sábado, 31 de janeiro de 2015

O Mito de Anúbis

Anúbis em seu papel de pesar os corações dos mortos na
balança de Maat, durante o julgamento.
   Existem diversas fontes sobre quem são os pais de Anúbis, também conhecido como Yinepu entre os egípcios. O mito mais aceito, que aqui será descrito, é o de Néftis e Osíris. Usarei os nomes gregos para descrever as deidades citadas na história.

   Néftis, irmã de Isis, possuía muita inveja do amor que havia entre sua irmã e Osíris. Set, seu marido, não lhe dava tanta atenção e carinho quanto desejava. Assim, Néftis pensou em conseguir atrair esta atenção caso passasse a vestir-se como Isis, usar seus perfumes e jóias, mas acabava por não mudar nada na forma com que Set lhe tratava.
   Durante uma das noites em que passava sozinha, foi aos jardins do palácio para estar só e chorar por não ser feliz em sua vida amorosa. Osíris a viu, e, confundindo-a com Isis, fez amor com Néftis. Desta noite de união, Néftis engravidou. No entanto, Set era estéril, e Néftis sabia que só teria o desprezo e a fúria de seu esposo caso ele a encontrasse grávida.
   Néftis, temendo a vingança de Set, escondeu sua gravidez até o último momento, quando fugiu para o deserto e deu à luz em um pântano, abandonando a criança no mesmo lugar. Uma de suas criadas, que sabia do seu segredo, preocupou-se ao notar que Néftis já havia tido a criança mas não haviam sinais dela em lugar algum. A criada, então, buscou Isis e pediu sua ajuda. Isis utilizou-se de sua magia e conseguiu ver a criança a chorar no deserto, sozinha.
   Isis pediu que os chacais, conhecedores do deserto e que possuem bom faro, procurassem a criança no deserto. Os chacais a encontraram com queimaduras, com fome e dor. Isis pediu a uma chacal fêmea que o amamentasse imediatamente, pois de outra forma a criança morreria. Depois, banhou-a nas águas do Nilo, ungiu-a com óleos e lançou-lhe feitiços de proteção, para que não sentisse mais dor. Levou o bebê com a chacal fêmea que o amamentou para seu palácio, e cuidou da criança até que crescesse.
   Anúbis continuou sendo amamentado pela chacal, o que o fez adquirir características dos chacais: olfato e audição poderosas, seus instintos eram certeiros e nada escapava de sua visão. Isis deu-lhe um nome e ensinou-lhe a magia, o poder de ver através dos véus, de conhecer o mundo dos mortos, de compreender o futuro e o que há além da consciência. Isis cuidou-lhe como um filho, como se tivesse parido-o de seu marido, e assim Anúbis tornou-se seu guardião, seu leal companheiro e protetor.
   Quando Set atacou Osíris e o esquartejou, Anúbis buscou por seus pedaços em todos os cantos do Egito. Consolou tanto sua mãe de criação e tia, Isis, quanto sua verdadeira mãe, Néftis. Quando Isis uniu todos os pedaços do corpo de Osíris, Anúbis o embalsamou para que pudesse adentrar o mundo dos mortos e lá passar a ser o líder, o governante eterno. Anúbis, sendo filho de Osíris e conhecedor dos mistérios dos mortos, é seu companheiro em liderança no submundo, auxiliando-o e governando também sobre os que partem.
   Anúbis é conhecedor dos segredos da embalsamação, protetor das tumbas, um dos responsáveis pelo julgamento dos mortos e também quem guia as almas para chegarem ao mundo dos mortos. Anúbis coloca os corações para serem pesados por Maat em sua balança, e leva-os para serem devorados caso sejam mais pesados que a pena da deusa da justiça. Era ele quem liderava o mundo dos mortos antes que Osíris partisse para ele. Além disso, é conhecido como um guardião dos caminhos, protetor dos mortos e conhecedor da magia.

Fonte e inspiração do texto.
A conhecer os caminhos,
   Alannyë.

Pais Divinos

   O conceito de Pais Divinos é muito abordado por keméticos, ou seja, reconstrucionistas da religião egípcia antiga. Entretanto, não ocorre apenas entre os egípcios, pois podemos observar a ocorrência de "orixás de cabeça" nas religiões afrobrasileiras, que é mais ou menos o mesmo processo.
   Pais Divinos são aqueles que, ao moldarem nossa essência, dão o sopro de vida para criar nossa alma. É uma energia que ressona em nós, e que é a mesma em todas as reencarnações que passarmos, sem mudar. Ao nos criarem, os Pais Divinos deixam rastros e características de si em nós, sendo possível nos identificarmos com eles ao notarmos estas semelhanças.
   Acredita-se que podem haver até dois Pais Divinos para uma pessoa, independentemente do sexo destas deidades (pode ser um Pai e uma Mãe, duas Mães, ou somente dois Pais divinos) e ainda os conhecidos como "Beloved Ones" (Os Amados, em tradução livre). Os Beloved Ones escolheram lhe ajudar a ser quem você é, são como seus padrinhos. Cada pessoa tem até quatro Beloved Ones, que são os Deuses com os quais se identifica mas não por completo.
   Para conhecer nossos Pais Divinos, precisamos conhecer muito bem a nós mesmos. Nossas características sempre serão similares, então ao entendermos o que nós atrai, qual tipo de essência é a que compõe nossa alma, poderemos nos aproximar de nossos Pais Divinos até que saibamos exatamente quem são ambos. Uma pessoa que possua muitas características da terra provavelmente terá algo de deidades com esses arquétipos, sendo assim, torna-se mais fácil buscar encontrarmos nossos Pais Divinos.
   Os Beloved Ones não necessariamente possuem a mesma energia que nós, porém, certamente estarão presentes em características menores e em nossa vida de diferentes maneiras. São aquelas deidades com as quais nos identificamos em alguns pontos, e que sentimos uma forte conexão, mesmo que possam diferir muito em relação às nossas atitudes e pensamentos.
   Pode-se, após conhecer bem nossa essência - quais nossas características, defeitos, pontos fortes, forma de pensar e agir, qual elemento temos maior conexão, enfim -, aproximar-se de diversos Deuses que acreditamos terem esta mesma essência. Assim, com o culto e o estudo, compreenderemos melhor o que temos ou não em comum, para que possamos tentar concluir se determinada deidade é ou não nosso Pai/Mãe Divino/a.
   Caso se tenha estudado muito e ainda não haja certeza, pode-se meditar com a deidade que se deseja saber, checar em um oráculo perguntando à divindade, ou ainda realizar um ritual específico para isto. O ritual pode ser criado por você, para perguntar ao universo, e ao Deus e à Deusa para que lhe indiquem através de sinais claros quem são seus Pais Divinos. Este processo também pode ser feito para conhecer os Beloved Ones.
   Para ler mais - e conhecer a fonte da qual retirei informações -, leia esta postagem no Fórum da Tradição Caminhos das Sombras.

Com o sopro dos Deuses,
   Alannyë.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Bruxaria no Cotidiano

Manter um pequeno altar com elementos naturais
também é uma ótima forma de melhorar nossa
conexão com os Deuses!
   A magia nos cerca. Faz parte de nós, e de tudo que tocamos, vemos, ouvimos e pensamos. Ainda assim, muitas pessoas acreditam ser difícil possuir um contato maior com a Velha Religião - se tratando de bruxaria, ou de qualquer vertente do paganismo, isto é um pensamento bastante equivocado.
   Com o paganismo, compreendemos que a natureza e tudo que dela é extraído ou que dela faça parte é sagrado. Há energias do Sagrado Feminino e do Sagrado feminino em tudo que há. Portanto, não é difícil cultivarmos hábitos de honra e de conexão com os Deuses, seres mágicos e elementais em nosso cotidiano, mesmo que se tenha um cotidiano agitado e estressante.
   Algumas das pequenas atitudes que podemos adotar são:

   ☽❍☾ Dedicar um dia da semana para cultuar uma deidade específica. Assim, você pode meditar e entrar em contato com esta deidade livremente durante o dia inteiro, ofertar pequenas ações para ela, meditar, enfim.

   ☽❍☾ Antes de se levantar, fazer uma prece simples e agradecer aos Deuses pela noite e pelo dia que passou, pedir força e bênçãos para o dia que se inicia.

   ☽❍☾ Ao ir deitar, manter a prática de meditar - seja consigo mesmo, seja com a Deusa ou com o Deus, seja com deidades específicas ou com seres mágicos. Se não conseguir meditar durante a noite, separe alguns minutinhos do seu dia para isto.

   ☽❍☾ Acender incensos ocasionalmente, estabelecendo finalidades quando acendê-los. Por exemplo, acender durante alguns minutos um incenso de rosas e ao colocar a chama, visualizar o amor se fortalecendo em sua vida.

   ☽❍☾ Ofertar pequenas atividades aos Deuses ou seres mágicos, como na hora de praticar esportes, cozinhar, quando estiver desenhando, tocando algum instrumento, escrevendo, cozinhando, estudando, limpando a casa, enfim. É bastante simples: antes de realizar a atividade, feche os olhos e diga, ou pense: "Fulano (seja um Deus, Deusa, elemental, Dragão, Fada ou o quem quer que seja), eu lhe oferto esta atividade com todo o meu coração!". Prontinho!

   ☽❍☾ Mantenha um pequeno jardim com diversas plantas, cuidando-as para que cresçam bem e saudáveis. Você pode uni-las a um campo da sua vida - por exemplo, uma roseira ser conectada à sua vida amorosa - e cuidar das plantas para que floresçam junto com sua vida.

   ☽❍☾ Antes de se alimentar com frutas, saladas ou comida naturais, pedir as bênçãos dos Deuses e agradecer a eles pela fartura que há em sua vida. Isto pode ser feito em qualquer refeição, porém frutas podem ser dadas como oferendas, especialmente para os elementais.

   ☽❍☾ Quando estiver cozinhando, faça-o de bom humor, pois as energias que você estiver carregando serão transmitidas para a comida, e assim você pode impregná-las com sentimentos bons e frutíferos. Além disso, preste atenção aos temperos e ingredientes - muitos alimentos e ervas usados por nós possuem propriedades mágicas! Conheça-as e invoque-as quando utilizar na cozinha. Por exemplo, o louro possui conexões com a prosperidade. Se for utilizar louro como tempero, invoque a prosperidade do louco para sua comida!

   ☽❍☾ Ao realizar atividades de limpeza, como tomar banho e limpar a casa, você pode realizar a ação como se fosse mágica, como um ritual para banir as energias impuras e negativas da sua casa. Quando varrer a casa, por exemplo, visualize-se levando para fora de sua casa não apenas as sujeiras físicas, mas também todos os problemas e conflitos que possam estar ali. Esta dica pode ser melhorada com o uso de ervas misturadas na água de quando você for lavar o chão de sua casa, ou com incensos para purificar e tornar os ambientes repletos de boas energias.

A cultuar os Deuses de todas as maneiras,
   Alannyë.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Simpatias Populares

   A bruxaria é conhecida como "a Arte", ou a "Antiga Religião" por suas raízes profundas e que remontam à tempos imemoriais, quando a humanidade estava recém dando seus primeiros passos. E, por sua tão longa história, é comum que existam muitos elementos "bruxescos" em nossa sociedade.
   Por exemplo, o uso de ervas era um conhecimento que as bruxas, curandeiras e mulheres sábias detinham durante as épocas da Idade Média, quando médicos eram escassos e seus tratamentos não eram dos mais eficazes. E esta sabedoria popular permanece até hoje, como quando você ouve alguém falar algo como "tomarei um banho de sal grosso para me livrar das más energias".
   Simpatias populares podem ser muito úteis, e são uma forma de magia bastante comum mesmo para quem não conhece ou não adere à bruxaria. Elas podem ser adaptadas e utilizadas em diferentes situações, se provando muito eficazes! Você verá muitas semelhanças com a magia que praticamos, com os rituais e feitiços que elaboramos para alcançar nossos objetivos. Por isto, não torça o nariz quando alguém mais velho lhe falar alguma simpatia, pois sempre há algo a se aprender, ou a se melhorar!

   Encontrar objetos perdidos


   Em um vaso que contenha terra - pode ter plantas ou não -, mentalize ou fale para os gnomos com uma expressão séria que eles devem parar de esconder o objeto perdido, e que você não quer brincar agora! Então, espete um palito, uma faca, ou algo pontudo na terra, dizendo que só tirará quando o objeto retornar para suas mãos.

   Proteção da casa


   Pegue um copo d'água e encha-o até mais da metade. Então, pegue um pedaço de carvão vegetal e coloque dentro da água, mentalizando que ele servirá para acumular todas as energias negativas do local para si. Coloque em um cantinho escondido, e observe o quanto demora para que ele afunde. Quanto mais demorar, mais é indício de que a casa precisa de uma purificação.
   Quando o carvão terminar de afundar, você pode substituí-lo por outro, caso deseje. Deixe o antigo em um jardim, para que as energias negativas sejam absorvidas e transmutadas pela terra. Pode também jogá-lo em água corrente e depois colocar no lixo, caso não seja possível deixar em um jardim.

   Fortuna e riquezas


   Pegue uma taça, um pote pequeno ou um pratinho, de preferência de cor dourada ou verde. Ofereça-o para alguma deidade de prosperidade, ou para um Deus ou Deusa que você cultua. Pode ofertar a seres mágicos, caso cultue e trabalhe com algum (por exemplo, aos Dragões ou Fadas).
   Deixe este recipiente em seu quarto ou na sala. Vá adicionando moedas a medida que sobram ou que você as encontra, sempre agradecendo à deidade ou ao ser mágico e ofertando a eles quando adicionar mais moedas. Quando adicionar as moedas, visualize o dinheiro que você deseja, mentalize-o se materializando em sua vida.
   Podem ser moedas das mais diferentes origens, e também de todos os valores. Peça por prosperidade, ofereça a quem quer que seja consagrado este feitiço, e diga que você quer as bênçãos para que nunca falte dinheiro em sua casa, que ele seja próspero e frutífero.
   Você pode manter esse feitiço por bastante tempo, ou deixar um tempo delimitado - por exemplo, um mês. Ao terminar o prazo, ou quando estiver muito cheio, você pode agradecer à deidade ou ao ser mágico a quem ofertou, e então gastar o dinheiro. Não se preocupe com estar ofendendo-os, pois as energias de agradecimento e de oferta já foram aproveitadas pelo Deus, Deusa ou ser mágico.


   Fortalecer laços amorosos


  Esse feitiço é muito famoso e também faz por merecer, pois costuma funcionar muito bem - mas não espere que conseguirá fazer alguém cair de amores por você caso essa pessoa já não tenha sentimentos. Ele só atenuará e fortalecerá o que já existe.
   Em uma sexta feira, que é o dia de Vênus (ou veja esta tabela para os horários mais auspiciosos), pegue uma maçã e corte ao meio. Escreva seu nome e o da pessoa, visualizando os laços que os ligam, os sentimentos que vocês possuem e o que você quer fortalecer. Pode ser os laços afetuosos, o lado sexual, a amizade, levar embora o ciúme e os problemas, enfim.
   Coloque o papelzinho dentro da maçã, e amarre-a com uma fita verde, rosa ou vermelha. A verde seria para a amizade e equilíbrio, a rosa para o romance e também a amizade, a vermelha para a paixão. Escolha a que mais se adequar.
   Agora, coloque mel ao redor da maçã, mentalizando ou dizendo que seus laços estão sendo fortalecidos, e que o amor de vocês superará obstáculos, enfim, faça seu encantamento da forma que melhor lhe convir. Depois que fizer, pode salpicar com açúcar para adoçar ainda mais o relacionamento, e então enterre em algum jardim bonito e florido.

A enriquecer-se com sabedoria,
   Alannyë.

Uma visão pagã da morte.

Na Wicca e em muitas vertentes do paganismo,
o inverno e a neve são os maiores símbolos
da morte.
   Em muitas civilizações, incluindo a atual em que vivemos, a morte é vista como algo ruim, de mau agouro, que nos traz uma ideia muito forte de dor, tristezas e perda. A egrégora da morte, em um sentido geral, é sentida assim: interrupções, injustiça, lamentações. Entretanto, não são todas as pessoas nem crenças que veem a morte desta maneira.
   O paganismo, em um sentido mais amplo, vê a morte como uma passagem, um portal para a continuação da nossa jornada. Claro que existem exceções, e nem todos os pagãos possuem esta visão sobre a morte. No entanto, como pode-se visualizar em conceitos como o renascimento, é esta a ideia que impera entre os que creem em Deuses antigos e trazem suas características para a vida cotidiana.
   Muitas das culturas pagãs possuem visões de renascimento, o que é resgatado por religiões neopagãs como a Wicca, ou reconstrucionistas como o Kemetismo. Todas estas religiões baseadas em povos antigos possuem submundos, que não são locais de sofrimento e de torturas, mas sim de aprendizado e preparação para retornar à vida. Em alguns casos, durante a passagem pelo submundo, há uma aprendizagem através das consequências do que se fez em vida, uma forma de pagar pelos erros, mas não é uma visão compartilhada por muitas crenças pagãs. Esta é uma ideia mais cristã, de inferno e de sofrimento, que muitos aos deixarem para trás esta religião, também deixam suas doutrinas bem distantes de si.
   A morte faz parte da natureza, faz parte do ciclo da vida. Ao estudar e conhecer o paganismo, as diferentes vertentes e visões pagãs, este é um conhecimento que sempre será dividido e compartilhado, talvez com diferentes atribuições e algumas idiossincrasias, mas nunca há uma aversão! A vida necessita da morte, e vice-versa. Nós conhecemos a morte e a difícil transição quando passamos por invernos rigorosos, quando a natureza perece em sua grande maioria, os alimentos ficam escassos, os animais hibernam ou perecem. Da mesma maneira, sabemos que após cada inverno, as sementes brotam mais fortes, a natureza renasce com todo o seu poder e esplendor.
   Desta forma, não deve haver temor, medo ou tristeza em relação à morte. Deve-se compreender que é necessária para a perpetuação da vida, e que não haverá lugar para sentimentos ruins além da vida, apenas o aprendizado para que retornemos e aprendamos cada vez mais. Muitos Deuses da morte e do submundo são bastante temidos - como Hécate, Hades e Perséfone -, embora não haja o que ser temido, apenas respeitado e honrando como os poderosos Deuses que são.
   Enquanto algumas pessoas temem e rejeitam a ideia de morte, de abandonar seu corpo e realizarem a transição, outras culturas - especialmente pagãs - realizam o oposto. Entre os nórdicos, e não apenas estes povos, havia muitas celebrações quando alguém falecia. Isto ocorria porque, para esta cultura, morrer significa ir de encontro aos Deuses, especialmente quando se morre de forma honrosa. Os astecas, que realizavam sacrifícios humanos aos Deuses, se sentiam honrados e especiais ao se ofertarem para partir em busca do encontro com os Deuses. Assim, há esta visão entre uma grande quantidade de pagãos, que acreditam que esta transição que ocorre além da vida será alegre e deve ser comemorada, não um motivo de tristeza e luto.
   Muitos Wiccanos acreditam no conceito de Summerland, que seria um submundo, um reino para o qual todos os Wiccanos que desejassem partiriam após a morte. No mito da Roda do Ano, o Deus parte para Summerland, onde morre e renasce do útero da Deusa. Assim, no Summerland, o Deus está em sua face Senhor das Sombras, que guarda os portões que transitaremos após nossa morte, e é quem nos acolhe, juntamente com a Deusa.
   Há muitas discrepâncias sobre Summerland, pois alguns sacerdotes acreditam que lá permaneceremos com o Deus e com a Deusa até sempre, tornando-nos parte das energias primordiais, enquanto outros acreditam que é um local de transição para que retornemos à vida. De qualquer maneira, é geralmente descrito como um local onde a natureza está em seu auge, bela e intocada, com verões agradáveis e aromas a deliciar a quem lá está.
   Como o paganismo no geral pode acabar sendo uma junção de diversas visões e crenças, é bastante aceito que o que ocorrerá conosco após a morte - renascimento, permanecimento em algum submundo específico, ida temporária para Summerland ou apenas passagem por outro submundo - será de escolha pessoal. Seja por culto específico de determinadas deidades - por exemplo, um pagão que participe de uma religião reconstrucionista provavelmente terá uma transição como as da sua cultura -, por maior afinidade com algum submundo específico, por concordar com as visões de um povo, ou por simplesmente expressar seu desejo ao panteão que cultua.
   Particularmente, acredito que cada pagão crê e escolhe no submundo, ou na ideia de morte e renascimento que melhor acredita ser para si. Minha visão para submundo será a de que partirei ao Folkvangr, unindo-me à Freyja e aos escolhidos para irem a este salão, e optarei por renascer se assim o quiser. Conheço visões de pessoas que simplesmente acreditam que retornarão ao útero da Deusa para renascerem, como também conheço ideias que diferem disto. Logo, a crença em relação à morte varia de acordo com a pessoa, sendo bastante pessoal.

A celebrar o ciclo da vida,
   Alannyë.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Praticando Magia: Como proceder?

   Mesmo quem se dedica a estudar as diferentes vertentes da bruxaria, pode ter um pouco de confusão ao resolver começar a praticar a magia. Largar a teoria pode parecer difícil, mas lhe asseguro que não é um bicho de sete cabeças!
   Quando começamos a realmente praticar magia, seja através de feitiços, rituais, poções ou qualquer outra atividade mágica, estaremos colocando tudo o que estudamos em prática.
   É praticando que descobriremos aonde precisamos estudar mais, o que não entendemos direito, o que concordamos e não concordamos. E claro, errar faz parte, mas podemos (e devemos) evitar ao máximo estes deslizes. Como?
 
   1. Saiba o que está fazendo. Entenda o porquê está fazendo esta magia desta forma e não de outra. Não adianta simplesmente repetir o ritual que copiou de um livro! Você precisa compreender o que está sendo feito, porque está sendo feito assim, porque você deve usar este ingrediente, etc. Simplesmente agir sem ter paixão, sem compreender, não adianta nada! Por isto as três bases da magia, para mim, são: concentração, intenção e visualização.

   2. Conheça tudo que está usando em sua magia. Estude as ervas, os incensos, óleos, os símbolos, estude como se prepara um ritual, como se estrutura um feitiço, como se faz uma poção. Estude os horários mais propícios, que energias invocar, como invocá-las, como proceder. Tudo isto faz parte da magia, todos os mínimos detalhes devem ser pensados. Misturar ervas incompatíveis, símbolos diferentes, óleos, incensos ou outros elementos que não sejam da mesma energia pode acabar anulando seu feitiço, ou ainda pior: lhe render o efeito contrário.

   3. Prepare-se antes de realizar magia. Purifique-se, limpe e purifique o local, separe tudo o que utilizará, deixe tudo à mão, próximo de você. Não tem nada pior do que estar concentrado e ter que parar tudo, se desculpar aos elementais e/ou Deuses, desfazer o círculo mágico, ir procurar o que faltou e começar tudo de novo. É um trabalho desnecessário, que ocorre por falta de responsabilidade e organização. Também evite permitir que ocorram interrupções, pois elas lhe desconcentram e podem simplesmente acabar com toda a energia que você acumulou até agora. Isto pode, inclusive, desfazer toda a magia e fazer com que não funcione mesmo!

   4. Tenha calma, aja espontaneamente. Precisa falar um encantamento durante o feitiço? Seja sincero, fale de coração. Precisa agradecer uma deidade? Fale o que sente, não minta nem aumente o que você realmente está pensando. Quer ofertar algo como dança ou música? Simplesmente relaxe e deixe rolar. Não tenha pressa, por isto, evite fazer magia quando possa ser interrompido.

   5. Não tenha pressa para ver as consequências da magia - e também não ache que tudo cairá do céu agora. Você deve crer, mas principalmente, agir para que tudo dê certo. Seu feitiço, ritual, encantamento, poção, ou seja lá o que tenha feito ajudará muito, mas apenas criará oportunidades, não trará nada pronto. Preste atenção nas coisas que serão desencadeadas, coincidências, eventos e fatos que lhe chamam a atenção e tenham relação. Podem surgir oportunidades onde você menos imagina!
 
   6. Não substitua ou modifique muito caso esteja seguindo uma "receita". Isto vale apenas para poções, feitiços e rituais! Em encantamentos, consagrações e purificações, você pode mudar uma coisa ou outra, a menos que diga expressamente que não pode. Se a pessoa escreveu daquele jeito, foi por motivos específicos. Modifique apenas se considerar que alguma coisa realmente esteja errada, se não considerar correto ou não utilizar determinada coisa em seu culto pessoal - mas puder colocar outra equivalente no lugar da que tirou-, ou se no texto indique que você pode fazer algumas substituições em elementos que possam ser opcionais.

   7. Cuidado com a maneira que você lida com os Deuses. Você não deve de forma alguma utilizar os Deuses apenas para um feitiço, um encantamento e pronto. Isto é errado, é antiético, é ser egoísta, interesseiro, mesquinho, e tudo que pode haver de pior em um bruxo! O que quero dizer com isso: além de não dar certo, pode acabar lhe rendendo uma boa de uma maldição. Se quiser realizar algum feitiço com uma deidade que não tem afinidade, medite com ela, seja respeitoso, faça oferendas mesmo que bastante simples - um incenso, uma vela, um poema, uma flor - e de coração, não espere que possa exigir que um Deus ou Deusa goste de ser usado só para uma finalidade e pronto.

   8. Evite praticar magia com deidades sem conhecê-las bem antes. Leia a história da deidade, as lendas sobre ela, procure informações em diversas fontes para compreender como é a personalidade do Deus ou da Deusa em questão. Se achar que as energias batem, que pode dar certo, faça - mas sendo respeitoso, tratando com honra e sempre agradecendo pela ajuda com oferendas e com aquela palavrinha mágica: "obrigada". Se estiver com dúvida se aquele Deus ou Deusa podem ser legais pra um determinado feitiço, pergunte pra ele em meditação, ou consulte um oráculo pedindo ao Deus ou Deusa que lhe responda.

   Acredito que estas sejam dicas bastante úteis e simples, que lhe ajudarão muito! A magia está sendo feita a cada segundo, a cada momento, compreenda como utilizá-la e aproveitá-la das melhores maneiras, mas sempre agindo com responsabilidade. Isso é essencial.

A se entregar à magia,
   Alannyë.

Encantamentos

Encantamentos são como magia feita com o ar! 
   Em um sentido bastante geral e amplo, encantamentos (chant, em inglês) são uma forma de magia falada, através de palavras e rimas, para que determinado objeto, talismã, amuleto, feitiço, ritual, etc, esteja imbuído de magia. Algumas bruxas usam cantigas, ou seja, cantam para os objetos - exatamente por isto o nome é "encantamento". Pode-se usar mantras, palavras, sílabas, uma infinidade de maneiras para que algo seja encantado.
   Ou seja, de uma forma mais simples, encantamentos são formas de tornar diversos objetos cotidianos em objetos mágicos, com finalidades e energias mágicas. O encantamento é como transformar um desejo, uma vontade ou um objetivo em algo real, tangível. Algumas pessoas simplesmente recitam uma frase, outras criam versos para objetivos específicos, outras utilizam um processo de "desmembramento" da frase para criar sílabas e mantras.

Como eu faço um encantamento?


   O encantamento é, provavelmente, a forma de magia mais prática e simples que pode existir. Você precisa um pouco de concentração, visualização e intenção, e pode treinar os três com encantamentos simples. É muito importante conseguir visualizar a energia que você quer sendo direcionada para o objeto ou o que quer que você esteja fazendo.
   Se você não tem muita prática em magia, e quer tentar com encantamentos, pode visualizar um feixe de luz sendo direcionado das suas mãos para o objeto, sendo enviado para seu objetivo. Pode colocar as mãos em cima do objeto, tocar nele, fazer um gesto, enfim, desde que consiga visualizar e sentir a energia saindo de você e indo para o que você quer colocar suas energias para conseguir alcançar seu desejo.
   Algumas das maneiras de criar encantamentos são:

   ☽❍☾ Falando uma frase. Por exemplo, quero que determinado colar me traga alegrias. Vou pegá-lo e dizer com intenção: "Você me traz alegrias.". Quando eu disser, estarei imaginando tais alegrias que almejo no meu cotidiano, estarei preenchendo-o de energias, pensamentos e sentimentos alegres. Está feito.

   ☽❍☾ Utilizando rimas. Você pode encontrar feitiços em diversas fontes que possuam rimas que você deve mentalizar ou falar em voz alta. Isto é uma forma de encantamento mais forte, digamos assim, pois usa as palavras para trazer mais magia ao objeto que será imbuído em magia. Ao falar as rimas, você deve igualmente visualizar o que almeja, pois sem visualização nenhuma forma de magia funciona!

   ☽❍☾ Criando mantras. Digamos que meu encantamento seja o mesmo do primeiro exemplo, "Você me trará alegrias". Eu posso pegar a frase e retirar as consoantes, retirar as consoantes que repetem, retirar algumas vogais, trocar a ordem das sílabas, etc etc etc. Transforme a frase em uma sequência de sílabas, como "em ra tra gri ce le", e repita. Visualize o que deseja com o mantra que criou, e repita o mantra quantas vezes quiser.

   ☽❍☾ Cantarolando. Neste caso, devo ter uma concentração e visualização bem maiores, pois nada será dito, apenas entoado. Você pode repetir uma única sílaba ou letra enquanto canta, como por exemplo, repetir o "a" no caso de ser o exemplo do colar para a alegria. Pode também cantar simplesmente "alegria" em diversas formas e vozes para fortalecer o pedido.
   Enquanto você estiver cantarolando, deve imaginar estas alegrias, visualizá-las sendo enviadas para o objeto, cantar em um ritmo que possua ligação com aquilo que você quer - no caso, alegria, você deve estar cantarolando alegremente, alto, feliz, em um ritmo animado -, e transmitir isto através de sua voz para o objeto.

   Dicas para encantamentos!


   ☽❍☾ Tente ser direto, não enrole. Não fale um texto enorme, apenas diga o que quer. É um romance? Então diga, "Quero um namorado". Tenha convicção e visualize o que quer, senão, de nada adiantará.
   ☽❍☾ Se for rimar, faça rimas que tenham sentido, não precisa incrementar muito. Não tem porque complicar em algo simples. A probabilidade de dar errado se você ficar enrolando é bem maior!
   ☽❍☾ Concentre-se. Não fique receoso, nervoso, com medo, etc. Simplesmente deixe fluir.
   ☽❍☾ Evite falar encantamentos com palavras de negação. Se quiser afastar alguém, ao invés de dizer "Não quero fulano na minha vida", diga "Quero estar livre de fulano".
   ☽❍☾ Não use palavras muito duvidosas ou incertas. Por exemplo, "Eu gostaria de ...". Ao invés disso, use "Eu quero ...", "Eu posso ...". Isto traz mais poder para sua magia e reafirma suas capacidades mágicas.
 
A encantar em todo lugar,
   Alannyë.

Imbolc

   Após o Yule, segue-se na Roda do Ano o Sabbath do Imbolc. É celebrado em 1 de fevereiro no Hemisfério Norte, e em 1 de agosto no Hemisfério Sul. No Imbolc, a Deusa está em sua face Donzela, e é conhecida como "Noiva do Sol".
   Embora seja celebrado ainda durante o inverno, o Imbolc possui muitas características de busca, de resgate da luz e retorno do calor, do verão. É um dos quatro principais festivais gaélicos - juntamente com Lughnasadh ou Lammas, Beltane e Samhain. Este festival pode ser conhecido como "Dia de Brigit", pois é uma Deusa muito cultuada, que era o foco dos cultos e celebrações pelos gaélicos e celtas. Também é chamado Candlemmas, ocasionalmente. A Lupercália é considerada a celebração equivalente ao Imbolc na cultura romana.
   É um festival com muita luz e fogueiras, sendo uma das tradições colocar velas por todas as janelas e portas, em estantes e mesas, para celebrar o fim do inverno e a germinação das sementes que logo brotarão. Brigit é uma Deusa com ligações fortes com a criatividade, o fogo criador, a cura e a metalurgia, e é considerada uma Deusa do fogo. Assim, o fogo é uma forma de honrá-la, e também de celebrar este Sabbath.
   Além das fogueiras e velas, Brigit era esperada nas casas com decorações, e eram feitas bonecas para representá-la, e assim ela traria suas bênçãos de proteção, como um amuleto. Também eram confeccionadas camas pequenas, onde se depositavam comida, bebida, e oferendas para Brigit. As roupas cotidianas eram deixadas no lado de fora das casas, pois acreditava-se que seriam abençoadas.
   O Imbolc é um Sabbath que preza muito a divinação, e acredita-se que durante este festival, os gaélicos visitavam espelhos d'água como lagos ou riachos, para que fossem agraciados com visões do futuro. Ou seja, o Scrying é uma atividade bastante interessante para se realizar durante a noite de Imbolc. Não apenas o Scrying, mas todas as formas de consulta a oráculos, como o Tarot, Ogham, Runas e diversos outros utensílios divinatórios. A divinação com chamas pode ser bastante interessante, por este ser um Sabbath de fogo e luz!
   Não só a divinação pode ser praticada, mas também a escrita e leitura de poemas como oferta aos Deuses, a realização de trabalhos manuais - artesanato, desenhos, pinturas, dentre todas as outras práticas que prezem a criatividade. Os poemas podem ser oferecidos, recitados e então queimados na fogueira do caldeirão ao final do ritual, juntamente com os pedidos e agradecimentos aos Deuses.
   Os pedidos para o Imbolc podem ser no sentido de cura, crescimento, prosperidade, proteção, fortalecimento, inspiração, inícios de planos e projetos. O Imbolc costuma ser a data quando alguns covens iniciam seus aprendizes, principalmente pelas características de crescimento e inícios prósperos. O Deus está jovem, mas crescendo e se tornando cada vez mais forte, e sua luz está começando a irradiar nas casas e no coração das pessoas. Assim, pedidos com relação à casa e a família, ao amor e relacionamentos de amizade ou romance podem ser bastante fortalecidos pelo Imbolc.
   Outras atividades podem ser a confecção de amuletos e talismãs, e pedidos por inspiração e por criatividade. A boneca representando a Deusa, geralmente criada com ervas e sementes, pode ser feita juntamente com a Cruz de Brigit, um amuleto de proteção para a casa e para a família. O Imbolc também pode ser marcado pela purificação para anteceder a primavera, e isto pode ser feito através de banhos mágicos, purificações com incensos e queima de ervas, dentre muitas outras maneiras.
 
   Incensos típico do Imbolc: mirra, jasmim, iris, lótus, canela, violeta, baunilha.
   Pedras típicas do Imbolc: ametista, granada, rubi, turquesa, jaspe vermelho.
   As cores que representam o Imbolc são: vermelho, amarelo, lavanda, verde claro, branco, laranja.
   Ervas típicas do Imbolc: camomila, lavanda, louro, manjericão, angélica, mirra, canela, violeta, framboesa, dente de leão. Flores de coloração amarela, branca ou laranja também podem ser usadas.
   Comidas típicas do Imbolc: laticínios, comidas bastante apimentadas, com molhos.
   As Deusas que tem ligação com o Imbolc são as Deusas do fogo e as que possuem a face Donzela aflorada. Por exemplo, Brigit, Athena, Héstia, Aradia, Vesta, Diana, Cerridwen, Venus, Bast.
   Os Deuses que tem ligação com o Imbolc são os Deuses jovens ou em face de Deus Cornífero. Por exemplo, Cernunnos, Eros, Pan, Herne, Osíris.

A celebrar entre o fogo,
   Alannyë.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Lammas, ou Lughnasadh

   O Sabbath que ocorre logo após o Litha - o sabbath de Solstício de Verão -, é conhecido como Lammas. É o primeiro dos três festivais de colheita do ano, e é celebrado em 1º de agosto no Hemisfério Norte, e em 2 de fevereiro no Hemisfério Sul.
   No Lammas, agradecemos por tudo o que estamos começando a colher em nossas vidas. O poder fértil do Deus semeou e fertilizou a terra, e agora o agradecemos por suas energias de crescimento. O Deus começa seu declínio desde o Litha, quando chega ao seu ápice - os dias já estão se tornando mais curtos, e as noites, mais longas.
   Também conhecido como Lughnasadh, este era um festival céltico para o deus Lugh, o Deus-Sol, o maior de todos os guerreiros. Lughnasadh significa "Massa de Lugh", por virtude da tradição de se utilizar os grãos das colheitas para cozinhar pães ou bolos de grãos e dividi-los durante o festival. Esta é uma atividade que é frequente em celebrações do Lammas, podendo ser feita não apenas com os grupos do coven, caso você possua um, mas também com sua família e amigos.
   Este sabbath costuma possuir fartura de alimentos, como vinho, sucos, bolos, pães, biscoitos, e muitas frutas. Você pode fazer um pequeno banquete para celebrar com os Deuses, ofertando a eles as primeiras fatias de comida, e o primeiro gole da bebida que esteja tomando. Pode-se deixar estas ofertas em um prato em seu altar, e queimar logo após terminar as celebrações, agradecendo as bênçãos e a presença dos Deuses em seu ritual.
   Outra tradição, além dos pães de grãos, é a de confeccionar bonecos representando o Deus e a Deusa em palha de milho. Estes bonecos, chamados Senhor e Senhora do Milho, serão ofertados aos Deuses, e então guardados no altar até o próximo Lammas, quando serão queimados. Ou seja, se você celebrou o Lammas no ano passado, este ano poderá queimar em seu caldeirão, durante os rituais do Lammas, os dois bonecos de palha de milho, ofertando-os aos Deuses e agradecendo por todas as bênçãos que eles lhe trouxeram.
   No Lammas, agradece-se por tudo o que recebemos de bênçãos, por todas as coisas que passamos até hoje, sejam elas boas ou ruins. Também pode-se agradecer e/ou pedir por habilidades manuais, como o artesanato, coisas relacionadas à criatividade. O poder do Deus pode ser invocado para libertar medos, trazer bênçãos, justiça, ajudar em necessidades. É um momento de introspecção e de estar grato por tudo que temos, pelo alimento farto na mesa, pela vida que possuímos, pela saúde, pelos amigos e familiares. Pode-se pedir por prosperidade e fartura, para que as bênçãos dos Deuses prossigam em nossa vida.
 
   Incensos típicos do Lammas: acácia, carvalho, olíbano, hortelã, sândalo, rosa, maçã.
   Pedras típicas do Lammas: citrino, aventurina, peridoto.
   As cores que representam o Lammas são: laranja, amarelo, verde-escuro, dourado e marrom.
   Ervas típicas do Lammas: aveia, trigo, nozes, milho, uva, maçã verde, hortelã, calêndula, carvalho, aloe vera, girassol, amora. Todas as frutas e alimentos típicos da estação podem servir!
   Comidas típicas do Lammas: pães, bolos, massas, carnes, tortas, cidras, sucos, cerveja, vinho. As frutas podem utilizadas na refeição ou também utilizadas em receitas de bolos e nas bebidas, além de mel, que também é bastante típico da época.
   As Deusas que tem ligação com o Lammas são as com a face Mãe bastante aflorada, principalmente as com ligação com a natureza: Deméter, Brigit, Gaia, Diana, Danu, Ceres,
   Os Deuses que tem ligação com o Lammas são principalmente os que possuem o lado Green Man, ou Senhor das Matas, mais aflorado. Por exemplo, Baco, Dioniso, Pan, Dagda. Deuses-Sol também são representados, como Apolo, Lugh, Hélio, Rá.

domingo, 25 de janeiro de 2015

O Manifesto da Bruxa

Eu devo perseguir meus ideais mais altos
Eu devo aspirar uma boa ética em minha vida
Eu devo demandar integridade de mim mesma
Eu devo sempre manter minha palavra.

Eu devo cultivar auto-disciplina
Eu devo viver estes princípios que cito
Eu devo compreender verdadeiramente os conceitos de reencarnação e carma.

Eu devo respeitar todos os planos astrais
Eu devo praticar rituais com cuidado e reverência
Eu devo respeitar os rituais como os atos de amor e beleza que são.

Eu devo aceitar a responsabilidade por todos os eventos e circunstâncias que acontecem em minha vida, no conhecimento de que eu as criei por minhas próprias atitudes
Eu devo me empenhar para cultivar um senso de humor e humildade
Eu devo evitar toda a negatividade, primeiramente em meus pensamentos e, como consequência, em minha vida.

Eu devo viver em harmonia com a Mãe Natureza, em todas as suas faces e aspectos
Eu devo cultivar uma perspectiva global
Eu devo servir em minha comunidade, tanto localmente quanto globalmente, sendo de ajuda para todas as pessoas.

Eu devo ter disposição para defender minha religião
Eu devo manter meus instrumentos mágicos em segurança e sempre protegê-los enquanto eu viver.

Traduzido, adaptado e modificado deste site.
A cultivar a magia em mim,
   Alannyë.

Cone de Poder

Talvez um coven realizando o Cone de Poder
em grupo! Quem sabe?
   O cone de poder é a finalização de um ritual, e é praticado não apenas por Wiccanos, mas sim por seguidores de diversas vertentes do paganismo e da bruxaria em geral. Por cone de poder, compreenda-se que é o envio das energias acumuladas durante uma prática mágica - geralmente rituais -, sendo direcionado para uma finalidade.
   Pode-se afirmar que o cone de poder é a canalização de poder, visando alcançar um objetivo pré-definido. É uma prática feita não apenas por covens - ou seja, grupos de bruxos -, mas também por praticantes solitários, e que pode ser realizada em qualquer situação que seja necessária.
   Quando realizamos um ritual, um feitiço ou alguma atividade mágica em um círculo mágico, estamos utilizando energia. Desprendemos energia quando fazemos a visualização de alguma coisa, quando acendemos uma vela, quando acendemos incensos, quando colocamos fogo no caldeirão, ou qualquer outra atividade que estejamos fazendo em nosso círculo. O círculo mágico nos assegura que aquela magia permanecerá sempre ali, até que seja direcionada para outro local. E é isto que o cone de poder faz.
   Digamos, então, de uma forma mais sintetizada, que o cone de poder é a finalização de qualquer ritual ou feitiço. É quando reunimos tudo o que fizemos, toda a energia que acumulamos e desprendemos, e enviamo-las diretamente para o que queremos, seja lá qual for o objetivo da magia que tenhamos feito.
   Por exemplo, se estou realizando um ritual para trazer a cura para uma pessoa, ao enviar-lhe o cone de poder, estarei finalmente direcionando todas as energias para a cura desta pessoa, que então receberá todas as bênçãos, como um feixe de luz em si.
   Mas é claro que o cone de poder não precisa ser apenas para cura ou afins. Realizamos o cone de poder, também, para enviar aos Deuses os agradecimentos e as bênçãos que estamos a pedir. Ou, para enviar ao Universo as energias que queremos em nossa vida. Qualquer motivação que tenha o ritual ou magia que tenhamos feito, será o destino do cone de poder que será criado ao final.

   Mas como criar um Cone de Poder?


   Existem diversas formas de criar um cone de poder e de visualizá-lo. Geralmente, o cone de poder acontece quando há um ápice de energias no círculo mágico, quando sentimos já haver muita magia ali reunida em nosso redor. Podemos acumular esta energia não só através de feitiços ou rituais, mas também com danças, cânticos, meditação, ou até mesmo através de um orgasmo. E assim, toda a energia será enviada, sendo visualizada tomando forma e deixando o círculo, sempre para cima, como uma espiral que aumenta enquanto sobe, até que chegue ao seu destino.
   Pode-se realizar um gesto para que o cone de poder seja enviado - e isto costuma ser o mais comum, principalmente ao final de danças. Este gesto seria ajoelhar-se e reunir as energias do chão, com as mãos, e ir levantando-se enquanto levanta as mãos aos céus, pensando, visualizando ou dizendo: "Elevo estas energias para [seu objetivo], que assim seja feito!", ou algo similar criado por você. Após terminar, pode-se considerar o ritual, feitiço ou prática mágica finalizada, podendo destraçar o círculo mágico.
   Em grupos, este gesto pode ser tomado apenas pela Alta Sacerdotisa ou pelo Alto Sacerdote, enquanto todos os membros do coven estejam de mãos dadas visualizando o cone sendo direcionado e enviado. Mas claro que, como todas as outras práticas mágicas, o cone de poder pode variar muito de acordo com a tradição, com o coven, e também com os gostos pessoais de cada praticante.
   Deve-se atentar que cones de poder podem ser direcionados de diversas formas. E isto quer dizer que até a chama de uma vela solitária pode ser utilizada para enviar um cone de poder, enquanto queima e direciona as energias para um determinado fim. Ou seja, isto depende apenas de como o praticante lida com a magia, como ele a vê e como a sente. Assim como quase tudo na bruxaria!

Dançando em espirais,
   Alannyë.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Magia com Nós

   Os relatos mais antigos desta forma de magia datam de 2000 a.C, onde diz-se que foram citadas em algumas das tabuletas com inscrições cuneiformes no oriente. Apesar de ser bastante simples, a magia com nós pode alcançar os mesmos objetivos de qualquer outra forma de magia, desde que haja a concentração, intenção e visualização necessárias do praticante.
   Utiliza-se os mesmos preceitos de todo o tipo de magia para utilizar os nós: na Lua Crescente, fazem-se os nós para atrair ou iniciar coisas; na Lua Cheia, para fortalecer ou conservar; na Lua Minguante, para banir ou afastar. Assim, este tipo de atividade pode ser feito em Esbaths, em Sabbaths, ou em qualquer outra cerimônia.
   Um dos feitiços tradicionais de Samhain, a Corda da Bruxa, utiliza os preceitos da magia com nós para sua realização. Na Corda da Bruxa, trançamos três fitas e, ao final, atamos nove nós no corpo da corda, com um encantamento para que o que desejamos se realize.
   Os feitiços utilizando os nós ocorrem mais ou menos da mesma forma: podemos trançar diferentes fitas, ou utilizar apenas uma corda para a magia. Podemos fazer apenas um nó, ou aumentar a quantidade de acordo com a necessidade, ou para suprir alguma simbologia.
   Os nós podem ser utilizados para atrair determinadas coisas para nossa vida - por exemplo, fazer uma corda para que se consiga um emprego -, para banir - por exemplo, atar uma corda com vários nós, visualizando uma pessoa sendo afastada de nossa vida, e então queimá-la no caldeirão -, ou para fazer uma conexão entre o físico e o espiritual, ou mental.
   Antigamente, as pessoas atavam fitas nos dedos para que se lembrassem de coisas importantes. Isto é um exemplo de magia com nós que caiu na sabedoria popular; ao atar uma fita na ponta do dedo, estamos reforçando à nossa mente que precisamos nos lembrar de determinada coisa, através de um nó físico.
   Nós e fitas podem ser utilizados para criar conexões mágicas entre pessoas, objetos ou situações. As Dagydes, famosas "Bonecas Voodoo", costumam ter uma linha amarrada em seu corpo, que então é consagrada para possuir um link mágico com a pessoa que está representando. Este também é um exemplo de magia com nós, aonde utilizamos uma linha atada por nó para unir algo físico com a magia.
   Amuletos e talismãs podem possuir nós para fortalecer a ideia de proteção, como, por exemplo, colares de macramê ou crochê. Você pode amarrar cordas para a proteção, ou fazer seus próprios colares, caso saiba realizar artesanato com nós.
 

Utilizando a magia dos nós!


Para banir:
   Pegue um barbante - que pode ser de qualquer cor - e dê em seu corpo no mínimo três nós. Pode dar quantos nós quiser, deixando sua mente vagar e visualizar o que você quer banir sendo afastado de sua vida. Coloque todos os seus sentimentos indesejáveis e reforce a necessidade de afastar isto de sua vida.
   Quando terminar, coloque arruda e alecrim em seu caldeirão, e ateie fogo. As chamas crescerão, e quando estiverem altas, coloque a corda com os nós dentro do caldeirão, visualizando todas as energias ruins e negativas sendo levadas embora da sua vida, e aquilo que você queria afastar já sendo afastada. Visualize-se sem a influência destas coisas, e ao terminar de queimar - a corda precisa queimar completamente -, jogue as cinzas ao vento.

Para desfazer:
   Este é um bom feitiço para desfazer magias ou feitiços que você criou. Em um barbante preto - se você não tiver uma linha preta, pinte-a -, dê nove nós. Enquanto amarra, pense no que você fez e quer desfazer, fale para a corda, mesmo que mentalmente, que estes nós estão sendo atados como você atou o destino com sua magia ou atitude.
   Quando terminar, passe um incenso de mirra ou de alecrim ao redor da corda. Então, pegue-a e desfaça todos os nós, mentalizando que está a desfazer tudo o que fez de errado, e que está trazendo as coisas de volta ao normal. Diga para a corda que está desfazendo os nós e assim, também está desfazendo tudo o que fez, e mentalize as coisas sendo livres novamente, voltando ao normal.
   Após desatar os nós, queime a corda na chama de uma vela preta ou branca. Ao queimar, visualize tudo retornando ao normal, e que o que aconteceu será esquecido, será completamente desfeito. Jogue as cinzas ao vento, ou coloque no lixo.

Para curar:
   Pode ser feito para você ou para outra pessoa, mas já adianto: este feitiço apenas pode auxiliar na cura, mas de nada serve se a pessoa não se cuida ou não está sendo acompanhada por um médico! Nunca deixe de ir a profissionais, tomar remédios ou seguir as recomendações médicas.
   Pegue um barbante ou fita de cor vermelha. Amarre três nós, enquanto visualiza a doença em todos os seus detalhes e problemas. Quando terminar, ateie fogo no caldeirão, e jogue o barbante nas chamas, enquanto diz:

"O que era dor, agora não dói mais
O que consumia, agora se consuma
Que as chamas derretam
E que a fumaça se espalhe
Com esta doença a levar
Para nunca mais voltar."

   Pode modificar o encantamento de acordo com seu desejo ou de acordo com a doença. Pode falar suas próprias palavras ou rimas também. Enquanto queima, veja a doença sendo afastada, visualize a pessoa sendo livre deste problema.

A atar os nós,
   Alannyë.

Handfasting: O Casamento Pagão

   O casamento cerimonial não é apenas uma exclusividade católica, e existe há muito tempo antes mesmo do atual casamento na igreja. O Handfasting - traduzido como "Atar de mãos" - é o casamento pagão, que pode ser adaptado de acordo com a tradição ou religião: Wicca, Bruxaria Tradicional, ou outras vertentes pagãs. Não é uma cerimônia legal em relação à justiça, sendo necessário fazer o casamento oficial em frente a um juiz para que seja consumado o casamento legal.
   Existem muitas formas de praticar um Handfasting, sendo feito de acordo com o desejo do casal. Pode-se ter um sacerdote e uma sacerdotisa para conduzir a cerimônia, ou ela pode ser conduzida somente pelo casal. Pode-se ter padrinhos de casamento, ou não. As deidades e outros seres que participarão da cerimônia podem ser deidades de culto de ambos, bem como pode ser um compromisso apenas com o Deus e a Deusa.
   Geralmente, o Handfasting é celebrado em bosques ou em locais ao ar livre, onde existam árvores e jardins. Não é raro ver cerimônias onde os noivos permanecem de pés descalços, para energizar-se e equilibrar as energias com o solo. Outras tradições para Handfastings são:
   ☽❍☾ De mãos atadas, os noivos pulam sobre uma vassoura. A vassoura é o símbolo do Grande Rito, sendo as cerdas representando o Sagrado Feminino, e o cabo representando o Sagrado Masculino. Diz-se que pular sobre uma vassoura de mãos atadas traz prosperidade ao casal.
   ☽❍☾ Coroas de flores e ervas também são confeccionadas para os noivos em Handfastings. Estas podem possuir flores com diferentes significados, ou apenas por sua beleza. Os convidados ou os padrinhos podem possuir coroas também, para simbolizar o respeito pela natureza. Pode haver um ritual de troca de coroas entre o noivo e a noiva, celebrando seu compromisso um com o outro, e o amor pelos Deuses e também pela natureza.
   ☽❍☾ As vestes utilizadas pelo casal podem ser temáticas - ou seja, medievais, renascentistas, élficas - ou podem ser tradicionais, sendo optado de acordo com o desejo e o gosto dos noivos. Assim como a decoração, os trajes dos convidados, e também o banquete.
   ☽❍☾ Maypoles - ou seja, os mastros de fitas - que são tradicionais do Beltane, podem ser utilizados ao final da cerimônia. É uma bela comemoração, e que pode criar danças muito bonitas e divertidas em um Handfasting com muitos convidados.
   ☽❍☾ As alianças também são utilizadas durante o Handfasting, sendo o símbolo permanente da união e do amor entre o casal. Dependendo do casal, pode-se optar por uma aliança a ser utilizada em um colar no pescoço. As alianças são consagradas durante a celebração do Handfasting, preferencialmente por ambos os noivos, e então, há a troca de alianças como é de costume.
   ☽❍☾ A maior tradição do Handfasting, que dá nome à cerimônia, é o ato de unir as mãos dos noivos em um laço. O comprimento, as cores e enfeites que dão forma à fita não fazem diferença, sendo escolhidos de acordo com o desejo do casal. No final do ritual, e sendo feito logo após a troca de alianças, a sacerdotisa ou algum dos padrinhos, sendo predefinido pelo casal, pega uma fita e une os pulsos dos noivos, simbolizando a união e o amor que os liga.
   ☽❍☾ Alguns noivos preferem realizar o ritual maior do Handfasting, o atar de mãos, com diferentes fitas atadas por cada convidado, simbolizando a amizade ou os laços que o casal possui com cada pessoa. Assim, pode-se queimar as fitas ao final da cerimônia, para pedir que os desejos se realizem e as fitas abençoem o casal por toda a vida.

   Diz-se que as melhores datas para o Handfasting são durante dias onde há Lua Cheia, ou na Lua Azul - que acontece apenas uma vez a cada dois anos, e é uma lunação extra durante o ano. Também deve-se evitar realizar o Handfasting durante a época do Beltane - maio, caso o casal siga a roda do ano do Hemisfério Norte, ou outubro, caso o casal siga a roda do ano do Hemisfério Sul. Esta recomendação acontece pois o mês do Beltane é exclusivo para a celebração do casamento do Deus e da Deusa.

A atar laços,
   Alannyë.

Feitiços com o caldeirão!

   O icônico instrumento da bruxa, seu fiel caldeirão, pode ser fonte de diversas formas de feitiços, sejam eles para os mais variados fins! Desde os mais simples até os mais elaborados, para magia com fadas ou deidades, para ver o futuro ou para mudá-lo completamente. Vejamos, então, duas magias bastante simples: a queima de pedidos e a adivinhação.
 

   Scrying - Adivinhação


   Você precisará de:
☽❍☾ Um caldeirão, que pode ser de qualquer cor ou material
☽❍☾ Água da chuva, água lunar, água de fontes naturais, ou algum chá de ervas para divinação
☽❍☾ Folhas de louro, artemísia, ou ervas para intuição e divinação
☽❍☾ Uma vela branca ou roxa
☽❍☾ Incenso de ervas para intuição ou divinação (opcional)
☽❍☾ Uma moeda, ou um cristal - preferencialmente ametista ou pedra da lua.

   Embora o instrumento mais comum para o scrying seja a bola de cristal, podemos utilizar o caldeirão para esta finalidade também! Esfregue as ervas para a divinação no interior do seu caldeirão, ou passe a chama de um incenso de ervas para a intuição.
   Após ter feito isto, encha-o com o líquido que você escolheu. Você pode utilizar água de fontes naturais, como rios ou cachoeiras, ou ainda fazer um chá de ervas para a intuição, e encher o caldeirão com este chá. A água lunar é aquela que você deixa por no mínimo meia hora sob a luz do luar. Pode utilizar esta também.
   Depois de cheio com líquido, coloque a moeda ou o cristal no centro do seu caldeirão. Acenda a vela na frente do caldeirão, e pode colocar uma música bem baixinha caso seja melhor para se concentrar. Pode acender o incenso também, caso queira. Agora, concentre-se no cristal/moeda que está dentro do seu caldeirão. Mentalize a pergunta que você quer que seja respondida, ou o que você quer saber.
   Foque-se completamente no cristal ou moeda, esqueça o mundo ao seu redor. Deixe sua imaginação fluir e sua mente lhe trazer as respostas que você procura. Se não conseguir nada, tente novamente em outro dia, repita até conseguir discernir desenhos ou imagens na superfície do líquido. A adivinhação é um dom que pode demorar muito tempo para ser desenvolvido, então, não se sinta desanimado! Continue tentando até conseguir. Pode repetir esta atividade durante todos os Esbaths que celebrar.

   Queima de pedidos


Você precisará de:
☽❍☾ Um caldeirão que suporte altas temperaturas
☽❍☾ Papéis em branco e canetas
☽❍☾ Louro em folhas
☽❍☾ Óleo ou essência de ervas

   Este feitiço é muito comum em Sabbaths, e também em Esbaths - mas pode ser feito em qualquer ocasião que for necessária. Também é bastante simples, por isto, bastante versátil e acessível para qualquer bruxo ou bruxa.
   Primeiramente, escreva nos papéis os pedidos que você quer fazer. Podem ser para banir ou atrair, você escolhe. Pode utilizar canetas coloridas que tenham relação com o pedido: preto para banir, amarelo para fortuna ou intelecto, rosa para romance ou amizade, vermelho para paixão, verde para cura. Seja detalhado, pedindo o que você quer com todas as palavras. Por exemplo, escreva "Quero alguém para casar e amar a vida inteira", ao invés de "Amor".
   Se você quiser banir uma pessoa, por exemplo, escreva "Quero banir [nome da pessoa] de minha vida, para que não faça parte do meu dia a dia nunca mais!." Mas seja um pouco realista também, não espere milagres!
   Agora, coloque algumas folhas de louro para forrar o caldeirão, e ponha o óleo ou essência sobre elas - mas bem pouco, apenas para atear fogo. Coloque fogo em uma das folhas e deixe que se espalhe sobre as ervas que já estão dentro do caldeirão.
   Coloque os papéis um por um, mentalizando e visualizando as coisas que você está pedindo como se já as tivesse. Por exemplo, ao colocar um papel pedindo um casamento, visualize-se casando, tendo uma vida a dois, sendo feliz com uma pessoa e tendo muito amor entre vocês. Deixe queimar, e então coloque outro. Se o fogo estiver se apagando, coloque mais óleo ou essência.
   Quando terminar, peça ao Deus, à Deusa ou à deidade que você esteja cultuando, que todos estes pedidos se realizem para o bem de todos, e que nada atrapalhe sua felicidade. Peça que estas bênçãos se elevem aos céus e que somente tragam alegria e coisas boas para sua vida. Agradeça.

A mexer os caldeirões,
   Alannyë.

Oração da Terra

Terra, ensina-me a quietude
Como a grama é calma sob a luz
Terra, ensina-me o sofrimento
Como velhas pedras sofrem com as memórias
Terra, ensina-me a humildade
Como flores são modestas no começo
Terra, ensina-me o cuidado
Como mães que protegem seus filhos
Terra, ensina-me a coragem
Como a árvore que permanece de pé, solitária
Terra, ensina-me a limitação
Como a formiga que rasteja pelo chão
Terra, ensina-me a liberdade
Como a águia que plana nos céus
Terra, ensina-me a resignação
Como as folhas que morrem no outono
Terra, ensina-me a regeneração
Como as sementes que brotam na primavera
Terra, ensina-me a esquecer de mim mesmo
Como a neve que derrete e esquece-se da vida
Terra, ensina-me a lembrar da doçura
Como os solos secos pranteiam na chuva.

Traduzido a partir deste link.

A dançar pela natureza,
   Alannyë.

Vinagre dos Quatro Ladrões

   Conhecido na cultura popular europeia, principalmente na França, o Vinagre dos Quatro Ladrões possui muitos mistérios e lendas a respeito. É dito que pode curar pragas, doenças, e criar proteção para qualquer tipo de problema.
   A história que se conhece sobre o Vinagre dos Quatro Ladrões é a de que, durante a época da peste negra na Idade Média, um grupo de quatro ladrões costumava saquear as casas que eram interditadas por acontecimento de peste na família.
   Acreditava-se, na época, que a peste bubônica era um castigo do Deus cristão, que estava a amaldiçoar os pecadores e hereges. Assim, estes quatro conseguiam adentrar as casas infestadas pela doença, onde muitas famílias morreram e nada lhes acontecia, o que foi motivo de muita confusão e balbúrdio.
   Ao final, todos os ladrões foram capturados, e antes de sua execução, confessaram estar utilizando uma poção mágica que os protegia do mal, da suposta ira divina e dos problemas da peste.
   Na época, acreditava-se então que esta poção era simplesmente obra do demônio, de bruxaria negra, que estava a proteger ladrões. Mas após muito tempo, um aromaterapista conhecido como Jean Valnet deixou escrita uma receita que supostamente é a original do Vinagre dos Quatro Ladrões. Não se pode ter certeza a respeito da veracidade, pois esta lenda é muito antiga e não sobrou nenhum exemplar "real" do então Vinagre utilizado pelos ladrões.
  Sabe-se que as diversas receitas encontradas em livros, e mesmo esta de Jean Valnet, podem possuir propriedades desinfetantes e mágicas, o que leva o Vinagre a possuir características de afastar as pulgas que disseminavam a peste bubônica, e também podem servir para proteger de malefícios a pessoa que a usa.
   Se você quiser valer-se da receita, pode modificá-la ao seu gosto, utilizando então a base que deixarei logo abaixo. É importante lembrar que, ao falarem sobre a poção, os ladrões também assumiram que havia um pouco de bruxaria e encantamentos sobre a poção, tornando-a mágica e poderosa. Você também pode fazer isto com seu Vinagre, consagrando-o para alguma deidade que cultua, ou simplesmente encantando-a com suas palavras.

A Receita!


☽❍☾ Lavanda
☽❍☾ Manjerona
☽❍☾ Hortelã
☽❍☾ Sálvia
☽❍☾ Alecrim
☽❍☾ Anis estrelado
☽❍☾ Alho descascado e macerado, ou em pequenos cubículos
☽❍☾ Vinho branco, cidra de maçã ou vinagre de cozinha.

   Coloque a quantidade que desejar de cada elemento, mas cuidando para ter vinho, cidra ou vinagre em quantidade suficiente. As ervas devem preferencialmente estar secas, mas você pode utilizar apenas o óleo essencial de uma ou duas - não coloque todas em óleo! Apenas substitua uma ou duas no máximo pelo óleo ou pela essência, mas evite a todo custo. Você pode colocar em proporções iguais de ervas, ou colocar alguma em maior quantidade, caso deseje uma propriedade específica mais evidente.
   Ponha todas as ervas em uma garrafa ou em um pote grande. Cubra com o vinagre, vinho ou cidra, e deixe marinar por no mínimo cinco dias. O tempo ideal é de sete a dez, mas se tiver pressa, pode deixar no mínimo cinco. Menos do que cinco, o vinagre não possuirá as mesmas propriedades, e as ervas não terão feito tanto efeito. Ou seja, será um desperdício. Evite deixar no sol, ou em temperaturas muito quentes, tanto na preparação quanto no armazenamento após estar pronto - mas também não o coloque na geladeira. A temperatura ideal é a ambiente.
   Depois do tempo necessário ter passado, você pode coar as ervas e colocar o vinagre em uma outra garrafa ou pote. Caso deseje, pode deixar as ervas juntamente com a mistura, mas certifique-se de colocar em outra garrafa. Agora, pode consagrá-lo ou encantá-lo como desejar. Se desejar ofertar a alguma deidade, ou simplesmente recitar versos para que seu vinagre possua propriedades de proteção ou cura, faça-o como quiser.
   Com esta receita, você pode utilizá-lo em alimentos e também pode ingerir, entretanto, acredita-se que a original também utilizava outras ervas, que por sua vez, eram venenosas. Se quiser utilizar ervas venenosas ou que contenham espinhos, acredito que o vinagre possuirá um poder maior para a proteção, mas não haverá o mesmo efeito para cura. E assim, também não poderá bebê-lo.
   Você pode preparar o Vinagre dos Quatro Ladrões, caso esteja visando-o para a cura, em Esbaths de Lua Cheia, visando possuir o poder da Deusa Mãe. Se estiver realizando o Vinagre para a proteção, faça-o durante Esbaths de Lua Minguante, para possuir as características de banimento e afastamento que há com a Deusa Anciã. Se quiser fortalecer ainda mais a característica de banir e proteger, faça-o durante um Esbath de Lua Negra. De qualquer maneira, os dois Esbaths de Lua Cheia e Minguante são propícios para este ritual.

A mexer as poções,
   Alannyë.

Esbaths - Luas do Ano

   Assim como os Sabbaths possuem suas características específicas, os Esbaths também podem possuí-los. São cultuados de acordo com a estação e época do ano, ou seja, cada Lua possui uma ligação a uma finalidade específica. Cada tradição, bruxo ou coven possui uma interpretação de cada Lua Cheia, mas de um sentido geral, possuem as mesmas bases. Esta lista é a para quem celebra a Roda do Ano do Hemisfério Sul. Caso você siga a Roda do Hemisfério Norte, inverta as celebrações de acordo com o Sabbath relacionado.

Janeiro: Lua do Feno.

 
   É o Esbath onde a natureza está plena em fertilidade e em bênçãos. Precede a primeira colheita do ano, e é muito cultuada com danças, músicas e festividades. As sementes plantadas estão germinando e logo darão frutos, então, devemos preparar-nos para colher tudo o que foi semeado.
   Durante a última Lua do ano, em dezembro, nós costumamos fazer a retrospectiva do que fizemos e aprendemos; durante a Lua de janeiro, devemos pensar no que queremos para este ano, e como agiremos para alcançar estes objetivos. É uma Lua de sonhos, de fertilidade, de plenitude; época para preparar-se para o futuro e meditar sobre objetivos; sua cor característica é o branco, ou suas variações, como o cinza ou prateado.

Fevereiro: Lua do Milho

 
   É quando os frutos estão sendo colhidos pela primeira vez. Também marca o início do retorno de nossas ações e de tudo que fizemos antes. Devemos seguir firmes e nos alimentarmos em nossos planos e objetivos. Algumas coisas podem estar acontecendo como resultado de nossas atitudes durante o passado, então, podemos pensar sobre isto para compreender e tentarmos entender se estamos colhendo o que queremos para nossa vida.
   Esta Lua também pode ser conhecida como Lua do Conhecimento, que indica a necessidade de procurarmos saber mais e compreender mais do mundo desta forma. Devemos aguçar nossa intuição e sabedoria, para buscarmos entender o que há de sagrado e sábio em nós mesmos. É uma Lua de purificação, de cura e de agradecimento; uma época para fortalecer amizades e relações, encontros, e lutar pelos seus sonhos; sua cor característica é o laranja ou o dourado.

Março: Lua da Colheita

 
   Esta é a Lua que marca a segunda colheita do ano, e também é a que antecede o outono. É nela que agradece-se pela fartura e pela fertilidade da terra; devemos meditar sobre o equilíbrio e sobre a abundância de coisas que trazemos para nossa vida. Podemos refletir sobre o que praticamos e estamos agora a colher, sejam eles frutos bons ou ruins - e também pensarmos sobre o que queremos colher em épocas mais distantes.
   Durante o Esbath da Lua de março, podemos buscar pelo equilíbrio, conhecer nossos sentimentos e aprender como lidar com eles. Pode-se pedir aos Deuses o dom da intuição, do conhecimento do oculto. É uma Lua de introspecção, agradecimento e equilíbrio; uma época para organizar-se, meditar sobre a vida, e agradecer pelas conquistas do ano; sua cor característica é o marrom ou amarelo.

Abril: Lua de Sangue

 
   Esta Lua é relacionada à preparações ao inverno, à caça e o estoque de suprimentos. É uma época para se agradecer e pedir pelo intermédio dos Deuses para enfrentar as dificuldades; alguns animais pereciam durante esta época, e os alimentos não crescem nas plantações.
   O Esbath de abril também é conhecido como Lua da Cura, pois estes rituais são favorecidos neste momento, assim como banimentos e rituais para afastar determinadas coisas. Devemos meditar sobre renascimento e o fim das coisas, pois logo o Samhain se aproxima. É uma Lua de honrar ancestrais, a morte e o renascimento, o ciclo da vida; uma época para livrar-se de maus hábitos e buscar a harmonia sobre todas as coisas, e sua cor característica é o vermelho.

Maio: Lua Escura

 
   É a Lua onde vê-se o inverno começando a se manifestar vagarosamente. A terra passa a adormecer para que renasça com toda a sua vitalidade na primavera, e assim devemos estar, em paz consigo e com os outros ao seu redor.
   Toda a natureza está se preparando para o período de inverno, onde faltam alimentos e o frio ameaça a todos - e assim, você também pode se preparar das formas que mais considerar convenientes: meditações, rituais de proteção ou banimento das coisas indesejáveis, etc. É uma Lua de reafirmar e aumentar sua conexão com a Deusa e o Deus, de estar em paz; sua cor característica é o prateado, o cinza, azul claro, ou verde escuro.

Junho: Lua do Carvalho

 
   É uma Lua de muita introspecção, pois neste mês há o Solstício de Inverno, onde haverá a noite mais longa do ano; logo após, os dias passarão a ser mais longos, e isto é uma forma de renovação, que deve ocorrer em você também. É ideal para o renascimento da fé e do amor, assim como é fortemente ligada ao aspecto do Senhor do Carvalho.
   É uma Lua de reinício, de iluminação e renascimento; marca uma época para que busquemos renascimento em nossas ações e em nossa vida, que orientemo-nos através da sabedoria dos Deuses, e que meditamos sobre os caminhos a ser percorridos; sua cor característica é o vermelho, o branco, e o verde.

Julho: Lua do Lobo

 
   Ainda durante o inverno, a Lua do Lobo delimita a lenta mudança para a chegada da primavera, pois após o Solstício de Inverno, os dias voltam a ser mais longos até que ocorra, então, o Solstício de Verão. É um Esbath ideal para trabalho em conjunto, em união com outras pessoas.
   Assim como o Lobo anda em matilhas - mas pode ser solitário - , você deve rever suas atitudes e como você está em relação a outras pessoas. Busque equilíbrio, firmeza, estabilidade. Procure viver em harmonia, estar em boas relações, amizades saudáveis, e dê valor ao seu lado mais misterioso ou reservado. As cores para esta lua são o azul, branco e cinza.
 

Agosto: Lua da Tempestade

 
   É a Lua que possui forte ligação com o Sabbath Imbolc, ou Candlemmas. Possui características de limpeza, mudança, renovação, purificação, busca por energias boas e benéficas. É possível notar a temperatura aumentando timidamente, e é hora de nos livrarmos de tudo que é antigo, que já não serve mais, e que nos puxa para trás ao invés de nos deixar evoluir. 
   É um Esbath de fertilidade, fecundidade e procriação, onde você pode praticar magias para buscar esta fertilidade em todos os aspectos de sua vida. Concentre-se no crescimento, no renascimento das energias boas, da natureza, de tudo que é positivo e lhe faz bem. As cores são o preto, cinza-escuro, marrom ou verde.
 

Setembro: Lua dos Ventos

 

   É a Lua da primavera! Quando as flores desabrocham, os dias se tornam amenos e a natureza nos inspira amor, delicadeza, e os aromas se espalham pelo ar. É um Esbath marcado pelo equilíbrio, pois a natureza está acordando de sua hibernação, e retorna com vitalidade renovada. Época ideal para mudar, florescer quem você realmente é.
   Durante a Lua da Tempestade, que antecede esta, nós nos livramos das coisas que não queremos mais, e também de algumas atitudes. Na Lua de Setembro, a mudança é interior, através de pensamentos, atitudes, conceitos e ideias. Assim, estaremos em equilíbrio com nós mesmos, em busca de evoluir e receber as bênçãos de alegria e amor que a primavera nos traz. Retome ou comece projetos, evolua no que é necessário. Cores claras, como o azul, rosa ou o verde, são características.
 

Outubro: Lua dos Grãos

 

   Esta Lua pode ser lembrada pela aproximação com o Beltane, o Grande Sabbath do casamento da Deusa e do Deus. Este Esbath é demarcado pela fertilidade plena, pelas colheitas que se aproximam e que serão fartas, que nos alimentarão e nos deixarão fortes. É um Esbath com forte conexão com a terra, com a fecundidade do solo e dos animais, com tudo o que provêm da natureza.
   Busque rituais menos elaborados e mais simples, dê preferência a rituais na natureza e/ou somente com elementos naturais, enfeite seu altar com flores e ervas, e conecte-se com tudo o que é natural. Foque-se na fertilidade, na prosperidade e no crescimento, em produzir frutos que sejam proveitosos de colher mais à frente - ou seja, cuidado com as atitudes. As cores para este Esbath são o verde e o marrom.
 

Novembro: Lua da Lebre

 

   Também conhecida como Lua das Flores, é o Esbath que ocorre logo após o Beltane, quando os campos estão férteis, os animais procriam e/ou dão à luz, e nossa vida está repleta das bênçãos de amor, felicidade e plenitude dos Deuses. É ideal para a busca por harmonia e autoconhecimento, a criatividade, a conexão com os Deuses, e o ritual deste Esbath favorece as divinações e leituras de oráculos.
   Durante a Lua da Lebre, você pode dar prioridade ao amor, à busca por todas as formas deste sentimento, seja o amor próprio, o amor fraternal, ou o romântico. É uma Lua de muito poder, que pode ser aproveitado de diversas formas - pois o amor é um dos sentimentos mais poderosos e fortes que há, então, aproveite-se disso para tudo o que for necessário. Fortaleça seu vínculo com os Deuses, honre-os, dance com eles e sinta o gosto do amor que eles emanam! As cores são o roxo, o branco e o azul.
 


Dezembro: Lua das Bênçãos

 
   Última Lua do ano, que especialmente marca reinícios, recomeços, hora de avaliar o que foi feito e o que será feito. Quem você foi durante o ano? O que você fez? Pare e faça uma retrospectiva de seus atos, em relação a todos os campos de sua vida. Note seus erros, e aprenda com eles. Compreenda o que aconteceu no passado, aceite e observe as lições que aprendeu, e pense sobre o que será do ano que se aproxima. Se você não alcançou todos os objetivos que queria, reflita o porquê, e se esforce para que isto aconteça o quanto antes!
   É um Esbath para não apenas fazer retrospectivas, mas também para agradecer aos Deuses por todas as bênçãos, sejam as que aconteceram através do seu pedido, mas também aquelas que aconteceram indiretamente, sem serem notadas. Reúna as forças para o ano que se aproxima, mas não se esqueça de aprender com os acontecimentos do passado, e sempre agradecer por tudo que os Deuses lhe concederam. As cores são o prateado e o dourado.
 

Lua Azul

 

   Além das Luas citadas acima, pode ocorrer, aproximadamente a cada dois anos, a Lua extra. Esta Lua é chamada de Lua Azul, e ela pode acontecer em qualquer mês, sendo necessário prestar atenção aos calendários lunares para saber quando ocorrerá novamente.
   Como esta Lua pode acontecer em meses diferentes, os rituais para ela podem ser diferentes de acordo com a época do ano ou com o desejo do praticante, Geralmente, atribui-se à Lua Azul a característica de Lua Anciã, ou seja, com o poder da Deusa Anciã: sabedoria, poder, conhecimento. É uma Lua de maior conexão nossa com o divino, ou seja, com os Deuses e Deusas. Neste Esbath, pode-se priorizar a introspecção para buscar conhecer nosso culto, nossa intuição, nossa ligação com os Deuses. Também é uma ótima época para iniciar coisas novas, como fazer o ritual de Iniciação - caso você ainda não seja iniciado na Wicca -, para celebrar seu Handfasting - ou seja, o casamento pagão -, ou outras cerimônias importantes em sua vida.
 
A celebrar as Luas,
   Alannyë.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Inanna

   Inanna era conhecida como a Deusa do Céu, Luz do Mundo, Estrela do amanhecer ao anoitecer, a Grande Tempestade. Uma das deusas suméricas primordiais, sendo conhecida em estátuas desde 3000 A.C. É relacionada com o céu, a fertilidade e a beleza, amor, guerra, chuva e tempestades, morte e renascimento.
   Era filha de Enki, deus da sabedoria, e dele roubou cem artefatos para dar à humanidade como forma de ensinar-lhes uma parte do conhecimento dos céus, que tratavam de leis, ofícios de sacerdotes, e até a prostituição - que era um trabalho sagrado para Inanna.
   Contam mitos sobre esta deusa que Inanna iniciou uma jornada para o submundo, em busca de encontrar luz, conhecer a si mesma e procurar a verdade e o renascimento. Ela conseguiu alcançar suas buscas, mas através de muitos desafios e perdas pessoais, precisando sacrificar tudo o que possuía para transcender e renascer como uma deusa poderosa e primordial.
   Era muitíssimo cultuada na Babilônia, por seu poder, sabedoria e também por seu grande poder feminino, sexual e sedutor. Os símbolos de Inanna são o leão, rosas, a estrela de oito pontas, e as varinhas mágicas, e seu dia sagrado é 2 de janeiro.. As deusas Ishtar, Astarte e Anat são diferentes nomes para Inanna, sendo suas representações entre Canaã e Mesopotâmia.
   Seus cultos possuíam, em grande parte, caráter sexual - por ser uma deusa do amor e da fertilidade, e possuir o erotismo como uma característica fortíssima. Também eram feitas libações - ou seja, oferendas de líquidos -, ou formas de ofertas corporais, como a dança. É a personificação do planeta Vênus na mitologia babilônica e sumérica. As batalhas entre povos eram conhecidas como "A Dança de Inanna", pela influência desta deusa em conflitos e guerras.
   Inanna pode ser invocada para diversas finalidades, como resolução de conflitos, busca por autoconhecimento, fertilidade, beleza, amor, morte. Também na procura pela verdade, quando sacrifícios são necessários, ou quando há necessidade de maior poder sexual ou erotismo.
   As ervas sagradas para Inanna são as rosas, o cristal é o lápis-lazúli, e os animais são os leões e cobras. Outros símbolos são a estrela de oito pontas.

Dançando como Inanna,
   Alannyë.

O Deus

   A contraparte em relação à Deusa, o Deus é o que compõe o Sagrado Masculino no Universo. Enquanto a Deusa é representada pela Lua e pelos mistérios femininos, o Deus é representado pelo Sol e pela força e vitalidade masculinas. O Deus nos vê como nós somos, por nossas atitudes e instintos, e conhece nossas vontades e desejos. Ele é a ordem do universo, enquanto a Deusa é o caos.
   O Deus rege a vida selvagem, a natureza livre ou cultivada, tudo o que provêm da terra e se reproduz em vida. Ele pode ser conhecido por três faces: Deus Cornífero, com chifres de cervo, que rege a natureza selvagem e os animais que vivem em florestas, matas e pradarias. A segunda face do Deus é a de Green Man, ou Senhor das Matas, que rege a natureza cultivada, as plantações, os rebanhos de gado, animais domésticos, tudo o que possui influência humana em sua criação. A última face do Deus é a de Senhor das Sombras, o que nos guia até o submundo, que nos protege e nos leva até os braços da Deusa novamente; o Senhor das Sombras também é a face do Deus que morre durante o Samhain no mito da Roda do Ano.
   Conhecer o Deus é conhecer nosso lado mais íntimo e selvagem. O Deus é livre, age como seus instintos mandam, faz parte da natureza assim como a natureza também faz parte dele. Por ser uma representação pura do masculino, o Deus representa a sexualidade, a força física, virilidade, vitalidade, poder, atitude, coragem, fertilidade, os desejos não reprimidos.
   Podemos ver a influência do Deus nas florestas, na natureza, na continuidade da vida cotidianamente, que renasce durante todas as manhãs como o Sol - nesta face, é conhecido como Apolo ou Belenos, o Deus-Sol e brilhante. Ele é o poder que traz fertilidade à terra e aos animais, que fortalece a vida, que protege os animais mas que também favorece a caça para alimentação e sobrevivência - assim, conhecido como Cernunnos, Oxóssi ou Herne. É guardião dos bosques e florestas, das matas e montanhas, de toda a natureza intocada, assim como é um protetor de portais - como o portal para o submundo, que atravessamos após a morte. Em sua face ceifador, ou seja, Senhor das Sombras, o Deus é conhecedor dos nossos medos e fraquezas, e nos orienta para que nos fortaleçamos, nos auxilia a superar limitações. Durante o inverno, o Senhor das Sombras é quem faz a natureza adormecer para renascer vívida e forte na primavera; é quem administra e guarda o submundo, conhecido por muitos nomes: Hades, Plutão, Anúbis. O Deus é protetor dos vinhos e bebidas, da alegria e felicidade, das coisas boas que podemos desfrutar da vida, e conhecido por Baco ou Dioniso nesta face.
   Imagens e símbolos do Deus são o Sol, o cervo, um homem com chifres e/ou com patas de cervo, animais selvagens, chifres, ou o falo ereto. O símbolo "Horned God" é muito utilizado para representar o Deus e o Sagrado Masculino.

Entre a natureza,
   Alannyë.  

Magia com Velas - Unção

Vela com runas desenhadas na superfície. Esta
também é uma ótima forma de praticar magia com
velas! Além disso, as gotas vermelhas podem ser
alguma essência ou óleo com a qual foi ungida.
   A unção - ou seja, consagração feita através de óleos - em velas serve para consagrar e também programar o objetivo daquela vela. Assim sendo, quando você acendê-la, ela já estará determinada para uma finalidade específica, auxiliando com suas energias para o que foi programada.
   Você pode ungir uma vela utilizando essências ou óleos essenciais de determinadas ervas ou plantas que possuam propriedades similares às que você quer. A erva pode ser a mesma que o óleo ou essência contém, desde que possuam a mesma finalidade mágica.

   Por exemplo, pode banhar uma vela em essência de rosas para que ela lhe traga amor, visualizando este amor sendo trazido para sua vida enquanto espalha a essência, e especificando que tipo de amor deseja em sua vida - um namoro? Uma amizade? Mais amor em sua família?
   Você também pode utilizar óleos que consagrou e/ou preparou, ou, na falta de algum desses, azeite de oliva ou de girassol também pode servir.
   A forma mais comum de praticar o ritual de ungir velas é segurando-a e visualizando seu objetivo enquanto espalha o óleo de cima para baixo, sem molhar o pavio com o óleo ou essência. Assim, você dirá - mesmo que mentalmente - que esta vela servirá como uma forma de você alcançar seu objetivo, e já visualizará este objetivo realizado em sua mente. Esta já é uma consagração.
   Você pode também adicionar ervas em pó ou em pequenos pedaços juntamente do óleo, desde que possuam propriedades similares, para que seus desejos sejam ainda mais reforçados.

   Caso você esteja consagrando e programando a vela para banir alguma coisa, deve ungi-la ao contrário, ou seja, da base para cima. Da mesma maneira, deve visualizar esta coisa sendo banida, levada embora de sua vida para não voltar mais. Pode adicionar coisas como sal grosso ou ervas como arruda na superfície da vela banhada em óleo para reforçar o banimento.
   Além de atrair ou banir, velas podem ser ungidas para a finalidade de honrar deidades. Por exemplo, se você estiver preparando um ritual para honrar Bastet, pode untar a vela com essência de verbena, e adicionar um pouco da própria erva verbena ao redor da vela. Enquanto passa a essência ou adiciona a erva, você pode dizer mentalmente para Bastet que esta vela servirá para honrá-la e será uma oferta sua, de seu coração, e/ou pode antecipadamente pedir a intervenção de Bastet em determinado aspecto de sua vida, desde que respeitosamente.

A ser iluminada por inúmeras velas,
   Alannyë.