Teto do Pronaos do Templo de Hathor, em Dendera. Da esquerda para a direita: duas representações do vento sul; os oito deuses da Ogdoad; três Almas de Nekhem; Hórus, Néftis, Osíris e Isis, Ma'at, todos na barca; abaixo da barca, estão as quatro direções cardeais; por fim, três Almas de Pe. Fonte, editada pela autora. |
A Ogdoad é como se chama o conjunto de oito deuses primordiais que existiam antes da criação, e personificam as qualidades das águas primordiais. É frequentemente mencionada nos Textos dos Sarcófagos do Império Médio; no Império Novo, esse grupo de deuses parece ter sido redescoberto pelos teólogos de Hermopolis, que deram profundidade a esse mito que remonta ao princípio da civilização kemética. Uma informação interessante é que o nome de Hermopolis na língua kemética era "Khmunu", que significa "A Cidade dos Oito".
Para entender melhor esse mito, precisamos primeiro conhecer as divindades da Ogdoad. São quatro casais de deuses, e cada casal representa um aspecto, denotando a dualidade inerente a tudo. O números 4 e 8 possuíam fortes simbologias dentro da cultura egípcia, pois simbolizam, respectivamente, totalidade e completude. As divindades masculinas apresentam cabeça de sapo, e as femininas, cabeça de cobra, pois são criaturas aquáticas (sim, cobras nadam, e muito bem!). Os casais são, sendo apresentados na ordem de masculino e feminino:
Acima: Hehut e Huh; Amen e Amunet; Ptah. Abaixo: Keket e Kek, Nun e Nunet; Thoth. Fonte. |
• Nun e Nunet - representam a própria água primordial.
• Huh e Hehut - representam a extensão infinita da água primordial, a infinitude do universo.
• Kek e Keket - representam a escuridão.
• Amun e Amunet - representam a natureza desconhecida e incompreensível do universo; por vezes, representam o ar.
Se considerarmos as iniciais dos casais acima, você perceberá que podemos criar a palavra "ankh", que significa "vida" em kemético. Entretanto, essas divindades variam de acordo com a fonte e o momento histórico analisado. Por vezes, a escuridão é representada por outro casal: Gereh e Gerehet - nesse caso, Heh e Hahet são vistos como forças do caos, que personificam correntes aquáticas. Quando o deus Amun ganhou importância como uma divindade criadora por si só, ele e sua consorte Amunet foram substituídos por Nia e Niat, que representam o vazio.
O Mito de Khmunu
O mito em si é bastante simples. As oito divindades da Ogdoad interagiram entre si, unindo todos princípios femininos e masculinos - primeiro os princípios iguais, depois os diferentes. Isso quebrou as tensões que mantinham o equilíbrio entre os elementos que formavam o pré-universo. O resultado disso foi uma enorme explosão, e a grande quantidade de energia liberada fez com que o benben, ou monte primordial, emergisse das águas. A partir daqui, a história se divide, pois há diferentes versões do que acontece a seguir.
1. O Sol nasce no monte primordial, conhecido como Ilha das Chamas (Iu-Neserser), na forma do deus Ra, que por sua vez cria o mundo. A Ilha recebe esse nome pois é o local de surgimento do primeiro nascer do Sol.
2. Um ganso celestial, chamado Gengen Wer, pôs um ovo sobre o benben. Dentro desse ovo estava Ra, o pássaro da luz, que ao nascer, criou o mundo.
3. Igual ao acima, porém o pássaro em questão foi uma íbis (que é sagrado a Thoth, por vezes considerado como sendo o próprio Thoth).
4. Uma flor de lótus (personificado como o deus Nefertem) flutua para a superfície das águas primordiais, e quando suas pétalas se abrem, revelam o Sol na forma de Ra.
5. Igual ao acima, mas Ra está na forma de escaravelho sagrado (Khepri).
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Algumas informações daqui.
Egyptian Mythology por Don Nardo.
Egyptian Mythology por Simon Goodenough.
The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt por Richard H. Wilkinson.
Handbook Egyptian Mythology por Geraldine Pinch.
A venerar Sapos e Cobras,
Alannyë Daeris.
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