos amuletos eram carregados em recipientes para se manterem intactos. Era comum o uso de saquinhos de linho, couro e a partir do primeiro milênio antes da Era Comum, em tubos de metal com as extremidades removíveis. Poucos exemplares de linho ou couro foram encontrados até então pelos arqueólogos, mas há uma quantidade considerável de tubos de metal para amuletos conhecidos e sendo estudados. Além dos textos mágicos para proteção, os tubos de amuletos também podiam carregar outros itens apotropaicos, como fragmentos de ossos, resina, pedras como granadas e cornalinas, cera de abelha, dentre outros materiais usados como amuletos.
   Diversos formatos de amuletos existiram no Egito, e alguns se destacam ainda hoje por sua popularidade e importância simbólica no contexto mitológico e cultural kemético. Dentre eles, o principal e arquetípico é o Olho de Hórus (Wedjat), mas também dispunham de enorme popularidade a Ankh (hieróglifo da vida), o Sa (nó de proteção), o Tyet (Nó de Ísis), o Djed (pilar de Osíris), o Ib (coração), dentre outros. Segundo um levantamento da egiptóloga Geraldine Pinch, há pelo menos 275 principais tipos de amuletos egípcios, que foram exportados e copiados por todo o mundo antigo. Também há exemplos de amuletos confeccionados em formato de plantas, animais, divindades, partes do corpo humano, móveis e objetos cotidianos, ferramentas, objetos ritualísticos e entidades em geral. A intenção geralmente era de transferir alguma característica ou qualidade desejada do objeto sendo retratado, variando de acordo com o propósito ou necessidade.
   Numa próxima oportunidade, tratarei em maiores detalhes a respeito dos amuletos citados acima, como os talismãs e amuletos de papel com textos mágicos, e os tradicionais Sa, Tyet, Djed, o Escaravelho, e afins.

Referências
• Amulets of Ancient Egypt (1994), por Carol Andrews
• The Materiality of Magic (2015) - The Materiality of Textual Amulets in Ancient Egypt, por Jacco Dieleman, pg 23-58
• Magic in Ancient Egypt (1995), por Geraldine Pinch

A proferir encantamentos sobre preciosos pingentes,
   Alannyë Daeris.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Resenha: Bruxaria e Magia na Europa - Grécia Antiga e Roma, de Daniel Ogden, Georg Luck, Richard Gordon e Valerie Flint

   Sinopse: Você sabe como a 'demonização' política da magia no fim do Império Romano se compara à associação da Bruxaria com o diabo? Sabe por que a magia chamou a atenção dos imperadores e príncipes? Será que eles não estavam mais satisfeitos em governar apenas os corpos e o trabalho de seus súditos, querendo controlar também suas paixões e credos? É possível que a magia antiga tenha sido afetada pelas várias influências de uma multiplicidade de deuses e cultos pagãos? Os gregos realmente acreditavam em seus mitos? Essas e muitas outras indagações serão respondidas em Bruxaria e Magia na Europa - Grécia Antiga e Roma, um livro que se vale de filosofia, direito e religião para fazer um percurso na história da Bruxaria, abordando desde a era heroica de Homero até o fim do império ocidental de Augustino e Teodósio. Encantamentos de amarração: placas de maldições e bonecas de vodu nos mundos grego e romano, Bruxos, bruxas e feiticeiros na literatura clássica, Magias imaginativas grega e romana, Demonizando a magia e a feitiçaria na Antiguidade Clássica: redefinições cristãs das religiões pagãs - estes e muitos outros assuntos são o ponto de partida deste livro que traz um registro histórico a respeito da Bruxaria e da Magia na Europa.

Ficha Técnica


   Autores: Daniel Ogden, Georg Luck, Richard Gordon, Valerie Flint
   Ano: 1994 (1° Ed.), 2004 (Trad.)
   Editora: Madras
   Páginas: 320

   Antes de mais nada, admito: tive algum receio ao adquirir esse livro, por experiências anteriores de cunho desagradável com obras da editora Madras, que conta com alguns títulos de conteúdo no mínimo duvidoso. Mas, ufa, esse não é um deles: trata-se da tradução de uma obra acadêmica composta por quatro autores reconhecidos na área, que exploram em profundidade diversos aspectos da magia no mundo greco-romano para fornecer um panorama consistente ao leitor.
   Magia e Bruxaria na Europa é dividido em quatro partes, cada qual de autoria de um dos co-autores, todos renomados professores e pesquisadores de história e antiguidades. O primeiro capítulo, por Daniel Ogden, faz a recepção introduzindo o conceito das placas de maldições greco-romanas, ou "defixiones", que estão interrelacionadas às famosas bonecas de cera. O segundo, por Georg Luck, explora a literatura clássica para delinear como eram imaginadas e percebidas as bruxas, magos e feiticeiras em obras do século V e VI, passando pelas personagens de mitos mais famosos da época (Circe, Medeia, Ericto, Canídia) e textos de Platão, Eurípedes, Heráclito, Hipócrates.
   No terceiro capítulo, composto por Richard Gordon, o foco se volta para uma análise da magia sob os parâmetros da lei, averiguando o casos de condenações por magia e em que se fundamentou a crescente criminalização de atividades místicas e mágicas na Grécia e Roma antigas, usando como evidência os registros que se tem acesso da época. E na última parte, a pesquisadora Valerie Flint elabora sobre o processo de "demonização" da magia, especialmente dos daemons gregos e as redefinições das atividades pagãs para um contexto cristão que ocorreu a partir do desenvolvimento do cristianismo, a partir do século II, fazendo referências interessantes às escrituras da Bíblia, textos de pensadores cristãos, e comentários de críticos contemporâneos.
   Como um todo, esse livro traduz de maneira acessível as conclusões do pensamento histórico moderno sobre esse assunto tão debatido no último século, mas há um aumento de passagens com significativa complexidade intelectual conforme os temas se aprofundam em cada uma das partes, desacelerando o ritmo de quem não está tão acostumado com certas terminologias. Certamente uma leitura mais densa em alguns momentos, mas extremamente produtiva para entender como a magia era praticada e percebida pelos Antigos, por meio de registros e fontes confiáveis de pesquisa.
   Quanto ao design, como era de se esperar de uma publicação de responsabilidade da Editora Madras, infelizmente há erros ortográficos e passagens com uma tradução duvidosa - em pelo menos 3 ocasiões, percebi traduções literais de palavras do inglês com mudança no sentido da frase. A qualidade da capa é péssima, em menos de um mês a minha já estava desbotada e desgastada como se eu tivesse lido o livro exaustivamente ao longo de muito tempo. Mas o conteúdo é impecável e recomendado a qualquer pessoa que se interesse pelo tema.

A averiguar fatos e opiniões,
   Alannyë Daeris

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Oração a Khepri

Nas profundezas do Duat
Está a caverna de Khepri
Nasce grandioso em forma
No interior da gruta secreta
Para ascender das águas de Nun
Das pétalas da lótus azul
E descansar no ventre de Nut
Ó Escaravelho da manhã
Que ascende em luz
Ilumine meus passos
Abençoa meus atos
De necessária renovação
Na constância do amanhecer
Gratidão pelas bênçãos
E alegrias que vens prover

A agradecer pelo Khat,
   Alannyë Daeris.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Reconhecendo Consulentes Abusivos no Meio Oracular

   Pergunta para você, colega cartomante: já passou pela experiência de ter um cliente desrespeitoso e inconveniente - que liga insistindo para ser atendido, não respeita seus horários de atendimento e de descanso (ou o tempo das consultas, querendo estendê-las), e está sempre com um problema financeiro, pedindo descontos, consultas gratuitas, ou deixando valores pendentes?
   Estou aqui para lhe dizer que você não é a única, e que NENHUM consulente abusivo vale sua paz e sanidade mental. Os sinais para uma relação profissional tóxica podem ser sutis e demorar a se intensificaram, mas podem ser percebidos em alguns comportamentos que demonstram desconsideração e desrespeito. Existem inúmeros tipos de comportamentos tóxicos, por exemplo:

• Exige ser atendido no mesmo dia ou na mesma hora, fora do seu expediente, ou em horários específicos.
• Repete as mesmas perguntas em todo atendimento, não aceita ou não concorda com sua leitura, distorce o que é dito para se encaixar na própria visão das coisas.
• Atrapalha os outros consulentes, se atrasando para o horário marcado, ou fazendo o atendimento se estender além do combinado (com perguntas ou outras táticas).
• Invade sua privacidade com perguntas pessoais ou tentando deixar de ser "só um cliente", criando intimidade onde não há.
• Exagera nos desabafos constantes sobre seus problemas, está sempre se vitimizando, pois assim você fica com pena, continua aceitando os abusos, e ainda se sente culpada que seu trabalho não está ajudando a pessoa.
• Reclama da situação financeira para que você se compadeça e dê descontos frequentes.
• Diz que não tem condições no momento, pedindo por atendimentos de caridade, ou deixando para pagar em outra ocasião.
• Não tem consideração por você, pede para ser atendido mesmo que esteja doente, descansando, viajando, em outro ou fazendo uma pausa nas consultas por questões pessoais.
• Elogia você extensivamente como sendo a melhor e única oraculista, diz que não se consulta com mais ninguém, e que só confia no seu trabalho, para que se sinta especial e ignore as atitudes nocivas.
• Traz questões inadequadas ou antiéticas para a consulta e obriga a dar uma resposta, passa dos limites nos temas e comentários.
• Interrompe o atendimento para falar de coisas não relacionadas, ou perguntar o que não convém.

   Uma dica de coração, de quem já passou por isso: se sentiu pressionada, desrespeitada, ou desvalorizada por um consulente? Não engula sapo, deixe claro que certas atitudes são inaceitáveis, e que encerrará o contato profissional com a pessoa caso ela prossiga agindo de maneira inconveniente. Não espere que a espiritualidade - ou pior, sua saúde física, mental e emocional - lhe obriguem a se afastar dos clientes tóxicos definitivamente.

A conscientizar sobre atos venenosos,
   Alannyë Daeris.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Netjer Regente do Ano 2022/2023 - Heru Sema-Tawy, o Unificador das Duas Terras

  Anualmente, no festival de Aset Luminosa, que costuma ocorrer no início de julho, um oráculo é realizado pela líder espiritual da Kemetic Orthodoxy, Nisut Rev. Hekatawy Alexandros (ou Rev. Dra. Tamara L. Siuda), para obter sabedoria e instruções sobre o ano vindouro, e também para conhecer a divindade guardiã ou regente do ano novo que se inicia no festival de Zep Tepi - que ocorre dia 5 de agosto, após os dias epagomenais.
   Segue o texto de propriedade da House of Netjer, traduzido pela shemsu Asethepetwi e carinhosamente cedido para publicação aqui. Agradeço.

Netjer do Ano: Heru-sa-Aset como Sema-Tawy, “Unificador das Duas Terras” (grego Harsomtus)

Cores do ano: Vermelho e preto (para as Duas Terras de Kemet)


Oráculo do Ano 30 recebido no Aset Luminous, Ano 28 IV Shomu 2 (2 de julho de 2022EC)

Eu sou Aset, A Grande em Magia, Mãe de Deus, e falo com você mais uma vez.
Falo como a Viúva, que chora pelo que se perdeu. Falo como o Trono, que valida e restaura, que assenta aquele que detém Meu poder como confiança para todos. Repito tudo o que disse antes e acrescento ao registro do que é necessário para este zep tepi, nesta abertura do ano em que Anhur encontra a Distante e a traz de volta em paz.
Rá se eleva acima de você, pela primeira vez e sempre. Ele brilha sobre todos, aqueles que acolhem Sua luz e aqueles que a amaldiçoam da sombra. Ele julga que toda a criação é digna e então desce ao Duat, para estar entre aqueles que esperam Sua luz lá.
Toda criação é digna. Quando você procurar julgar, lembre-se de que o Senhor de Todos já fez o julgamento do dia. Deixe seu desejo de tomar Seu poder de lado. Há um dia de julgamento, nos salões onde observo, na hora certa para cada ka que ali chega. Você não sabe quando esse dia chegará para você ou para qualquer um. Sua não é essa responsabilidade. Pare de julgar, nem de julgar os outros nem de julgar a si mesmo, pois você não pode saber o que Rá vê de onde Ele se eleva.
Agora o ciclo começará novamente. Muitos de vocês sofreram. Ouvimos suas orações. Nós ouvimos você chorando. Choramos com você enquanto você sofre praga e morte e batalha e ódio e negligência. Não desejamos que você sofra. Não desejamos que você fique sozinho em suas dores. Nós nunca desejamos que você esteja em dor. Então, neste ano, enquanto você continua a emergir de uma época em que os carniceiros andavam pelas terras, enviamos a você Meu filho, em Seu Nome de Sema-Tawy. Ele unirá as Duas Terras novamente e fornecerá à Distante um lugar para celebrar Seu retorno.
Duas Terras estão unidas, mas separadas. Elas são diferentes, e ainda juntas como uma. Elas fornecem um lugar para todos os que escolhem se unir para se unirem em um propósito comum, com a ajuda daquele que coloco no trono, não para ordenar, mas para convocá-los para compartilhar as bênçãos que lhes damos neste ano de unificação. Elas são Terra Vermelha e Terra Negra, Coroa Vermelha e Coroa Branca, juntas. Carregue vermelho e preto juntos em igual medida ao trazer as Duas Terras para Ma’at.
Deixe as terras onde você mora conhecer seu compromisso de cuidar delas, enquanto você se espalha além das Duas Terras do zep tepi para ttudo que Rá circunda, em todo o seu mundo. As Duas Terras são Kemet e estão em todos os lugares em que seus corações residem, dentro de vocês. Eles estão entre vocês como os que reúnem, junto com Meu filho.
Haverá paz e haverá desafio. Haverá alegria e haverá dificuldade de suportar. Ele está com você durante todo este ano, unindo-o, lembrando-o do poder em sua unidade. Todos os Netjeru estão com você, em amor e ma’at e profunda satisfação, em paz e prosperidade e com saúde. Vamos defendê-lo contra o que vier. Nós vamos ajudá-lo a fazer o trabalho que você quer fazer, bem como o trabalho que você deve fazer. Aja conosco. Conecte-se conosco e juntos uniremos as Duas Terras.
Aqueles que se opõem à conexão, que se opõem a Ma’at, vêm a julgamento. Sema-Tawy vem como unificador, mas também como defensor. As Duas Terras não são criadas em paz, são criadas em batalha, e haverá batalha este ano. Mas o maior guerreiro luta ao seu lado. Lute com Ele e não contra Ele, e suas vitórias serão intermináveis.
Você não está sem força, mas lhe falta unidade. A unidade é suas mãos. A unidade são suas vozes. A unidade é o Unificador das Duas Terras movendo-se por suas mãos e vozes como o vento do norte, trazendo vida a quem precisa. Não se desespere, pois há ajuda à mão. As escolhas que você faz - por união ou divisão - criam ou destroem as Duas Terras em suas vidas. Escolha com cuidado, mas não deixe de escolher ou suas escolhas podem ser feitas para você.
Rá surge a cada dia, trazendo zep tepi e outra chance de escolha. Este poder é seu para manter e usar como desejar, como eu o concedi a Meu filho para que Ele possa ajudá-lo a unir suas Duas Terras. Eu a dou a você como a chave que desbloqueia seu poder, que você possa usar em união com os outros para criar ma’at em todos os lugares. Que você possa empunhar esta ma’at todos os dias. Que você esteja com ma’at todos os dias, e que Ma’at esteja com você todos os dias como sua proteção e sua bênção.

A unificar e conciliar sob as asas do Falcão,
   Alannyë Daeris