O começo de um mês era celebrado com um festival denominado Pesdjentiu (termo reconstruído a partir de inscrições em templos do período Ptolomaico, significando algo como "festival de lua nova"), uma observância importante na antiguidade e também nos tempos modernos, para praticantes de Kemetismo, devotos dos Netjeru, reconstrucionistas ou até mesmo pagãos e wiccanos que trabalhem dentro do viés egípcio. Há pouca informação além da que trago nesse texto disponível em livros e na internet, mas é o suficiente para que saibamos como incluir em nossas práticas pessoais e façamos nossas adaptações.
O Pesdjentiu é um momento de honrar seus Akhu (ancestrais honrados) com buquês de flores, alimentos, incensos e ervas aromáticas, bebidas e presentes. Divindades lunares como Djehuty (Thoth), Aah, Khonsu e Heru podem ser homenageadas, mas todos os Netjeru podem ser convidados para a celebração, ou mencionados em reverência. O ritual sugerido abaixo foi construído a partir da estrutura tradicional de Heka (magia) e usa também as invocações que eram faladas pelos egípcios, traduzidas para o português.
Pesdjentiu - Ritual de Lua Nova
Você precisará de:
• Uma vela branca para os Deuses.
• Uma vela branca para seus Akhu (opcional mas recomendado).
• Um sino, ou algum tipo de instrumento musical simples (triângulo, sistro, castanhola, até tambor ou chocalho podem ser usados). Se não tiver nada, não tem problema.
• Um incenso. Evite incensos de vareta, dê preferência para incensos naturais de bastão, smudge sticks, aromatizadores ou um recipiente com carvão litúrgico para queimar ervas aromáticas. Se você não puder fazer fumaça, unte sua testa e mãos com um óleo perfumado quando for a hora de oferecer o incenso.
• Oferendas de comer e beber; pelo menos uma de cada. Por exemplo, pão, bolo, biscoitos, carnes brancas, café, água gelada, cerveja, leite, sucos naturais, chás, enfim.
Purificar o ambiente antes desse ritual é recomendado, mas não é obrigatório, portanto faça-o sob sua discrição. Respire fundo, acenda as velas e toque um sino ou bata palmas três vezes. Faça o henu de reverência e fale o encantamento abaixo, traduzido a partir do Livro dos Mortos - Capítulo 135:
"Que se abram as nuvens! O turvo Olho de Ra está coberto, e Hórus (Heru) segue alegremente dia após dia, Grandioso de Forma e Pesado em Poder, para dissipar o esmaecer do olho com Seu fôlego ardente. Testemunhe, ó Ra, eu venho navegando, pois eu sou um dos quatro deuses nos cantos do céu, e eu mostro a você Aquele que está presente de dia. Ajeite os aprestos e cordames, pois não há oposição a Você. Para aquele que conhece esse feitiço, ele será um espírito digno no reino dos mortos (Duat), e não morrerá novamente no Duat, e comerá na presença de Osíris (Wesir). E para aquele que o conhece em Terra, será como Thoth (Djehuty), será cultuado pelos vivos, não cairá para o poder do rei ou a fúria calorosa de Bastet, e prosseguirá para uma velhice afortunada."
Agora é hora da oferta, e você pode usar esse momento para honrar seus deuses de culto, com orações ou conversas. Faça o henu de oferenda e diga:
"Recebam essa água fresca que é a Inundação
Recebam esse incenso, grande de pureza, aroma de purificação
Recebam esse alimento, o pão que os sustenta em adoração"
Toque o sino ou bata palmas.
"Uma oferenda de pão, cerveja, carne e ave, incenso e todas as coisas boas e puras das quais vive um deus, para Wesir, Khentiamentiu; para Ra-Horakhty; para a Grande e Pequena Enéada; para as Sete Hat-Hors e o Touro do Oeste; para os Bons Lemes nos quatro cantos do céu; para os Quatro Filhos de Heru; para todos os Netjeru em todos os seus lugares; todos os Guardiões do Duat; e o ka dos amados Akhu: [fale o nome dos falecidos que você deseja honrar]."
Faça o henu de oferenda novamente e diga:
"Voltem-se para essas que são Suas oferendas; recebam-nas de mim."
Toque o sino ou bata palmas. Prossiga o ritual até quando quiser; você pode meditar, interagir com os deuses e ancestrais, consultar oráculos, realizar feitiços, escrever ou recitar poemas e hinos, criar obras de arte, enfim. Quando quiser encerrar, beba e coma das oferendas - não precisa comer tudo, mas pelo menos dê algumas mordidas. Para encerrar, toque o sino novamente, diga "In-un-Ma'a (Assim é em verdade)", apague as velas e incenso e saia "de ré", sem virar as costas para o altar. Está feito.
Ritual adaptado a partir do livro "Circle of the Sun: Rites and Celebrations for Egyptian Pagans and Kemetics", de Sharon LaBorde.
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A celebrar os novos inícios,
Alannyë Daeris.
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