Nun levantando a barca solar de Ra no momento da criação - circa 1050 a.C. Fonte: O Livro dos Mortos de Anhai. |
Antes de mais nada, a civilização egípcia era, na verdade, um emaranhado de culturas, unificadas sob o poder do Faraó. Cada região possuía suas próprias interpretações acerca dos deuses e das histórias que os envolvem. Assim, ao buscar os mitos de criação do Kemet, você encontrará múltiplas versões diferentes, que estão associadas com divindades específicas, variando de acordo com o local de origem da lenda. Por esse motivo, são nomeados após a cidade que originou a lenda.
Essas distintas perspectivas da cosmogonia tanto competem quanto se complementam entre si, revelando diferentes aspectos de como os egípcios percebiam a criação do mundo. Todas as versões eram aceitas simultaneamente, pois havia a compreensão de que não há apenas uma visão correta da realidade ou da natureza dos deuses. Para entender, pense na luz: ela se comporta tanto como partícula quanto como onda. Não é um, nem outro: é onda e partícula ao mesmo tempo. Da mesma forma, para os egípcios, não havia uma única verdade, ou um único panteão: todos eram aceitos como válidos, inclusive os estrangeiros.
Além disso, sabemos que houveram grupos de sacerdotes nas grandes cidades egípcias que buscavam, através dos mitos, promover a importância de certos deuses, moldando a cosmogonia para refletir esse favorecimento. Como o território do Kemet era muito amplo e não havia uma uniformidade no culto aos deuses, essas lendas também serviam como uma tentativa de popularizar algumas divindades e levá-las às cidades que centravam sua fé em outros deuses do panteão.
Essas distintas perspectivas da cosmogonia tanto competem quanto se complementam entre si, revelando diferentes aspectos de como os egípcios percebiam a criação do mundo. Todas as versões eram aceitas simultaneamente, pois havia a compreensão de que não há apenas uma visão correta da realidade ou da natureza dos deuses. Para entender, pense na luz: ela se comporta tanto como partícula quanto como onda. Não é um, nem outro: é onda e partícula ao mesmo tempo. Da mesma forma, para os egípcios, não havia uma única verdade, ou um único panteão: todos eram aceitos como válidos, inclusive os estrangeiros.
Além disso, sabemos que houveram grupos de sacerdotes nas grandes cidades egípcias que buscavam, através dos mitos, promover a importância de certos deuses, moldando a cosmogonia para refletir esse favorecimento. Como o território do Kemet era muito amplo e não havia uma uniformidade no culto aos deuses, essas lendas também serviam como uma tentativa de popularizar algumas divindades e levá-las às cidades que centravam sua fé em outros deuses do panteão.
Há alguns elementos que se repetem dentro das cosmogonias egípcias, como a ideia de que toda a Terra é um local sagrado, pois é um reflexo do céu no qual os deuses habitam. Também há a noção de que os deuses habitaram a Terra por um determinado período de tempo, no qual estabeleceram reinos e então partiram para sua morada no céu, delegando a responsabilidade de liderar para os Faraós - motivo pelo qual eram considerados deuses na terra, personificando características divinas.
Outro fato recorrente nas cosmogonias keméticas é o termo "Zep Tepi" (zp tpj), que pode ser traduzido como "A Primeira Ocorrência". Esse termo serve para se referir ao momento em que o Sol nasceu da água primordial - cujos detalhes e pormenores dependem da versão do mito escolhida. Em todas elas, o princípio criador surgiu a partir de Nun (deus que personifica as águas caóticas e sem vida do princípio de tudo). A primeira coisa a emergir das águas é benben, um monte de terra em formato de pirâmide. Acredita-se que isso seja inspirado na cheia do Nilo que ocorre anualmente, já que quando o rio recede e começa a diminuir, revela montes de terra piramidais nas margens. Em alguns mitos, o benben e as águas primordiais são substituídos pelo Ovo Cósmico. Esse tema é bastante recorrente em outras mitologias, como a Védica, Finlandesa, Grega e Polinésia.
Entraremos em mais detalhes nos próximos textos dessa série que começa hoje aqui e no Instagram, na intenção de elucidar um pouco os mitos que formam a base da espiritualidade kemética, e que são imprescindíveis para todos que se interessam pelo Kemetismo.
Atualizado em 07/03:
• Mito de Criação de Hermópolis (Ogdoad)
• Mito de Criação de Heliópolis (Enéada)
Entraremos em mais detalhes nos próximos textos dessa série que começa hoje aqui e no Instagram, na intenção de elucidar um pouco os mitos que formam a base da espiritualidade kemética, e que são imprescindíveis para todos que se interessam pelo Kemetismo.
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• Mito de Criação de Hermópolis (Ogdoad)
• Mito de Criação de Heliópolis (Enéada)
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Fontes e mais informações nas obras abaixo:
The Ancient Egyptian Pyramid Texts, de Raymond O. Faulkner.
The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt, de Richard H. Wilkinson
The Egyptian Book of the Dead, de Wallis E. Budge.
Circle of the Sun: Rites and Celebrations for Egyptian Pagans, de Sharon LaBorde.
Following the Sun: A Practical Guide to Egyptian Religion, de Sharon LaBorde.
A organizar ensinamentos,
Alannyë Daeris.
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