Ficha Técnica
Autor: E. A. Wallis Budge
Ano: 2019
Editora: Madras
Páginas: 158
Uma edição que superou minhas expectativas. Publicações sobre Egiptologia no Brasil possuem uma fama controversa, e a editora em questão também já me forneceu algumas decepções no passado. Porém, apreciei bastante o trabalho que foi feito com O Livro dos Mortos. Suas páginas são ricamente ilustradas e coloridas com as cenas contidas no Papiro de Ani, detalhando também em forma de texto os símbolos e representações visuais presentes nas artes originais, o que engrandece bastante a experiência e a compreensão. É um deleite aos olhos, um livro muito belo esteticamente falando - e preciso fazer um adendo elogioso especial para essa capa maravilhosa, ainda que desejasse que fosse uma capa dura...
A tradução da tradução do Sir. Budge era algo que me preocupava um bocado antes de começar a ler, mas não tenho comentários negativos a tecer. Fiz a leitura do original em inglês há algum tempo, e acredito que está satisfatória, bem contextualizada e compreensível para leitores brasileiros. Tendo em mente, é claro, que essa é uma obra simbólica em todos os seus mínimos detalhes, exigindo do leitor paciência e concentração a cada frase se espera entender o que está sendo dito além das palavras.
Quanto ao conteúdo, as notas de rodapé são construtivas mas sinto que um trabalho mais extenso de tradução e explicação dos termos e nomes dos deuses egípcios citados, e até um esforço pela atualização de certas informações que hoje em dia estão ultrapassadas, teria sido positivo. Tenha certeza de que quanto mais você souber sobre a cultura e religião egípcia, melhor será sua experiência com O Livro dos Mortos, mas muito também pode ser compreendido só através dele. Julgo uma aquisição adequada para começar a desbravar os textos tradicionais keméticos, e absolutamente necessária para todos aqueles que nutrem algum tipo de interesse ou apreço pelos mistérios egípcios.
A jornada de Ani e sua esposa pelo pós-vida contém rituais, provações, e diálogos que expressam muito com poucas palavras, cânticos e hinos de louvor às manifestações divinas numerosas que vigiam e habitam o além, e instruções detalhadas para auxiliá-lo em sua passagem para a vida espiritual, e para o renascimento, a vida eterna ao lado dos Deuses. São tantos conceitos e alegorias apresentados que uma releitura posterior se faz quase obrigatória, bem como várias pausas para pesquisar e elucidar melhor os termos e nomes citados.
Tenho algumas críticas mas não se referem ao conteúdo, e sim à diagramação e edição do livro, pois em algumas páginas com ilustrações do papiro, pedaços grandes da imagem ficam escondidas na dobra da costura, e não é possível vislumbrar o conteúdo visual por completo. Em uma página (p.25), percebi uma nota solta em meio ao texto que não possuía correspondente no rodapé, e demorei alguns minutos procurando até perceber que estava fundida à imagem do papiro, e praticamente ilegível. Como digo no começo do texto, já tive decepções nesse sentido com a editora em questão, então esses incômodos infelizmente não me surpreenderam, mas encerro aqui afirmando que O Livro dos Mortos apresenta uma qualidade muito superior a outros títulos da Madras, e vale o investimento pela grandiosidade do conteúdo.
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A ler e reler,
Alannyë Daeris.
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