terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Método Oracular para Oraculistas, Tarólogos, Cartomantes e Runólogos


   A estrutura que montei para mim e que compartilho nesse post serve para oraculistas, tarólogas, cartomantes, e para análises de outras carreiras profissionais, como terapeutas holísticas, bruxas, e diversas áreas de atuação que prestem serviços a terceiros - inclusive as que não possuem relação direta com o campo esotérico, bastando para isso fazer algumas adaptações.
   Escolha seu oráculo preferido para essa tirada, e oriento que use pares de cartas ou peças em cada posição, a fim de responder apropriadamente a ambas as perguntas que são apresentadas nas casas sugeridas dessa leitura. É um método ideal para combinar oráculos diferentes, aqueles que você mais emprega em seus atendimentos ou tem maior afinidade.

O Método 


1. Essência. O que me define como oraculista. Características principais do meu ofício.
2. Abordagem. Qual meu estilo como profissional? De que maneira exerço melhor meu trabalho com os oráculos?
3. Talento. No que sou bom? Quais são meus pontos fortes e minhas facilidades naturais?
4. Bloqueio. No que tenho dificuldades? Quais são minhas limitações e pontos fracos?
5. Clientela. Por que as pessoas se interessam por meus serviços? Que tipo de consulente eu atraio? 
6. Harmonia. Meu trabalho está alinhado com minha proposta? Preciso fazer ajustes para que reflita mais minha essência?
7. Mudanças. Preciso efetuar mudanças no meu profissional? De que tipo? Por exemplo, alterar os serviços oferecidos, arrumar valores, mudar alguns planos, etc.
8. Perspectivas. Quais as tendências para minha carreira no geral? Terei êxito e prosperidade ao longo desse semestre?
9. Orientação. Aconselhamento final para o trabalho com os oráculos.

A compartilhar experiências,
   Alannyë Daeris

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Divinação e Oráculos no Egito Antigo

   É atribuída ao historiador e geógrafo grego Heródoto a afirmação de que nenhum outro povo descobriu mais presságios que os egípcios, e a aura de mistério emanada pelas areias do Nilo tem forte relação com as diversas artes oraculares que a cultura kemética desenvolveu em seu seio ao longo de milênios. Tratemos a seguir dos dois assuntos que mais me são queridos: divinação e Egito Antigo. Em geral, entende-se o ato oracular nesse contexto como divinação, que consiste na orientação obtida de uma fonte divina; é a divindade consultada (ou ancestral honrado) que fornece a resposta para a pergunta do consulente.
   A crença e uso de Oráculos se comprova por meio de decretos oraculares gravados nas paredes de templos, e em papiros que eram então usados como amuletos pelos receptores da mensagem divina, armazenados em pequenos recipientes. Também existem petições originais que foram entregues aos Deuses em papiros ou ostracas - fragmentos de barro usados para escrever -, somadas a referências a orientações oraculares em documentos administrativos e privados, e estátuas e relevos relacionados a divinação.
   As questões formuladas tinham o padrão de resposta "sim" ou "não", e podiam envolver a previsão de eventos, confirmação de dúvidas ou informações sobre o passado e o presente, atestar identidade de indivíduos que estejam sob suspeita de algo, escolhas, decisões, e outras perguntas que pudessem ser estruturadas para obter uma resposta afirmativa ou negativa. Algumas das divindades relacionadas com oráculos são Heru-Khau em el-Hiba, Seth em Dakhla, Aset (Isis) em Koptos, Ahmose em Abydos, Amun em Karnak, Het-Heru (Hathor) em Edfu, Sobek e Aset em Faiyum, dentre outros. Alguns faraós também eram consultados para respostas oraculares, e persistiram sendo cultuados e inqueridos por centenas de anos após sua morte, como Amenhotep I, especialmente em Deir el-Medina.
   O formato de consulta divinatória mais associado ao Egito antigo são as orientações obtidas por sacerdotes ao interpretarem as movimentações de imagens divinas que eram carregadas em procissões, ou que ficavam em templos. A evidência mais antiga desse tipo de prática no Egito são algumas inscrições reais enigmáticas da metade da 18° dinastia, e relatam que o faraó Thutmose III e a rainha Hatshepsut receberam a comunicação de Amun por meio de sua barca portátil. Outros tipos de meio de receber as mensagens divinas também existiam, como frequentar os templos que abrigavam os animais sagrados vivos e interpretar seu comportamento após a pergunta - por exemplo, as ibises de Thoth, os falcões de Horus ou os crocodilos de Sobek.
   No período Ramessida que se seguiu, os documentos relatando sobre os oráculos se proliferam, e existem numerosas ostracas (fragmentos de barro) que registram as perguntas elaboradas e, ocasionalmente, as respostas oferecidas pela divindade para tal questão. Muitas dessas perguntas se relacionavam à identificação de ladrões, predizer a futura distribuição das rações e alimentos, localizar itens perdidos, e revelar informações sobre seres cuja manifestação de teor espiritual estaria perturbando o vilarejo. Cada região possuía suas próprias divindades patronas, que eram consultadas também para propósitos políticos e religiosos, como decidir quem seria escolhido como sacerdote, na eleição de oficiais e inclusive de faraós, na transferência de múmias para outros locais, e no retorno de exilados. A tradição persistiu por mais de quinze séculos, e sobreviveu inclusive ao declínio da religião kemética nativa.
   Porém, a divinação podia ser realizada de maneira particular ou individual, seja no lar ou em templos, sem a necessidade do intermédio de um sacerdote. O PGM (Papyri Graecae Magicae, ou Papiros Mágicos Gregos) contém uma variedade de fórmulas para divinação com lamparinas, tigelas com água ou óleo, e reanimação de falecidos para fins oraculares, mais conhecida como necromancia. Também havia a possibilidade de frequentar um templo e dormir lá para receber a mensagem da divindade por meio do sonho, o que era muito recorrente com relação ao deus Bes.
   Uma das práticas oraculares necromânticas individuais envolviam a tradição das cartas para os mortos (leia mais nesse texto), em que familiares escreviam para seus Akhu (Ancestrais) e entregavam as cartas na tumba do falecido, ou em outro local apropriado, e então aguardavam por um sinal que representasse a resposta para a pergunta, seja por um acontecimento mundano ou um sonho subsequente. Intermediários como escribas e sacerdotes eram procurados para elaborar as cartas no caso do indivíduo não ser letrado, e também podiam ser consultados para interpretar as respostas.
   Além da interpretação de sonhos, e de práticas divinatórias particulares, os calendários de dias de sorte e azar eram muito consultados no cotidiano, inclusive para tomar decisões e fazer determinadas atividades ou tarefas. As prescrições diárias eram divididas em manhã, tarde e noite, e podiam ser favoráveis ou desfavoráveis, geralmente de acordo com os eventos mitológicos que teriam ocorrido no dia em questão, como aniversários de Deuses ou outros acontecimentos marcantes na religiosidade egípcia. Tratarei mais a respeito dos calendários em outra oportunidade, com mais detalhes.

Referências
- Oracles, Pharaonic Egypt, por Teresa Moore
- The Oracle in Ancient Egypt, por Marie Parsons

A divinar no óleo de Yinepu,
   Alannyë Daeris

sábado, 7 de janeiro de 2023

Resenha: The Mechanics of Ancient Egyptian Magical Practice, de Robert K. Ritner

   Sinopse: The first critical examination of magical techniques and the practice of the magician in Ancient Egypt, revealing their widespread appearance and pivotal significance for all Egyptian 'religious' practices from the earliest periods through the Coptic era, influencing as well the Greco-Egyptian magical papyri.

Ficha Técnica


   Autor: Robert Kriech Ritner
   Ano: 1993
   Editora: Oriental Institute of the University of Chicago
   Páginas: 322

   O livro sobre o qual tenho imenso prazer de falar se trata de uma edição expandida e revisada da dissertação de doutorado de Robert K. Ritner - uma publicação acadêmica estupenda, ganhadora do Prêmio Heyman (1994) da Universidade de Yale. Ela se destaca por buscar compreender o conceito de magia (Heka) e suas mecânicas ritualísticas dentro do contexto egípcio, considerando a visão que os próprios praticantes tinham com base na mitologia, escritos da Antiguidade e achados arqueológicos.
   O autor, um renomado especialista no assunto, traça um panorama consistente e fidedigno do que era composta a magia dos egípcios, como ela se manifestava, e quais eram os princípios mitológicos que sustentaram essa prática por mais de cinco milênios, desde os períodos pré-dinásticos até a era copta, entrando em muitos detalhes a respeito de atividades realizadas, e explorando diversos aspectos que influenciaram no tema.
   É uma abordagem revisionista sobre a magia egípcia, que surge de análises metódicas de registros textuais e arqueológicos, revelando o fato de que não existia uma clara diferenciação entre a medicina, a religião e a magia, diferentemente do que os pesquisadores modernos concluíam até então - todas essas áreas de conhecimento estavam profundamente interligadas entre si. Somado a isso, desfaz a noção de que a magia egípcia era uma atividade marginal, realizada por indivíduos nefastos excluídos da sociedade; a magia era uma ocupação de sacerdotes e era acessada por todos da sociedade, sem exceções.
   A linguagem acadêmica empregada ao longo dessa obra requer uma significativa atenção e paciência, pois algumas passagens são de entendimento complexo, e mesmo a linguagem objetiva de Ritner nem sempre facilita para o leitor. Como uma boa dissertação, há uma quantia massiva de referências e notas de rodapé, que por vezes ocupam praticamente toda a página e desaceleram ainda mais o ritmo da leitura, mas são extremamente valiosas como um todo e fornecem a possibilidade de maior aprofundamento nas informações levantadas, com frequência nas suas fontes originais.
   Se você realmente se interessa pelas práticas mágico-religiosas do Egito antigo, e deseja compreender de maneira completa o que se pode afirmar com consistência e veracidade a respeito desses saberes arcanos e sagrados, The Mechanics of Ancient Egyptian Magical Practice é o melhor desafio intelectual que chegará em suas mãos. É uma fonte primorosa de estudos e boas referências para apaixonados por magia, mitologia, religião, e história antiga.

A encarar uma aparentemente infindável lista de referências,
   Alannyë Daeris

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Oração a Yinepu, Senhor da Necrópole

Dua Yinepu, O Senhor da Necrópole
Que abre os caminhos perante todos
E confere no salão o peso da índole
Guardião das Almas dos falecidos

Dua Yinepu, Regente da Eternidade
Orienta espíritos perdidos para seus destinos
Pois conheces em essência as Duas Verdades
Traga o fim definitivo aos seres malignos

Yinepu, Belo Guardião, Defensor Perfeito
Que põe a mão sobre os que estão no caixão 
Proteja-me e guarda-me na vigília e no leito
Faça descansar os que na terra estão

Yinepu, Mestre do Embalsamento
Oculta-me do mal, Senhor das Coisas Escondidas
Afasta o que é prejudicial, Chacal Magnificente
Rogo pelo Teu olhar zeloso do alto de Tua colina

Dua Yinepu, Senhor dos Produtos de Grãos
Que alimenta e nutre meu espírito faminto
Guia-me, dá-me o suporte das Tuas mãos
Amor e gratidão é tudo que sinto,
Louvado seja, Excelso Cão.

A empunhar a chave que abre os portões,
   Alannyë Daeris