quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Método Oracular para Clareza Onírica e Compreensão de Sonhos

   A tirada a seguir foi desenvolvida com a finalidade de fornecer discernimento e clareza sobre um sonho, ordenando questões pertinentes para compreender as razões e significados possíveis dessa experiência onírica. Apesar de testar e utilizar diversos métodos com o propósito de elucidar sonhos ao longo desses anos devotados à prática oracular, esse foi o que me trouxe experiências mais satisfatórias e concretas até o presente momento.
   O jogo pode ser efetuado com qualquer ferramenta oracular de sua preferência que permita a configuração apresentada abaixo. Você pode utilizar cartas singulares, pares ou trincas de cartas por posição (ou peças, no caso de oráculos rúnicos ou afins). 

O Método

1. Sonho. Carta que o representa.
2. Razão. Por que tive esse sonho?
3. Significado. O que esse sonho quis me dizer?
4. Conexão. Como ele se relaciona com minha vida?
5. Entendimento. Há alguma mensagem oculta nesse sonho?
6. Influência. Houve influência externa para que ocorresse?*
7. Sentido. Há uma lição ou conselho para se extrair?
8. Ação. O que fazer a respeito? Como lidar?

*Essa posição pode se referir a um agente espiritual, um efeito psíquico causado por fatores alheios, ou energias que estejam atuando sobre o consulente. Conforme o arcano, entende-se se é uma influência positiva ou negativa.

A alumiar um confuso despertar,
   Alannyë Daeris

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Magia com Bússolas - Dicas e Feitiços

   Bússolas são itens com uma ampla gama de aplicações em práticas espirituais, relacionadas à sua finalidade como um objeto mundano: direção e orientação. Elas podem ser consagradas e dedicadas como instrumentos mágicos, servindo unicamente para propósitos espirituais, tal como as bruxas fazem com suas tesouras e facas ritualísticas. Por exemplo, as bússolas servem como aliadas em viagens astrais e práticas oníricas, ao consagrá-las para que encontre seu caminho nessas atividades e se desloque facilmente, e para que tenha acesso ao que deseja presenciar.
   Como instrumentos de magia, esses itens favorecem a intuição, direcionamento ou redirecionamento de intenções em atividades espirituais - como consagração de objetos ou manipulação energética -, abertura de caminhos, magia de encruzilhadas, feitiços que tenham a ver com um senso de propósito ou descoberta, progresso, movimento, viagens, intenções exploratórias ou aventureiras, e magia marítima. Adicionalmente, são propícias como "focos intencionais", talismãs consagrados para serem carregados consigo e também empregados em magias. Considero a bússola estando associada aos astros Mercúrio e Júpiter, e ao elemento ar.
   Na Bruxaria Tradicional, há uma prática que se assemelha relativamente ao lançamento do círculo mágico, denominada "hallowing the compass" - que em tradução livre, significa algo próximo de "santificando o compasso", e utiliza um sinônimo do termo para bússola, ainda que não se refira a um objeto físico. Faço menção a essa prática pela referência simbólica e por ser uma possível fonte de confusão entre neófitos que pesquisem sobre algum dos assuntos. Essa prática consiste na delineação de três círculos e a invocação dos quadrantes, com o propósito de delimitar um espaço ritualístico entre os mundos. Caso possua interesse em conhecer o tema mais a fundo, duas ótimas referências acessíveis como ponto de partida para estudo destes saberes tradicionais são Robert Cochrane e Gemma Gary.
   Esse instrumento pode servir de maneira prática para que o praticante identifique as direções na localidade em que se encontra. Em quaisquer tipos de exercícios mágicos, as bússolas auxiliam a encontrar o ponto cardeal que melhor se associa ao propósito da atividade - seja no estabelecimento do altar, na elaboração de grades de cristais ou gráficos radiônicos, ou na realização de feitiços em geral, como ao soprar determinados pós mágicos ou cinzas ao vento. 
   Os compassos também são aliados em certas artes divinatórias, como a Ornitomancia (divinação com o vôo das aves) e a Aeromancia (divinação com condições meteorológicas), que se subdivide em diversas divinações específicas que podem ser conduzidas de forma independente ou concomitante, como a Nefelomancia, baseada em nuvens; Austromancia, baseada no vento; Ceraunoscopia, baseada em raios e relâmpagos; Meteoromancia, baseada em meteoros; e Caomancia, baseada em visões aéreas. Torna-se um instrumento auxiliar nessas divinações referidas pois é essencial que o intérprete do céu, ou dos padrões que analisa nele, seja capaz de discernir a direção e o sentido desses elementos que determinam os prognósticos.

Feitiço com Bússola para Viagens Astrais


Você precisará de:
• Uma bússola
• Artemísia 
• Noz moscada em pó
• Uma vela roxa ou azul-royal
• Um incenso de sua preferência

Horas e dias de Lua e Júpiter.
Fase crescente e cheia.

   Separe todos os ingredientes em um local propício para a realização da magia, e prepare-se como de costume. Faça uma purificação em si, no ambiente, e na bússola que será utilizada; não é necessário consagrá-la previamente, pois isso será feito ao longo da prática. Inicie a magia acendendo o incenso e a vela, mentalizando sua intenção de viajar astralmente e as empreitadas que deseja efetuar durante tais práticas. 
  Crie um sigilo para representar sua intenção de ter sucesso (e outros propósitos similares que lhe apeteçam, como segurança, aprendizado, etc) em viagens astrais e desenhe-o na vela; caso não tenha muita afinidade com a criação de sigilos, ou se desejar angariar essas correspondências adicionais, você pode entalhar os símbolos astrológicos da Lua e de Júpiter na vela, conectando-se com suas energias.
    Fale em voz alta que a bússola representa seu potencial em desenvolvimento de realizar viagens astrais. Passe-a em frente à chama da vela e consagre-a para o correto direcionamento das suas experiências, para a iluminação dos seus caminhos; passe-a na fumaça do incenso e consagre-a para o domínio da mente e absorção dos conhecimentos adquiridos por meio das viagens. Ponha a bússola sobre a superfície do altar e espalhe a artemísia ao redor, invocando seus atributos lunares de proteção, sabedoria interior, intuição, poder mágico, e de favorecimento às projeções e viagens espirituais. Polvilhe a noz moscada, invocando seus atributos jupiterianos de clareza mental, boa sorte, percepção psíquica, intuição e visão espiritual realçada, sonhos lúcidos, e de proteção em viagens em geral.
   Medite e projete sua intenção sobre a bússola, podendo segurá-la em mãos para firmar a consagração. Após esse momento, é possível iniciar a atividade de viagem astral. Quando ela se findar, caso a vela e o incenso ainda estejam acesos, pode apagá-los e reutilizar com esse mesmo propósito de viajar astralmente. Não é necessário repetir todo o procedimento em outras ocasiões, pois a bússola já estará consagrada para essa finalidade, e não deve ser reutilizada com outros fins até que seja purificada; no entanto, é possível agregar a vela, o incenso e as ervas à atividade, se assim preferir.

Feitiço com Bússola para Abertura de Caminhos


Você precisará de:
• Uma bússola
• Uma vela verde ou amarela
• Uma chave velha, de brinquedo, ou um desenho de chave
• 7 folhas de louro
• Azeite de girassol ou de oliva

Horas e dias de Sol ou Júpiter.
Lua nova, cheia ou crescente.

   Reúna os ingredientes em local adequado para condução da atividade, e faça os preparativos habituais para a magia. Escreva sua intenção de abertura de caminhos na vela, especificando caso a intenção seja direcionada para alguma área específica da vida, ou se é no geral. Unte com o azeite, e mentalize que ele atrai facilidades para seu avanço, um movimento de progresso fluido e desimpedido nas situações dificultosas que enfrenta atualmente. Firme a vela sobre um castiçal ou pires, e acenda, conectando-se com sua intenção.
   Unte a chave com o azeite, projetando uma luz dourada sobre ela (pode ser como uma cintilância, brilhos áureos que emanam do objeto). Coloque a chave acima ou ao lado da bússola, espalhe as folhas de louro ao redor de ambos os objetos, invocando a energia solar de êxito, vitória, conquista, felicidade, sorte e prosperidade que essa erva possui. Mentalize que está andando por uma estrada segurando ambos os objetos, um em cada mão. Ora você utiliza a bússola para escolher sempre o caminho do norte; ora você utiliza a chave para destrancar portas e portões que surgem em sua frente. Pense em si mesmo(a) radiante, em plena satisfação e contentamento, avançando ou até correndo sem problemas em direção ao seu destino final - ou alcançando-o, caso exista uma finalidade ulterior específica para o feitiço.
   Guarde a chave até que o feitiço se concretize, ou até sentir necessidade de refazê-lo (para a mesma ou para outra intenção). As folhas de louro e restos da vela podem ser descartados na natureza logo ao final da atividade. A bússola pode ser usada normalmente após a magia, pois o feitiço não envolve consagração.

Referências

A guiar trajetórias serpentinas,
   Alannyë Daeris

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Conhecendo o Oráculo: Grand Jeu Lenormand

   O Grand Jeu Lenormand (ou Grande Jogo Lenormand, na tradução) é um baralho europeu publicado pela primeira vez em 1835 pela editora Grimaud, dotado de pouca popularidade em dias contemporâneos, inclusive no seu continente de origem. É composto de 54 cartas ricas em simbolismo alquímico e referências mitológicas, e apesar do que o nome sugere, não se trata de uma versão maior do Petit Lenormand, e nem possui qualquer relação com esse outro oráculo de cartas, popularizado no Brasil como "baralho cigano".
   Nesse oráculo, encontram-se diversas referências e menções à mitologia grega, eventos e personagens importantes, sob a roupagem estética e conceitual da cultura francesa no final do século XIX. É considerado um baralho complexo e intelectualmente elaborado, de difícil aprendizado e pouco intuitivo, pois cada lâmina combina em si um número significativo de elementos distintos - letras, constelações, signos geomânticos, cenários mitológicos, símbolos alquímicos, cartas do baralho tradicional, cenas menores e flores. Além disso, o Grand Jeu não segue uma estrutura ou sistema identificável, algumas cartas pertencem a mais de uma categoria. Ele também foi publicado com o subtítulo de "Grande Jogo da Sociedade - Cartas Astro-Mito-Herméticas", termo que designa muito bem suas principais características.
   As cartas são subdivididas em 5 grupos, de acordo com o mito ou tema retratado no cenário central: Pomo de Ouro, Guerra de Tróia, Ciência Hermética, O Imprevisto (literalmente, O Não-visto), e Ordem do Tempo, que representa o zodíaco. Os grupos independem do naipe, e definem os principais temas tratados por essas cartas, que se repetem em alguns casos específicos. Existe uma única versão do Grand Jeu desde sua publicação original, ainda que tenha sido relançado em outras edições pela editora B.P. Grimaud. É digno de nota, entretanto, que há uma versão mais simples publicada em meados de 1855 por Johann Augustus Reich na Alemanha, cuja organização dos elementos nas cartas é diferente e não apresenta as constelações - vide o item 1896,0501.470 no Museu Britânico. Originalmente, o Grand Jeu era comercializado com uma coleção de 5 livros, que exploravam os temas presentes no oráculo, com alguns de seus significados, exemplos de jogos, orientações sobre as técnicas nas quais o baralho se baseia, e algumas a mais - como geomancia, astrologia, numerologia cabalística, quiromancia e fisiognomia.
Uma das poucas cartas com
referência egípcia. Isis está
retratada escondendo Osíris.
   As cartas do Grand Jeu são compostas de cinco simbolismos: uma cena central (grande assunto), duas cenas menores no canto inferior esquerdo e direito, flores abaixo ao centro; acima, uma carta do baralho tradicional acima à esquerda, uma constelação acima ao centro, e determinadas lâminas apresentam também uma letra e/ou um símbolo geomântico acima à esquerda. Cada elemento presente nas cartas possui significados específicos, que representam diferentes aspectos de um conceito oracular amplo, tornando-o um baralho complexo e multifacetado, com dinâmicas únicas para tiradas e subsequente leitura das cartas.
   Assim como ocorre com o Petit Lenormand/Baralho Cigano, o Grand Jeu recebe o nome de Madame Lenormand, a famosa cartomante francesa que tornou-se um ícone no mundo todo por suas aptidões divinatórias. No caso do Petit Lenormand, o nome da Madame foi atribuído como uma espécie de publicidade posterior, pois a cartomante não teve relação com o desenvolvimento do baralho e nem o utilizava em suas consultas. O Grand Jeu, tendo sido publicado dois anos após o falecimento de Madame Lenormand, também não parece ter sido desenvolvido por ela, apesar de transparecer inspirações nas técnicas pelas quais Lenormand era conhecida, juntamente a outros conhecimentos já citados que eram amplamente praticados por ocultistas e esotéricos na época.
   Nota: Há uma publicação de 1976 da editora Grimaud denominada "The Small Lenormand", em referência ao Petit Lenormand, que serve de estrutura para o baralho com suas 36 cartas. Essa amálgama apresenta as cenas centrais, laterais, e correspondências principais das cartas do Grand Jeu associadas às palavras chaves e títulos das cartas do Petit Lenormand. Evidentemente, é uma tentativa de estabelecer uma ponte entre esses dois baralhos completamente distintos, mas que compartilham em seus títulos a referência à Madame Lenormand, e a editora responsável pela publicação.

Referências

A explorar campos esotéricos inusitados,
   Alannyë Daeris

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Heka (feitiço egípcio) para Desordem e Fragilidade Mental e Física - Papiro Edwin Smith, Spell 5 (verso)

   Traduzi e adaptei o feitiço egípcio a seguir, encontrado no Papiro Edwin Smith, o mais antigo dos papiros médicos, referente ao Spell 5. Ele se destina a impedir e eliminar doenças e desequilíbrios causados por influência espiritual de entidades e espíritos malignos - sendo um dos poucos exemplos de abordagem mágico-religiosa nesse papiro medicinal, e por estar localizado no verso, é possível que esse e outros 7 feitiços sejam uma adição tardia e não-relacionada ao texto médico original. Para mais informações sobre muuetu e espíritos malignos, leia esse texto. Porém, mesmo que não seja o caso de uma enfermidade ou uma desordem causada por obsessores e espíritos, é possível realizar esse Heka adaptado na intenção de restaurar o equilíbrio da mente e do corpo, e diminuir o impacto de distúrbios emocionais na vida do indivíduo.
   O papiro indica quatro divindades para realização do Heka: Sekhmet, Bast, Wesir (Osíris) e Nehebkau. O texto sugere que todas estão presentes na prática, mas não vejo impedimentos ou contraindicações caso deseje invocar somente um, dois ou três dos Netjeru citados para abençoar o feitiço, por razões de afinidade ou preferência.
   Em minha adaptação, estruturei o Heka no formato usual com que compartilho feitiços embasados na Bruxaria moderna, e acresci instruções além das mencionadas no texto original, buscando auxiliar na contextualização dessa magia existente desde meados de 1600 a.E.C - que comporta as dinastias 16 e 17 do Segundo Período Intermediário do Egito. É indicado no papiro que o conteúdo é uma cópia de um encantamento anterior, algo comum em textos mágicos e medicinais durante toda a história do Egito, e determinados elementos linguísticos reforçam a origem mais antiga deste Heka.
   Como é costumeiro em encantamentos egípcios, há alusões textuais a conceitos mitológicos por vezes obscuros, incluindo associações de Netjeru (divindades) com circunstâncias negativas que o praticante de magia deseja evitar, vide relação estabelecida entre Sekhmet e o adoecimento do corpo e da mente, e entre Osíris e as vísceras que eram retiradas na ocasião do embalsamento dos falecidos.

Instruções para o Heka

Você precisará de:
• Um retângulo longo de tecido branco ou bege, se possível, feito de linho ou algodão. Tamanho sugerido: pelo menos 7cm de largura por 50cm de comprimento.
• A tinta sugerida no feitiço original é resina de mirra, mas você pode usar nanquim, canetinha, ou caneta permanente "sharpie". Preferencialmente, de cor preta.

   Prepare o ambiente e a si mesmo realizando uma prática de purificação de sua preferência, respire fundo e concentre-se. Convide as divindades que participarão desse Heka: Sekhmet, Bast, Osíris (Wesir), e/ou Nehebkau. Segure o tecido em mãos, faça o henu de oferenda estendendo ambas as mãos à sua frente com as palmas voltadas para cima - leia mais sobre os gestos ritualísticos keméticos. Em seguida, escreva os nomes das divindades em hieróglifos em um dos lados do tecido; ou, se preferir explorar mais seus dotes artísticos, é possível desenhar os Deuses à mão livre. Para referência, demonstro a seguir os nomes hieroglíficos de todos os quatro Netjeru citados, somente uma dentre as muitas possíveis versões da escrita de cada Nome.


   Do outro lado do tecido, o encantamento a ser escrito:

"A proteção da vida de Neith está ao meu redor, dela que está acima daquele que escapou da semeadora. Bast é repelida da casa do homem."

   Assim que terminar de escrever, fale o seguinte encantamento enquanto segura a tira de tecido inscrita de ambos os lados:

"Histeria, histeria, você não possuirá minha mente ou meu coração para Sekhmet. Você não tomará meu fígado para Osiris, e as coisas ocultas em Buto não entrarão em meu trono na manhã da contagem do Olho de Hórus. Qualquer espírito masculino ou feminino, qualquer falecido ou falecida (muuet e muutet), sejam na forma de animais, sejam de quem os crocodilos se apoderaram ou quem a serpente mordeu, aqueles condenados à faca, ou que morreram em sua cama, e as entidades malignas da noite, sejam obliterados por esse Heka. Afastem-se permanentemente, nunca retornem, em nome de (Netjeru escolhido). Hórus, que está são apesar de Sekhmet, vigia ao redor da minha carne por toda a vida."

   Coloque o tecido ao redor de seu pescoço, podendo amarrá-lo para que permaneça no local, ou utilizar um broche ou alfinete para essa finalidade. Use com intenção quando sentir a necessidade de espairecer a mente, reforçar sua vitalidade, acalmar os ânimos, encontrar equilíbrio e harmonia a nível físico, mental ou emocional. Esse amuleto tem validade indeterminada, podendo ser mantido em seu altar ou guardado para reutilizações futuras. Recomendo repetir o encantamento verbal nas ocasiões em que emprega o amuleto de tecido novamente.

Fontes
- Wilson, J. A. (1952). A note on the Edwin Smith surgical papyrus. Journal of Near Eastern Studies, 11(1), 76-80.
- Ancient Egyptian Medical Texts, World History Encyclopedia. Acesso em 02/03/2024.

A atar as forças da desordem,
   Alannyë Daeris 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Epítetos de Mut

   Epítetos são títulos dados a divindades, que servem para representar certas faces específicas deles, e invocar determinadas características. Para saber mais, veja esse texto que trata sobre o assunto.
   Hoje, apresento uma lista de epítetos keméticos tradicionais conferidos a Mut, traduzidos e adaptados para nossa língua. Podem ser usados em orações, rituais, meditações e em quaisquer situações que você queira evocar ou invocar esse aspecto de Mut que está retratado no epíteto escolhido.
   Essa lista não contém todos os títulos associados com essa deusa, e há muitos outros que podem ser encontrados, ou desenvolvidos na sua própria interação e culto a Mut. Os epítetos foram traduzidos a partir do blog Fiercely Bright One, de autoria da pesquisadora e escritora Chelsea Luellon Bolton, onde todos estavam referenciados no momento do acesso, em 21/09/2023.

Epítetos Tradicionais


• Senhora do céu
• Senhora dourada
• Filha augusta
• A bela
• De mãos belas
• Felina da Senhora do céu
• Boa gata
• Boa mãe
• Olho de Ra
• Cobra de Ra
• Filha de Ra
• Filha que se tornou mãe
• Maior na Enéada
• Maior das mães
• Grandiosa
• Grande Cobra
• Grande Uraeus
• Grande Jovem Leoa
• Grande de Temor
• Grande de Magia (Weret Hekau)
• Mãe Saudável
• Senhora da beleza
• Senhora do amor
• Senhora de Isheru
• Senhora do rugido
• Senhora do terror
• Senhora das Duas Terras
• Senhora das flores de lótus
• Senhora do Duat (submundo)
• Mais poderosa que os Deuses
• Senhora de todos os Deuses
• Senhora da casa de Amun
• Senhora da atração no palácio do Senhor dos Deuses (Amun-Ra)
• Senhora das coroas
• Senhora dos diademas
• Senhora de Karnak
• Senhora da Cobra
• Mãe de Khonsu, a Criança
• Mãe das Mães
• Mãe do seu país
• Mãe do Criador
• Mãe de Ra
• Mãe do canto da vitória
• De todas as Deusas
• Que vem de Tebas
• Serpente do palácio
• Mãe pacífica
• Nobre poderosa
• Princesa dos Deuses
• Mãe pura
• Rainha dos Deuses
• Regente dos Deuses
• Regente das Duas Terras
• Ela dá a luz do Sol
• Ela ilumina nossas faces quando brilha como Ra
• Ela que é grande no céu, como é no horizonte
• Cintilante como ouro
• Única no meio das Duas Terras
• Deusa solar
• Raios de sol descem dela
• Doce de voz
• Venerável
• Que apareceu no céu
• Que cobre o disco solar com sua luz
• Que cria a luz para repelir a escuridão
• Que dá a luz a todo deus
• Que ilumina toda a terra com seus raios
• Que cria vida e cospe a inundação
• Que reside em Shanhur
• Cujo temor e adoração estão no palácio
• Cuja forma é magnífica

A agradecer pela vida, luz e calor da Mãe das Mães,
   Alannyë Daeris

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Resenha: Thoth, The Hermes of Egypt - Patrick Boylan

   Sinopse (na língua original): The title of the essay has been chosen partly to suggest from the beginning an important and intelligible aspect of Thoth to the general reader, and partly to remind the student that a god who, at first sight, might seem to be a divinity of purely Egyptian importance, was, nevertheless, associated with such a widely flowing current of ancient thought as the speculation of the Hermetic writings.

Ficha Técnica


   Autor: Patrick Boylan
   Ano: 1922
   Editora: Oxford University Press
   Páginas: 226


   Publicado há mais de um século, Thoth, The Hermes of Egypt segue sendo a melhor e mais completa obra de referência acadêmica para o estudo acerca do Senhor dos Hieróglifos e Escriba Divino. O autor se concentra no Egito Dinástico, e apesar do que o título pode sugerir, há pouca menção aos sincretismos e manifestações posteriores de Thoth como Hermes Trismegistus no período Greco-Romano. Boa parte das fontes textuais pertencem ao período Ptolomaico, e para averiguar o pensamento teológico de períodos mais antigos, os Pyramid Texts (Textos das Pirâmides) foram empregados, bem como algumas citações relevantes do Book of the Dead (Livro dos Mortos).
   Dividido em capítulos que exploram diferentes aspectos de Thoth, como seu nome, a participação nos mitos Osirianos, sua relação com as Enéadas e como representante de Ra na Barca Solar, seus símbolos, sua importância como autor dos hieróglifos, suas características como Criador, o papel que desempenha na magia e no Ritual Egípcio, seus templos e locais de culto, os epítetos atribuídos, associações com outros deuses, dentre outros assuntos, realizando um exame completo das atribuições e conceitos que permeavam a relação dos egípcios com Thoth.
   Considero essa obra suficientemente acessível para leitores que não estejam acostumados com a linguagem mais acadêmica da área da egiptologia - ainda que o idioma seja uma barreira para falantes exclusivos da língua portuguesa, visto que não há uma tradução do inglês até a data da publicação dessa resenha. Entretanto, não havendo uma fonte melhor de estudos para tais conhecimentos básicos sobre Thoth, o esforço para desvendar esse livro é certamente recompensador. Para quem gosta de hieróglifos acompanhados de suas traduções, inclusive no caso dos epítetos, encontrará citações desse tipo em abundância nessa publicação - e elas são contextualizadas por meio de explicações sobre a dimensão mito-simbólica dos elementos presentes, e as relações estabelecidas com outras passagens e crenças da teologia egípcia.
   Desde o primeiro capítulo, que aborda os nomes de Thoth, encontramos uma quantia valiosa de notas de rodapé e fontes para aprofundamento dos estudos; contudo, infelizmente, uma boa parte dessas referências são obras em outras línguas estrangeiras, como o alemão e francês, que somam uma grande fatia dos estudos publicados sobre Egiptologia na virada do século XIX para XX - e na atualidade, muitas dessas referências são difíceis de localizar ou acessar. Felizmente, outras notas do autor ocupam um espaço significativo das páginas em determinados momentos, e agregam informações relevantes adicionais (ou teorias) sobre o assunto tratado no texto, o que pontua de forma muito positiva na minha opinião.
   Não importa a origem do seu interesse sobre Thoth - se é uma relação pessoal e devocional, ou apenas uma simples curiosidade por esse deus egípcio tão especial... Você terminará a leitura versado na multidimensionalidade de Thoth como uma divindade soberana, reverenciada com louvor e importância desde períodos antigos na história do Egito, atrelada a papéis teológicos de grande relevância. É um exemplar enxuto em extensão de páginas (entre 215-228pg de acordo com a edição) se considerarmos a profundidade do conhecimento genuíno que contém, embasado consistentemente nas fontes originais registradas por escribas e sacerdotes ao longo dos séculos.

A empregar as palavras em amor ao Residente na Biblioteca,
   Alannyë Daeris

terça-feira, 21 de maio de 2024

Método Oracular do Caldeirão da Bruxa para Melhorar Feitiços

   Iniciantes e experientes na Arte, novatas e anciãs... As bruxas de todos os níveis e áreas de conhecimento precisam, ora ou outra, checar como está indo sua prática de feitiços - o "spellcasting", em termos estrangeiros um tanto mais pomposos. E como eu não sou diferente, senti a necessidade, um tempo atrás, de elaborar um método oracular que investigasse sobre essa questão: como estou enfeitiçando? O que preciso melhorar quando o assunto é o meu lançamento de feitiços?
   Esse é um jogo simples que pode ser incrementado de acordo com as particularidades do seu caminho mágico. Esteja sentindo ou não uma insegurança relativa aos efeitos da sua magia, essa tirada pode ajudar a entender seus pontos fortes e fracos, qual a área de sua maestria ou afinidade no momento, e para onde direcionar seu foco. Por exemplo, se desejar investigar algum sistema mágico específico ou uma área de especialidade mágica que tem despertado seu interesse, é possível incluir uma posição destinada a essa análise. Evidentemente, se seu caminho espiritual não envolve a prática de feitiços, esse não será o jogo mais adequado em seu caso.
   Escolha qualquer oráculo de sua preferência para a realização dessa tirada, dispondo entre 2 a 3 cartas por posição. No entanto, recomendo a utilização de oráculos com potencial para abordar temas mágicos de forma satisfatória, como é o caso do Tarô, Petit Lenormand (Baralho Cigano), Runas Nórdicas, dentre outros. Não utilize oráculos subjetivos ou de mensagens "prontas", pois na grande maioria dos casos, o resultado será limitado e pouco produtivo; mas é possível utilizá-los como complemento para as orientações, na última posição do jogo.

O Método


1. Terra. Como está sendo minha prática de feitiços?
2. Ar. O que seria interessante de explorar na magia?
3. Fogo. Como posso aumentar a eficácia dos meus feitiços?
4. Água. Quais energias/forças posso utilizar ou trabalhar em atividades mágicas?
5. Ordem. Quais tipos de feitiços devo praticar mais no momento?
6. Caos. Existem bloqueios ou desafios que preciso considerar?
7. Espírito. Orientação para a prática de magia.

A lançar infindos sortilégios,
   Alannyë Daeris

terça-feira, 14 de maio de 2024

Calendários Egípcios e os Dias de Sorte e Azar

   Antes de existirem os horóscopos diários que se popularizaram profusamente nos últimos séculos, os antigos egípcios acreditavam na fortuna ou infortúnio dos dias, e elaboravam papiros para instruir sobre os prognósticos diais. O calendário egípcio era dividido em três estações de quatro meses, cada uma com duração de 30 dias, o que resulta no total de 360 dias. As estações correspondiam ao ciclo do Nilo: Inundação (akhet), quando o rio transbordava e cobria as terras cultiváveis com água; Emergência (proyet), quando a água recedia e expunha as terras fertilizadas próprias para o plantio; e o Verão (shomu), o período da colheita e da estiagem.
   Cinco dias denominados epagomenais eram acrescidos entre o final de um ano e o início do próximo, aproximando o calendário civil egípcio da translação da Terra. Esses dias extras chamados de "Hryw rnpt" (Heryu ronpet) possuem profundas conotações mitológicas, sendo considerados "não-dias" por estarem fora do calendário dos meses. Dessa maneira, quando nos referimos ao calendário egípcio, podemos considerá-lo equivalente ao gregoriano do qual fazemos uso, em sua totalidade de 365 dias.
   Todos os dias contidos no calendário egípcio eram definidos como dias de sorte ou azar, regidos por dois conceitos de eternidade: Djet, o tempo linear que conhecemos, que segue um curso direto e imutável, se torna memória; e Neheh, o tempo cíclico mutável que se renova e se repete dia após dia, como o nascer do Sol, que ocorre diariamente. A classificação dada pelos egípcios podia indicar quais datas são favoráveis e desfavoráveis como uma característica geral da data - um dia "bom" ou um dia "ruim" -, ou dividir os dias em seus períodos de manhã, tarde e noite, para que cada um seja definido como favorável ou desfavorável.
   Alguns dos registros arqueológicos que contém calendários são o Papiro Sallier n°.IV, Calendário Cairo, e o Papiro Budge, todos sob a posse do Museu Britânico, que armazena também outros fragmentos com trechos de calendários. Esses papiros não são unânimes em seu conteúdo, e além de variarem no modo de classificar os dias, também podem difererir em relação a quais dias são bons ou ruins, pois são oriundos de períodos, localidades e dinastias diferentes. A homogeneidade de percepções e crenças não é uma característica própria da mitologia egípcia, de qualquer forma.
   No papiro conhecido como Calendário Cairo, cujo título em egípcio se traduz como "Uma introdução ao início da Sempiternidade (Neheh) e o fim da Eternidade (Djet)", há seis categorias de sorte ou azar: favorável, parcialmente favorável, muito favorável, adverso, parcialmente adverso, muito adverso. A maioria dos dias são muito favoráveis ou muito adversos, mas há datas parciais ocasionais. Os temas mitológicos que fornecem uma correspondência boa ou ruim para as datas não contam uma história linear, diversas divindades menores e hoje obscuras são citadas, e os temas podem abranger alguns poucos dias e então acabarem abruptamente, sendo substituídos por outras cenas e referências dos mitos não-relacionadas à anterior.
   Os dias positivos estão grafados em tinta preta, e os dias desfavoráveis em tinta vermelha. Certos papiros, como o Sallier, incluem textos explicativos indicando qual evento mitológico atribui classificação boa ou ruim para o dia. Concomitante a isso, fornecem uma orientação, como por exemplo: "não queime incenso nesse dia", "não saia de casa nessa data". É recorrente que sejam dadas previsões para os nascidos em determinados dias, como: "quem nascer hoje morrerá de velhice", ou "quem nascer hoje morrerá por uma serpente". Você pode conferir um calendário com suas orientações majoritariamente preservadas e traduzidas no livro Ancient Egyptian Magic, do egiptólogo Bob Brier.
   Ainda que os dias epagomenais não sejam sempre mencionados nos papiros, sabe-se por numerosas fontes que eram datas conturbadas e temidas pelas influências nocivas. A título de curiosidade, são referidos no Calendário Cairo, acompanhados de encantamentos que deveriam ser proferidos em cada um dos cinco dias. Os dias epagomenais possuíam nomes especiais que conferiam bênçãos aos que tinham conhecimento deles, e existiam inúmeras fórmulas e encantamentos especiais destinados para a proteção nessas datas, durante as quais, nenhum trabalho era realizado.

Referências

- A Note on P. Kellis I 82 (1996) by Hoogendijk, F. A. J. Zeitschrift Für Papyrologie Und Epigraphik, 113, 216–218.
- Ancient Egyptian Magic (1981) by Bob Brier.
- Calendars: real and ideal (1994) by Anthony Spalinger. In Essays in Egyptology in honor of Hans Goedicke, 297-308.
- Some Observations on the Egyptian Calendars of Lucky and Unlucky Days (1926) by Warren R. Dawson. The Journal of Egyptian Archaeology, 12(1), 260–264.
Fonte da imagem: Papyrus Sallier IV (EA10184,1). Museu Britânico.

A honrar a Ele Que Determina o Tempo,
   Alannyë Daeris

terça-feira, 16 de abril de 2024

Revertendo Feitiços Insatisfatórios - Guia de Reversos Pessoais

Publicado originalmente na Revista A Folha da Ibis, edição de Março de 2021.

   Quanto mais acumulamos experiências com feitiços e rituais em nossa caminhada mágica, maior é a chance de, eventualmente, fazer alguma coisa de errado. Na edição da 'A Folha da Íbis' de Setembro de 2020, falei sobre os motivos prováveis para o fracasso de um feitiço, mas hoje, quero tratar de uma questão mais específica dentro desse tema: quando não só fracassamos em nossa intenção, como também geramos uma consequência negativa em nossas vidas, ou quando aquele feitiço simplesmente não nos tem mais serventia.
   Por exemplo, digamos que tenha lançado um feitiço para receber várias investidas e mensagens de pessoas charmosas e interessantes no sentido romântico, e devido a isso, você se apaixona e assume um namoro sério logo em seguida… O feitiço agora poderia gerar diversas situações desconfortáveis entre você e seu novo parceiro(a), não é mesmo? Além de que, se você encontrou a pessoa certa com quem deseja estar, uma enxurrada de novos pretendentes pode ser algo bem incômodo.
   Evidentemente, há casos bem menos positivos que podem exigir a reversão de um feitiço lançado, como quando as coisas simplesmente não acontecem como o planejado. Por exemplo, lançar um feitiço para não ser mais perturbado por mensagens de spam no seu e-mail, e acabar com problemas na conexão de internet em sua casa ou celular por alguns dias. Se você colocou muita intenção na hora de fazer a magia, especialmente quando ela é motivada por sentimentos muito negativos – de frustração, ira, aborrecimento ou impaciência –, é bem possível que acabe deslizando na definição da intenção, fraseando-a de forma vaga ou incorreta, e deixando para que o universo aja pelo caminho de menor resistência, que nem sempre é o mais ideal. Sua emoção pode falar mais alto que suas palavras!
   Saiba que muitas vezes é melhor desfazer o feitiço já lançado do que ignorá-lo e esperar que se resolva sozinho, mesmo que já tenham se decorrido algumas semanas ou meses desde que foi feito. Se você sente necessidade de interromper o efeito, ou percebe que está sendo afetado pelos resquícios de uma magia que está lhe fazendo mal, vá em frente e desfaça. Depois você pode lançar outro mais adequado, aprendendo com a experiência que não deu tão certo; por esse motivo é tão importante anotar todas as suas empreitadas mágicas, em especial as atividades de lançamento de feitiços, e detalhes sobre como e quando as desempenhou.
   Antes de começar a reverter, você precisa identificar quais elementos usou, se ainda resta alguma coisa física do feitiço, e reunir todas as informações possíveis sobre ele. Se tiver anotações e registros, pegue-os e veja tudo que foi feito. Se não tiver, tente relembrar ao máximo, e coloque em um papel para visualizar melhor (e não se esquecer de nada). Essas informações ajudam você a escolher o melhor método para reverter seu feitiço, pois existem inúmeras formas de lidar com uma magia depois de lançada, e abaixo estão algumas delas para que você possa se orientar.
   Esteja ciente de que a reversão deve ser sempre muito bem elaborada e levada ainda mais a sério, pois um feitiço de reverso mal feito pode piorar a situação, causando consequências tão desagradáveis quanto as anteriores que se visa anular, e mais complicadas de se resolver. Entretanto, é um conhecimento imprescindível para qualquer bruxa ou magista sério e comprometido com sua Arte – “só sabe criar aquele que sabe destruir”.

1. Congelamento Temporário

   Se você não tem certeza se o feitiço deu errado, se ele simplesmente não está fazendo efeito algum, ou se não está relacionado com o que você está vivenciando (no caso de efeitos negativos), esse método é ideal para sentir a diferença que faz em sua vida quando o feitiço está inativo, mas saiba que é temporário mesmo e não durará muito mais que uma semana. Ajuda em situações em que você precisa de tempo para conseguir os ingredientes para fazer uma reversão definitiva, devido à sua simplicidade e acessibilidade.
   Nota: Uma dica nesses casos é realizar uma leitura oracular para investigar a situação do feitiço que está lhe gerando questionamentos. Você pode perguntar aos oráculos se a magia deu certo, se ela está causando repercussões negativas, se foi a responsável por uma determinada situação que você está vivendo, dentre outras indagações, conforme o contexto. Também é possível questionar se um congelamento seria a melhor forma de lidar com o feitiço, ou se seria recomendável uma prática de reverso, como as sugeridas abaixo.

Você precisará de:
• Papel e uma caneta vermelha.
• Água e um recipiente pequeno que possa
ir ao congelador.
• Pimenta preta.
 
   Corte o papel em formato de quadrado. De um lado, escreva o nome do alvo original do feitiço (se você fez para si mesmo(a), escreva seu nome). Do outro lado do papel, escreva a intenção do feitiço que deseja ser desfeita, mais parecido possível com a intenção original. Dobre os quatro cantos do papel para dentro, formando um envelope pequeno e cobrindo a intenção; dentro desse envelope de papel, coloque a pimenta preta. Ponha o envelope com a pimenta no recipiente e adicione água até a borda, tampe e leve tudo ao congelador. Em um prazo de 7 dias, você deve retirar e decidir se fará uma reversão definitiva ou se deixará o feitiço ativo.

2. Queima dos Restos

   Simples e prático, funciona para todos os tipos de feitiços desde que não tenha sido lançado com fogo – porque nesse caso, queimar os restos só aumentará a energia e o poder do feitiço. A única exigência para a realização é que você deve ter algum material ou resquício do feitiço, seja um carvão que sobrou do caldeirão, uma corda, um toquinho de vela, um papel, um saquinho, ou até ervas e sementes. O ideal é que você sempre armazene alguma coisa dos seus feitiços e rotule de forma que possa identificar e desfazer sem dores de cabeça caso algo dê errado com os resultados, pois do contrário, somente o próximo método será aplicável (e outros mais complexos que não ensinarei nessa oportunidade). Em suma, a queima de restos é exatamente o que o nome sugere: ateia-se fogo no link mágico do feitiço, podendo incluir ervas e ingredientes propícios para banimento, com a intenção de eliminar a magia anterior e interromper todas as suas consequências. As cinzas e restos da queima feita no reverso podem ser enterrados ou lançados ao vento bem longe de sua residência.

3. Contra-Feitiço

   Se você sabe como um feitiço foi lançado, incluindo todos os materiais e as ritualísticas que foram feitas, você pode lançar um segundo feitiço elaborado para cancelar o primeiro. Para esse método, também é imprescindível ter anotações ou registros de como o feitiço foi conduzido originalmente, em especial, as palavras que foram ditas ou mentalizadas. Depois de juntar o máximo de informações possível, liste todas em um papel, e vá pensando em elementos que possam anular a energia de cada item. Por exemplo, se você usou três ervas para atração, deve escolher três ervas que tenham energias de banimento (não use nada a mais, o excesso em feitiços de reverso é prejudicial pois cria desequilíbrio). Se fez na Lua crescente, lance o contra-feitiço na Lua minguante. Nenhum elemento deve estar desbalanceado, então, encontre um equivalente oposto adequado para tudo que foi usado, sejam instrumentos, símbolos, velas ou elementos. Se foi uma meditação, crie uma nova meditação que tenha uma intenção oposta; se foi um encantamento, escreva um novo que vá contra o primeiro; se foi um feitiço com água, use fogo para reverter; se foi um feitiço com terra, use ar para reverter; e por assim em diante. Não há necessidade de executar um feitiço exatamente oposto ao que foi feito primeiro, desde que possua todos os elementos essenciais para cancelar os efeitos do primeiro feitiço.

Feitiços que você sempre deve guardar restos ou algum taglock:


• Feitiços de amor, romance ou sedução;
• Feitiços com foco em outras pessoas, mesmo que sejam feitos com permissão e conhecimento do alvo;
• Feitiços de saúde e cura, ou relacionados ao corpo físico, como para perda de peso;
• Feitiços relacionados à saúde mental e emocional;
• Feitiços de trabalho de sombra (shadow work).
• Atamentos (binding) e congelamentos;
• Feitiços de prosperidade ou para empregos;
• Banimentos com foco em pessoas ou questões pessoais;
• Maldições e pragas de todos os tipos.

A retraçar caminhos e desfazer resultâncias,
   Alannyë Daeris

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Oração à Musa Urania

Clamo pela Ourania das estrelas,
Musa magnífica de plena sabedoria,
Aquela que leva o globo estelar,
Envolvida no manto da noite cintilante,
Manifeste a harmonia de que preciso,
Agracia-me com a percepção constante.
Nascida do Zeus Cronida e Mnemosine,
Inspiradora do ofício de Previso,
Olhos de águia para além enxergar.
Profetisa, entendedora dos signos,
A arte celeste está em seu domínio.
Concede-me o dom de ler os astros,
Que tanto me exercem fascínio,
Para discernir a poesia do cosmos,
E traduzir os sinais luminosos,
Decifrando os augúrios vindouros,
Elevando a imaginação às alturas,
Bendito seja seu sidéreo raciocínio!
A Urania ofereço graças e louvores,
Ó Musa poetisa dos luminares,
Conceda à minha visão seu rutilar.

Por Alannyë Daeris