sexta-feira, 28 de março de 2025

Estimando o Tempo com o Gypsy Witch Fortune Telling Playing Cards

   A habilidade de prever o tempo de tendências e previsões é, sem dúvida, tão estimada quanto desafiadora de ser dominada. Afinal, são incontáveis os fatores capazes de influenciar o desenrolar dos eventos vindouros, e muitos deles podem permanecer elusivos durante a leitura oracular ou no “ponto-cego” do intérprete.
   Existem diversas técnicas para estimar o tempo de um evento, sendo a mais comum e “universal”, a de definir na questão ou na abertura do jogo qual o prazo - como nesse exemplo: “Estarei empregado num prazo de 2 meses?”. No entanto, no caso de alguns oráculos, é frequente que um tempo médio seja atribuído às cartas, de forma singular.
   O baralho Gypsy Witch Fortune Telling Playing Cards, publicado em 1903, segue a tradição conhecida como “escola americana” do século XIX, com a adição de 16 cartas aos 36 símbolos originais do Petit Lenormand, totalizando 52 cartas. Geralmente, inclui também de 1 a 3 coringas extras. A lista a seguir consiste em um guia simples para nortear seus estudos; ela também está disponível para leitura no Instagram.

Lista: Tendências de tempo do deck Gypsy Witch


01. Sol: No verão. Durante o dia. Entre 2 a 3 meses.
02. Lua: Durante a noite. Em 28 dias.
03. Casa: De forma lenta e gradual. Em até 4 meses.
04. Chave: Já esta se desenrolando, em breve. Nessa semana.
05. Árvore: No outono. De 5 meses a alguns anos. Processos lentos.
06. Caixão: Não acontecerá, ocorrerá um fracasso.
07. Buquê: Na primavera. Em menos de dois meses.
08. Foice: De forma abrupta e inesperada. Quando menos se espera.
09. Pássaros: Pela manhã. Depende de comunicação e diálogo.
10. Porco: Entre 5 a 6 meses.
11. Raposa: Ao anoitecer. É preciso agir e fazer acontecer.
12. Criança: Em 9 meses. Próximo a um aniversário.
13. Cobra: Atraso, leva mais tempo que o esperado.
14. Cavaleiro: Rapidamente, em poucos dias. Está a caminho.
15. Carta: Em dia útil, horário comercial. Em 3 semanas.
16. Navio: Em até 3 meses. Está progredindo.
17. Peixes: Um semestre.
18 e 19. Homem e Mulher: Não indicam tempo.
20. Lírio: No inverno. Em 6 meses.
21. Cegonha: Na mudança de estação, perto do próximo solstício/equinócio.
22. Livro: Não há certeza sobre a data, ainda está por definir.
23. Anel: Algo contínuo ou cíclico, que tem fases.
24: Mãos: Algo mútuo ou recíproco, precisa ser combinado ou acordado.
25. Nuvens: Tempo indefinido, é incerto se acontecerá. Passageiro, repentino.
26. Jardim: Ao meio-dia, à tarde. Numa data festiva.
27. Cachorro: Conforme se espera, no tempo padrão.
28. Âncora: No mínimo 1 ano, ou mais. Muito lentamente, ou não se altera, segue como está.
29. Ratos: Em algumas horas ou semanas. Aos poucos, mas velozmente.
30. Chicote: Acontece de forma repetitiva, voltará a ocorrer. De prontidão, em breve.
31. Encruzilhada: Em dois dias, semanas, meses, anos... Ou depende de uma decisão.
32. Montanha: Leva mais de 6 meses, podendo chegar a 5 anos. Atraso e estagnação.
33. Trevo: Ocorre de surpresa, brevemente. Na metade do tempo estimado/previsto. De 3 a 4 dias.
34. Estrelas: Durante a noite. Entre o inverno e o natal.
35. Torre: De 8 meses a 1 ano e meio. Longa espera.
36. Gato: Na madrugada. Aproximadamente dois meses.
37. Espadas: Há um entrave, um conflito precisa ser solucionado. Pode não ocorrer.
38. Fogo: De forma rápida e intensa. Em algumas horas.
39. Coração: Entre a primavera e o verão. Numa data romântica (dia dos namorados, bodas, etc).
40. Vinho: Entre 12 a 24 horas. Momentaneamente.
41. Rosa: De 5 a 9 meses, mas é uma tendência frágil e delicada.
42. Amor/Cupido: Entre 4 a 6 meses.
43. Raio: De forma rápida e estrondosa. Instantes, minutos.
44. Espelho: Em 7 anos. Algum acaso azarado pode impedir o acontecimento.
45. Honra: Entre dezembro e janeiro.
46. Trilho: Entre 10 meses até 4 anos.
47. Noiva: Está sendo planejado. Ou, de 1 a 3 anos.
48. Cofre: No começo do mês, perto do 5º dia útil.
49. Olho: Em poucas horas ou dias. De forma efêmera e momentânea.
50. Urso: De 5 a 7 meses.
51. Leão: Em até 3 meses e meio.
52. Pastor: Ao amanhecer. Em 7 meses.

A descortinar eventos,
   Alannyë Daeris.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Resenha - A Ciência dos Magos, de Papus

   Sinopse: Publicado na França em 1892, este pequeno compêndio do conhecimento esotérico está fundamentado na obra de grandes mestres ocultistas da Antiguidade e, sobretudo, da Renascença, como Cornelius Agrippa, Jacob Boehme, Paracelso e Robert Fludd. Nos antigos santuários ocultistas, onde era ensinada a ciência desses sábios, o estudo e o manejo das forças astrais constituíam parte do saber transmitido pelos alquimistas e místicos do passado.
   Em contraposição ao materialismo científico do século XIX, Papus defende essa antiga ciência, resignificando o papel da espiritualidade na vida humana. À medida que o cientificismo moderno era cético quanto às forças que interligam o microcosmo, o macrocosmo e o mundo divino, o autor mostra que há uma conexão íntima e eterna entre o homem, a natureza e Deus.

Ficha Técnica


   Autor: Papus (Gérard Anaclet Vincent Encausse)
   Ano: 1892 (publicação original), 2022 (edição brasileira)
   Editora: Ajna
   Páginas: 160

   Logo de início, é digno prestar elogios ao trabalho da editora Ajna, pela publicação desse livro inédito no Brasil - mesmo se passando em torno de 130 anos desde sua publicação original, esse ensaio estupendo não havia sido traduzido e lançado para o público brasileiro até então. Acredito que o autor dispense introduções, sendo um dos grandes nomes do ocultismo moderno, cuja produção literária foi e continua sendo referência ainda hoje no âmbito das artes mágicas.
   O propósito de Papus ao longo dessa obra é esclarecer conceitos básicos e estruturais a respeito do ocultismo, desmistificando e elucidando questões pertinentes para neófitos e interessados no campo esotérico. Considerado por muitos como uma ótima introdução às ciências ocultas, expondo as leis astrais, a relação entre o microcosmo e o macrocosmo, o corpo astral e sua interação com os planos sutis, dentre outros temas pertinentes para a compreensão teórica do esoterismo contemporâneo. Destarte, Papus visa argumentar contra o materialismo científico e ceticismo intelectual que predominava no século XIX, empregando um linguajar objetivo, racional e técnico na exposição de suas ideias metafísicas.
   Note que este livro não se propõe a ensinar práticas de magia, mas sim, os fundamentos que viabilizam e constituem as forças e manifestações astrais, bem como suas interações com a matéria. É um escrito sucinto, didático, com um linguajar fluido e descomplicado, como se lecionasse para um querido aluno - apesar do teor complexo e abstrato de certos temas presentes nesse tratado, Papus se atém a sintetizar tais conceitos sem maiores enredamentos ou digressões. Portanto, a extensão do texto é curta, mas seria mais apropriado o uso do termo "compacto", pois agrega conhecimentos preciosos definidos sem qualquer prolixidade.

A rever bases e conceitos,
   Alannyë Daeris

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Método Oracular para Metas Profissionais

   O jogo a seguir foi desenvolvido por mim para orientar quem deseja alinhar suas ações e posturas profissionais com suas ambições e metas genuínas; adquirir entendimento e clareza acerca dos caminhos possíveis na carreira para encontrar satisfação e entender as tendências do seu futuro profissional unidas a direcionamentos para o presente. Ele atende a qualquer ramo, contexto de carreira ou regime trabalhista, bem como a quem está buscando uma colocação profissional e deseja orientações para nortear seus próximos passos.
   Pode ser realizado com qualquer oráculo de sua preferência, mas tende a produzir melhores resultados quando feito com o Tarot, Petit Lenormand (Baralho Cigano), Sibillas e demais oráculos conversativos. Note que o prazo geral da leitura e suas tendências são válidas para o período de 1 ano.

O Método


1. Aspiração. Seu principal objetivo na carreira atualmente.
2. Sonho. Qual seu maior sonho profissional?
3. Motivação. O que lhe motiva em relação a essas conquistas?
4. Êxito. Qual tende a ser seu ápice, o potencial máximo de sucesso no prazo de 1 ano?
5. Dedicação. Em quais áreas ou metas você deve focar nesse momento?
6. Sacrifício. Serão necessários sacrifícios para alcançar o sucesso?
7. Proveitos. Quais são suas forças, vantagens e benefícios?
8. Fruição. Como utilizar o que você tem a seu favor para atingir seu objetivo?

A abrir janelas quando se fecham as portas,
   Alannyë Daeris

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Resenha: Graeco-Egyptian Magic, de Tony Mierzwicki

   Sinopse (na língua original): Stemming from years of study, practice, and workshops, Graeco-Egyptian Magick outlines a daily practice involving planetary Hermeticism, drawn from the original texts and converted into a format that fits easily into the modern magician's practice. In Tony's own words: "As a magickal system, Graeco-Egyptian magick represents the last flowering of paganism before it was wiped out by the Christian juggernaut. It is a hybrid system that blended ancient Sumerian and Egyptian magick with the relatively more modern Greek and Judaic systems". A recreation of a planetary system of self-initiation using authentic Graeco-Egyptian magick, as practiced in Egypt during the first five centuries C.E. Including results of four years of workshops in the USA and Australia, this is a practical intermediate level text aimed at those who are serious about their spiritual development and already have grounding in basic spirituality, but beginners who carefully follow the instructions sequentially should not be deterred.

Ficha Técnica


   Autor: Tony Mierzwicki
   Ano: 2006
   Editora: Megalithica Books
   Páginas: 256

   Se você busca aprofundar seus estudos em práticas greco-egípcias como aquelas referidas nos Papiros Mágicos, foco de interesse de qualquer estudioso do ocultismo no contexto da Antiguidade, mas já compreende que um processo de adaptação e modernização se faz necessário para trazer tais conhecimentos para nossa realidade contemporânea... Basta dizer que essa obra de Tony Mierzwicki será um colírio para seus olhos, e uma ótima referência em sua jornada oculta. O autor desenvolve um sistema de magia planetária eficaz e elegante valendo-se principalmente do PGM (Sigla latina para "Papyri Graecae Magicae", ou em português, Papiros Gregos Mágicos), uma coletânea de textos egípcios do período Greco-Romano, abrangendo desde meados de 200 a.C. a 400 d.C., e que contém uma diversidade de fórmulas mágicas, rituais, encantamentos, amuletos e hinos. Em adição, também estabelece paralelos com as Katádesmoi - "Curse Tablets", ou "Placas de maldição" greco-romanas; com os Hinos Órficos e Homéricos; e apresenta citações de Cícero, Ptolomeu e comentários de época sobre suas obras, e trechos do Corpus Hermeticum.
   Esse sistema proposto possui um fundamento tradicional claro, visando uma reconstrução histórica de práticas mágico-espirituais, com intenções de se manter fidedigno às suas referências originais, unindo os campos da teurgia e da taumaturgia como os Antigos o faziam. Mierzwicki não busca conceitos mágicos modernos para tratar das práticas tradicionais, e sim, mergulha fundo em conceitos tradicionais para fundamentar a prática moderna - o que certamente o separa do frequente anacronismo atrelado a tantos autores contemporâneos de magia e ocultismo. Em suas explicações introdutórias, agradou-me muitíssimo sua sugestão ao leitor: esforçar-se em recriar a mentalidade dos magos greco-egípcios, estudando somente as referências que estariam disponíveis para eles na época, como textos e imagens sobre divindades e esferas planetárias limitando-se até o século IV a.C.
   Em aspecto literário, a escrita de Mierzwicki é elegante, contém simplicidade sem pender para a superficialidade, discorrendo sobre conceitos complexos de forma perfeitamente compreensível e fluida - a seriedade de suas pesquisas, felizmente, não produz uma obra sisuda, complexa, ou demasiadamente acadêmica, como frequentemente ocorre em outros livros nesse campo. Desde a introdução, torna-se evidente o propósito de oferecer um sistema mágico-espiritual autenticamente histórico e simples, de fácil implementação e condução individual (ou coletiva, se assim desejado), nos moldes de um passo-a-passo descomplicado para obter desenvolvimento pessoal e alcançar harmonia em todos os níveis: mental, emocional, material e espiritual. 
   O autor inclui um guia para auxiliar nas pronúncias de encantamentos, um fator relevante para a correta condução dos feitiços, e busca elucidar algo a respeito dos possíveis significados das expressões citadas. Oferece a tradução de textos herméticos e gnósticos, efetuando comparações entre esses pontos de vista, e categoriza as informações pertinentes em tabelas. 
   Alguns conhecimentos básicos são indicados para o melhor aproveitamento dessa obra, e são eles: meditação, visualização ativa e passiva, encantamentos (especificamente, o ato de proferi-los por meio de canto ou de vocalização harmônica), e um entendimento mínimo sobre astrologia e mitologia greco-egípcia. Portanto, recomendaria a leitura para quem já possui algum domínio sobre tais habilidades e saberes, ou disposição em desenvolvê-los paralelamente à execução do sistema de Mierzwicki. Cabe citar a ênfase dada pelo autor à importância de unir o estudo teórico e a prática, por suas características sinergísticas e complementares, e o fato de manter uma aproximação racional e responsável referente aos conhecimentos que compartilha.

A transitar pelas esferas,
   Alannyë Daeris

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Método Oracular para Clareza Onírica e Compreensão de Sonhos

   A tirada a seguir foi desenvolvida com a finalidade de fornecer discernimento e clareza sobre um sonho, ordenando questões pertinentes para compreender as razões e significados possíveis dessa experiência onírica. Apesar de testar e utilizar diversos métodos com o propósito de elucidar sonhos ao longo desses anos devotados à prática oracular, esse foi o que me trouxe experiências mais satisfatórias e concretas até o presente momento.
   O jogo pode ser efetuado com qualquer ferramenta oracular de sua preferência que permita a configuração apresentada abaixo. Você pode utilizar cartas singulares, pares ou trincas de cartas por posição (ou peças, no caso de oráculos rúnicos ou afins). 

O Método

1. Sonho. Carta que o representa.
2. Razão. Por que tive esse sonho?
3. Significado. O que esse sonho quis me dizer?
4. Conexão. Como ele se relaciona com minha vida?
5. Entendimento. Há alguma mensagem oculta nesse sonho?
6. Influência. Houve influência externa para que ocorresse?*
7. Sentido. Há uma lição ou conselho para se extrair?
8. Ação. O que fazer a respeito? Como lidar?

*Essa posição pode se referir a um agente espiritual, um efeito psíquico causado por fatores alheios, ou energias que estejam atuando sobre o consulente. Conforme o arcano, entende-se se é uma influência positiva ou negativa.

A alumiar um confuso despertar,
   Alannyë Daeris

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Magia com Bússolas - Dicas e Feitiços

   Bússolas são itens com uma ampla gama de aplicações em práticas espirituais, relacionadas à sua finalidade como um objeto mundano: direção e orientação. Elas podem ser consagradas e dedicadas como instrumentos mágicos, servindo unicamente para propósitos espirituais, tal como as bruxas fazem com suas tesouras e facas ritualísticas. Por exemplo, as bússolas servem como aliadas em viagens astrais e práticas oníricas, ao consagrá-las para que encontre seu caminho nessas atividades e se desloque facilmente, e para que tenha acesso ao que deseja presenciar.
   Como instrumentos de magia, esses itens favorecem a intuição, direcionamento ou redirecionamento de intenções em atividades espirituais - como consagração de objetos ou manipulação energética -, abertura de caminhos, magia de encruzilhadas, feitiços que tenham a ver com um senso de propósito ou descoberta, progresso, movimento, viagens, intenções exploratórias ou aventureiras, e magia marítima. Adicionalmente, são propícias como "focos intencionais", talismãs consagrados para serem carregados consigo e também empregados em magias. Considero a bússola estando associada aos astros Mercúrio e Júpiter, e ao elemento ar.
   Na Bruxaria Tradicional, há uma prática que se assemelha relativamente ao lançamento do círculo mágico, denominada "hallowing the compass" - que em tradução livre, significa algo próximo de "santificando o compasso", e utiliza um sinônimo do termo para bússola, ainda que não se refira a um objeto físico. Faço menção a essa prática pela referência simbólica e por ser uma possível fonte de confusão entre neófitos que pesquisem sobre algum dos assuntos. Essa prática consiste na delineação de três círculos e a invocação dos quadrantes, com o propósito de delimitar um espaço ritualístico entre os mundos. Caso possua interesse em conhecer o tema mais a fundo, duas ótimas referências acessíveis como ponto de partida para estudo destes saberes tradicionais são Robert Cochrane e Gemma Gary.
   Esse instrumento pode servir de maneira prática para que o praticante identifique as direções na localidade em que se encontra. Em quaisquer tipos de exercícios mágicos, as bússolas auxiliam a encontrar o ponto cardeal que melhor se associa ao propósito da atividade - seja no estabelecimento do altar, na elaboração de grades de cristais ou gráficos radiônicos, ou na realização de feitiços em geral, como ao soprar determinados pós mágicos ou cinzas ao vento. 
   Os compassos também são aliados em certas artes divinatórias, como a Ornitomancia (divinação com o vôo das aves) e a Aeromancia (divinação com condições meteorológicas), que se subdivide em diversas divinações específicas que podem ser conduzidas de forma independente ou concomitante, como a Nefelomancia, baseada em nuvens; Austromancia, baseada no vento; Ceraunoscopia, baseada em raios e relâmpagos; Meteoromancia, baseada em meteoros; e Caomancia, baseada em visões aéreas. Torna-se um instrumento auxiliar nessas divinações referidas pois é essencial que o intérprete do céu, ou dos padrões que analisa nele, seja capaz de discernir a direção e o sentido desses elementos que determinam os prognósticos.

Feitiço com Bússola para Viagens Astrais


Você precisará de:
• Uma bússola
• Artemísia 
• Noz moscada em pó
• Uma vela roxa ou azul-royal
• Um incenso de sua preferência

Horas e dias de Lua e Júpiter.
Fase crescente e cheia.

   Separe todos os ingredientes em um local propício para a realização da magia, e prepare-se como de costume. Faça uma purificação em si, no ambiente, e na bússola que será utilizada; não é necessário consagrá-la previamente, pois isso será feito ao longo da prática. Inicie a magia acendendo o incenso e a vela, mentalizando sua intenção de viajar astralmente e as empreitadas que deseja efetuar durante tais práticas. 
  Crie um sigilo para representar sua intenção de ter sucesso (e outros propósitos similares que lhe apeteçam, como segurança, aprendizado, etc) em viagens astrais e desenhe-o na vela; caso não tenha muita afinidade com a criação de sigilos, ou se desejar angariar essas correspondências adicionais, você pode entalhar os símbolos astrológicos da Lua e de Júpiter na vela, conectando-se com suas energias.
    Fale em voz alta que a bússola representa seu potencial em desenvolvimento de realizar viagens astrais. Passe-a em frente à chama da vela e consagre-a para o correto direcionamento das suas experiências, para a iluminação dos seus caminhos; passe-a na fumaça do incenso e consagre-a para o domínio da mente e absorção dos conhecimentos adquiridos por meio das viagens. Ponha a bússola sobre a superfície do altar e espalhe a artemísia ao redor, invocando seus atributos lunares de proteção, sabedoria interior, intuição, poder mágico, e de favorecimento às projeções e viagens espirituais. Polvilhe a noz moscada, invocando seus atributos jupiterianos de clareza mental, boa sorte, percepção psíquica, intuição e visão espiritual realçada, sonhos lúcidos, e de proteção em viagens em geral.
   Medite e projete sua intenção sobre a bússola, podendo segurá-la em mãos para firmar a consagração. Após esse momento, é possível iniciar a atividade de viagem astral. Quando ela se findar, caso a vela e o incenso ainda estejam acesos, pode apagá-los e reutilizar com esse mesmo propósito de viajar astralmente. Não é necessário repetir todo o procedimento em outras ocasiões, pois a bússola já estará consagrada para essa finalidade, e não deve ser reutilizada com outros fins até que seja purificada; no entanto, é possível agregar a vela, o incenso e as ervas à atividade, se assim preferir.

Feitiço com Bússola para Abertura de Caminhos


Você precisará de:
• Uma bússola
• Uma vela verde ou amarela
• Uma chave velha, de brinquedo, ou um desenho de chave
• 7 folhas de louro
• Azeite de girassol ou de oliva

Horas e dias de Sol ou Júpiter.
Lua nova, cheia ou crescente.

   Reúna os ingredientes em local adequado para condução da atividade, e faça os preparativos habituais para a magia. Escreva sua intenção de abertura de caminhos na vela, especificando caso a intenção seja direcionada para alguma área específica da vida, ou se é no geral. Unte com o azeite, e mentalize que ele atrai facilidades para seu avanço, um movimento de progresso fluido e desimpedido nas situações dificultosas que enfrenta atualmente. Firme a vela sobre um castiçal ou pires, e acenda, conectando-se com sua intenção.
   Unte a chave com o azeite, projetando uma luz dourada sobre ela (pode ser como uma cintilância, brilhos áureos que emanam do objeto). Coloque a chave acima ou ao lado da bússola, espalhe as folhas de louro ao redor de ambos os objetos, invocando a energia solar de êxito, vitória, conquista, felicidade, sorte e prosperidade que essa erva possui. Mentalize que está andando por uma estrada segurando ambos os objetos, um em cada mão. Ora você utiliza a bússola para escolher sempre o caminho do norte; ora você utiliza a chave para destrancar portas e portões que surgem em sua frente. Pense em si mesmo(a) radiante, em plena satisfação e contentamento, avançando ou até correndo sem problemas em direção ao seu destino final - ou alcançando-o, caso exista uma finalidade ulterior específica para o feitiço.
   Guarde a chave até que o feitiço se concretize, ou até sentir necessidade de refazê-lo (para a mesma ou para outra intenção). As folhas de louro e restos da vela podem ser descartados na natureza logo ao final da atividade. A bússola pode ser usada normalmente após a magia, pois o feitiço não envolve consagração.

Referências

A guiar trajetórias serpentinas,
   Alannyë Daeris

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Conhecendo o Oráculo: Grand Jeu Lenormand

   O Grand Jeu Lenormand (ou Grande Jogo Lenormand, na tradução) é um baralho europeu publicado pela primeira vez em 1835 pela editora Grimaud, dotado de pouca popularidade em dias contemporâneos, inclusive no seu continente de origem. É composto de 54 cartas ricas em simbolismo alquímico e referências mitológicas, e apesar do que o nome sugere, não se trata de uma versão maior do Petit Lenormand, e nem possui qualquer relação com esse outro oráculo de cartas, popularizado no Brasil como "baralho cigano".
   Nesse oráculo, encontram-se diversas referências e menções à mitologia grega, eventos e personagens importantes, sob a roupagem estética e conceitual da cultura francesa no final do século XIX. É considerado um baralho complexo e intelectualmente elaborado, de difícil aprendizado e pouco intuitivo, pois cada lâmina combina em si um número significativo de elementos distintos - letras, constelações, signos geomânticos, cenários mitológicos, símbolos alquímicos, cartas do baralho tradicional, cenas menores e flores. Além disso, o Grand Jeu não segue uma estrutura ou sistema identificável, algumas cartas pertencem a mais de uma categoria. Ele também foi publicado com o subtítulo de "Grande Jogo da Sociedade - Cartas Astro-Mito-Herméticas", termo que designa muito bem suas principais características.
   As cartas são subdivididas em 5 grupos, de acordo com o mito ou tema retratado no cenário central: Pomo de Ouro, Guerra de Tróia, Ciência Hermética, O Imprevisto (literalmente, O Não-visto), e Ordem do Tempo, que representa o zodíaco. Os grupos independem do naipe, e definem os principais temas tratados por essas cartas, que se repetem em alguns casos específicos. Existe uma única versão do Grand Jeu desde sua publicação original, ainda que tenha sido relançado em outras edições pela editora B.P. Grimaud. É digno de nota, entretanto, que há uma versão mais simples publicada em meados de 1855 por Johann Augustus Reich na Alemanha, cuja organização dos elementos nas cartas é diferente e não apresenta as constelações - vide o item 1896,0501.470 no Museu Britânico. Originalmente, o Grand Jeu era comercializado com uma coleção de 5 livros, que exploravam os temas presentes no oráculo, com alguns de seus significados, exemplos de jogos, orientações sobre as técnicas nas quais o baralho se baseia, e algumas a mais - como geomancia, astrologia, numerologia cabalística, quiromancia e fisiognomia.
Uma das poucas cartas com
referência egípcia. Isis está
retratada escondendo Osíris.
   As cartas do Grand Jeu são compostas de cinco simbolismos: uma cena central (grande assunto), duas cenas menores no canto inferior esquerdo e direito, flores abaixo ao centro; acima, uma carta do baralho tradicional acima à esquerda, uma constelação acima ao centro, e determinadas lâminas apresentam também uma letra e/ou um símbolo geomântico acima à esquerda. Cada elemento presente nas cartas possui significados específicos, que representam diferentes aspectos de um conceito oracular amplo, tornando-o um baralho complexo e multifacetado, com dinâmicas únicas para tiradas e subsequente leitura das cartas.
   Assim como ocorre com o Petit Lenormand/Baralho Cigano, o Grand Jeu recebe o nome de Madame Lenormand, a famosa cartomante francesa que tornou-se um ícone no mundo todo por suas aptidões divinatórias. No caso do Petit Lenormand, o nome da Madame foi atribuído como uma espécie de publicidade posterior, pois a cartomante não teve relação com o desenvolvimento do baralho e nem o utilizava em suas consultas. O Grand Jeu, tendo sido publicado dois anos após o falecimento de Madame Lenormand, também não parece ter sido desenvolvido por ela, apesar de transparecer inspirações nas técnicas pelas quais Lenormand era conhecida, juntamente a outros conhecimentos já citados que eram amplamente praticados por ocultistas e esotéricos na época.
   Nota: Há uma publicação de 1976 da editora Grimaud denominada "The Small Lenormand", em referência ao Petit Lenormand, que serve de estrutura para o baralho com suas 36 cartas. Essa amálgama apresenta as cenas centrais, laterais, e correspondências principais das cartas do Grand Jeu associadas às palavras chaves e títulos das cartas do Petit Lenormand. Evidentemente, é uma tentativa de estabelecer uma ponte entre esses dois baralhos completamente distintos, mas que compartilham em seus títulos a referência à Madame Lenormand, e a editora responsável pela publicação.

Referências

A explorar campos esotéricos inusitados,
   Alannyë Daeris

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Heka (feitiço egípcio) para Desordem e Fragilidade Mental e Física - Papiro Edwin Smith, Spell 5 (verso)

   Traduzi e adaptei o feitiço egípcio a seguir, encontrado no Papiro Edwin Smith, o mais antigo dos papiros médicos, referente ao Spell 5. Ele se destina a impedir e eliminar doenças e desequilíbrios causados por influência espiritual de entidades e espíritos malignos - sendo um dos poucos exemplos de abordagem mágico-religiosa nesse papiro medicinal, e por estar localizado no verso, é possível que esse e outros 7 feitiços sejam uma adição tardia e não-relacionada ao texto médico original. Para mais informações sobre muuetu e espíritos malignos, leia esse texto. Porém, mesmo que não seja o caso de uma enfermidade ou uma desordem causada por obsessores e espíritos, é possível realizar esse Heka adaptado na intenção de restaurar o equilíbrio da mente e do corpo, e diminuir o impacto de distúrbios emocionais na vida do indivíduo.
   O papiro indica quatro divindades para realização do Heka: Sekhmet, Bast, Wesir (Osíris) e Nehebkau. O texto sugere que todas estão presentes na prática, mas não vejo impedimentos ou contraindicações caso deseje invocar somente um, dois ou três dos Netjeru citados para abençoar o feitiço, por razões de afinidade ou preferência.
   Em minha adaptação, estruturei o Heka no formato usual com que compartilho feitiços embasados na Bruxaria moderna, e acresci instruções além das mencionadas no texto original, buscando auxiliar na contextualização dessa magia existente desde meados de 1600 a.E.C - que comporta as dinastias 16 e 17 do Segundo Período Intermediário do Egito. É indicado no papiro que o conteúdo é uma cópia de um encantamento anterior, algo comum em textos mágicos e medicinais durante toda a história do Egito, e determinados elementos linguísticos reforçam a origem mais antiga deste Heka.
   Como é costumeiro em encantamentos egípcios, há alusões textuais a conceitos mitológicos por vezes obscuros, incluindo associações de Netjeru (divindades) com circunstâncias negativas que o praticante de magia deseja evitar, vide relação estabelecida entre Sekhmet e o adoecimento do corpo e da mente, e entre Osíris e as vísceras que eram retiradas na ocasião do embalsamento dos falecidos.

Instruções para o Heka

Você precisará de:
• Um retângulo longo de tecido branco ou bege, se possível, feito de linho ou algodão. Tamanho sugerido: pelo menos 7cm de largura por 50cm de comprimento.
• A tinta sugerida no feitiço original é resina de mirra, mas você pode usar nanquim, canetinha, ou caneta permanente "sharpie". Preferencialmente, de cor preta.

   Prepare o ambiente e a si mesmo realizando uma prática de purificação de sua preferência, respire fundo e concentre-se. Convide as divindades que participarão desse Heka: Sekhmet, Bast, Osíris (Wesir), e/ou Nehebkau. Segure o tecido em mãos, faça o henu de oferenda estendendo ambas as mãos à sua frente com as palmas voltadas para cima - leia mais sobre os gestos ritualísticos keméticos. Em seguida, escreva os nomes das divindades em hieróglifos em um dos lados do tecido; ou, se preferir explorar mais seus dotes artísticos, é possível desenhar os Deuses à mão livre. Para referência, demonstro a seguir os nomes hieroglíficos de todos os quatro Netjeru citados, somente uma dentre as muitas possíveis versões da escrita de cada Nome.


   Do outro lado do tecido, o encantamento a ser escrito:

"A proteção da vida de Neith está ao meu redor, dela que está acima daquele que escapou da semeadora. Bast é repelida da casa do homem."

   Assim que terminar de escrever, fale o seguinte encantamento enquanto segura a tira de tecido inscrita de ambos os lados:

"Histeria, histeria, você não possuirá minha mente ou meu coração para Sekhmet. Você não tomará meu fígado para Osiris, e as coisas ocultas em Buto não entrarão em meu trono na manhã da contagem do Olho de Hórus. Qualquer espírito masculino ou feminino, qualquer falecido ou falecida (muuet e muutet), sejam na forma de animais, sejam de quem os crocodilos se apoderaram ou quem a serpente mordeu, aqueles condenados à faca, ou que morreram em sua cama, e as entidades malignas da noite, sejam obliterados por esse Heka. Afastem-se permanentemente, nunca retornem, em nome de (Netjeru escolhido). Hórus, que está são apesar de Sekhmet, vigia ao redor da minha carne por toda a vida."

   Coloque o tecido ao redor de seu pescoço, podendo amarrá-lo para que permaneça no local, ou utilizar um broche ou alfinete para essa finalidade. Use com intenção quando sentir a necessidade de espairecer a mente, reforçar sua vitalidade, acalmar os ânimos, encontrar equilíbrio e harmonia a nível físico, mental ou emocional. Esse amuleto tem validade indeterminada, podendo ser mantido em seu altar ou guardado para reutilizações futuras. Recomendo repetir o encantamento verbal nas ocasiões em que emprega o amuleto de tecido novamente.

Fontes
- Wilson, J. A. (1952). A note on the Edwin Smith surgical papyrus. Journal of Near Eastern Studies, 11(1), 76-80.
- Ancient Egyptian Medical Texts, World History Encyclopedia. Acesso em 02/03/2024.

A atar as forças da desordem,
   Alannyë Daeris 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Epítetos de Mut

   Epítetos são títulos dados a divindades, que servem para representar certas faces específicas deles, e invocar determinadas características. Para saber mais, veja esse texto que trata sobre o assunto.
   Hoje, apresento uma lista de epítetos keméticos tradicionais conferidos a Mut, traduzidos e adaptados para nossa língua. Podem ser usados em orações, rituais, meditações e em quaisquer situações que você queira evocar ou invocar esse aspecto de Mut que está retratado no epíteto escolhido.
   Essa lista não contém todos os títulos associados com essa deusa, e há muitos outros que podem ser encontrados, ou desenvolvidos na sua própria interação e culto a Mut. Os epítetos foram traduzidos a partir do blog Fiercely Bright One, de autoria da pesquisadora e escritora Chelsea Luellon Bolton, onde todos estavam referenciados no momento do acesso, em 21/09/2023.

Epítetos Tradicionais


• Senhora do céu
• Senhora dourada
• Filha augusta
• A bela
• De mãos belas
• Felina da Senhora do céu
• Boa gata
• Boa mãe
• Olho de Ra
• Cobra de Ra
• Filha de Ra
• Filha que se tornou mãe
• Maior na Enéada
• Maior das mães
• Grandiosa
• Grande Cobra
• Grande Uraeus
• Grande Jovem Leoa
• Grande de Temor
• Grande de Magia (Weret Hekau)
• Mãe Saudável
• Senhora da beleza
• Senhora do amor
• Senhora de Isheru
• Senhora do rugido
• Senhora do terror
• Senhora das Duas Terras
• Senhora das flores de lótus
• Senhora do Duat (submundo)
• Mais poderosa que os Deuses
• Senhora de todos os Deuses
• Senhora da casa de Amun
• Senhora da atração no palácio do Senhor dos Deuses (Amun-Ra)
• Senhora das coroas
• Senhora dos diademas
• Senhora de Karnak
• Senhora da Cobra
• Mãe de Khonsu, a Criança
• Mãe das Mães
• Mãe do seu país
• Mãe do Criador
• Mãe de Ra
• Mãe do canto da vitória
• De todas as Deusas
• Que vem de Tebas
• Serpente do palácio
• Mãe pacífica
• Nobre poderosa
• Princesa dos Deuses
• Mãe pura
• Rainha dos Deuses
• Regente dos Deuses
• Regente das Duas Terras
• Ela dá a luz do Sol
• Ela ilumina nossas faces quando brilha como Ra
• Ela que é grande no céu, como é no horizonte
• Cintilante como ouro
• Única no meio das Duas Terras
• Deusa solar
• Raios de sol descem dela
• Doce de voz
• Venerável
• Que apareceu no céu
• Que cobre o disco solar com sua luz
• Que cria a luz para repelir a escuridão
• Que dá a luz a todo deus
• Que ilumina toda a terra com seus raios
• Que cria vida e cospe a inundação
• Que reside em Shanhur
• Cujo temor e adoração estão no palácio
• Cuja forma é magnífica

A agradecer pela vida, luz e calor da Mãe das Mães,
   Alannyë Daeris

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Resenha: Thoth, The Hermes of Egypt - Patrick Boylan

   Sinopse (na língua original): The title of the essay has been chosen partly to suggest from the beginning an important and intelligible aspect of Thoth to the general reader, and partly to remind the student that a god who, at first sight, might seem to be a divinity of purely Egyptian importance, was, nevertheless, associated with such a widely flowing current of ancient thought as the speculation of the Hermetic writings.

Ficha Técnica


   Autor: Patrick Boylan
   Ano: 1922
   Editora: Oxford University Press
   Páginas: 226


   Publicado há mais de um século, Thoth, The Hermes of Egypt segue sendo a melhor e mais completa obra de referência acadêmica para o estudo acerca do Senhor dos Hieróglifos e Escriba Divino. O autor se concentra no Egito Dinástico, e apesar do que o título pode sugerir, há pouca menção aos sincretismos e manifestações posteriores de Thoth como Hermes Trismegistus no período Greco-Romano. Boa parte das fontes textuais pertencem ao período Ptolomaico, e para averiguar o pensamento teológico de períodos mais antigos, os Pyramid Texts (Textos das Pirâmides) foram empregados, bem como algumas citações relevantes do Book of the Dead (Livro dos Mortos).
   Dividido em capítulos que exploram diferentes aspectos de Thoth, como seu nome, a participação nos mitos Osirianos, sua relação com as Enéadas e como representante de Ra na Barca Solar, seus símbolos, sua importância como autor dos hieróglifos, suas características como Criador, o papel que desempenha na magia e no Ritual Egípcio, seus templos e locais de culto, os epítetos atribuídos, associações com outros deuses, dentre outros assuntos, realizando um exame completo das atribuições e conceitos que permeavam a relação dos egípcios com Thoth.
   Considero essa obra suficientemente acessível para leitores que não estejam acostumados com a linguagem mais acadêmica da área da egiptologia - ainda que o idioma seja uma barreira para falantes exclusivos da língua portuguesa, visto que não há uma tradução do inglês até a data da publicação dessa resenha. Entretanto, não havendo uma fonte melhor de estudos para tais conhecimentos básicos sobre Thoth, o esforço para desvendar esse livro é certamente recompensador. Para quem gosta de hieróglifos acompanhados de suas traduções, inclusive no caso dos epítetos, encontrará citações desse tipo em abundância nessa publicação - e elas são contextualizadas por meio de explicações sobre a dimensão mito-simbólica dos elementos presentes, e as relações estabelecidas com outras passagens e crenças da teologia egípcia.
   Desde o primeiro capítulo, que aborda os nomes de Thoth, encontramos uma quantia valiosa de notas de rodapé e fontes para aprofundamento dos estudos; contudo, infelizmente, uma boa parte dessas referências são obras em outras línguas estrangeiras, como o alemão e francês, que somam uma grande fatia dos estudos publicados sobre Egiptologia na virada do século XIX para XX - e na atualidade, muitas dessas referências são difíceis de localizar ou acessar. Felizmente, outras notas do autor ocupam um espaço significativo das páginas em determinados momentos, e agregam informações relevantes adicionais (ou teorias) sobre o assunto tratado no texto, o que pontua de forma muito positiva na minha opinião.
   Não importa a origem do seu interesse sobre Thoth - se é uma relação pessoal e devocional, ou apenas uma simples curiosidade por esse deus egípcio tão especial... Você terminará a leitura versado na multidimensionalidade de Thoth como uma divindade soberana, reverenciada com louvor e importância desde períodos antigos na história do Egito, atrelada a papéis teológicos de grande relevância. É um exemplar enxuto em extensão de páginas (entre 215-228pg de acordo com a edição) se considerarmos a profundidade do conhecimento genuíno que contém, embasado consistentemente nas fontes originais registradas por escribas e sacerdotes ao longo dos séculos.

A empregar as palavras em amor ao Residente na Biblioteca,
   Alannyë Daeris