quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Resenha: Deuses do Egito, de Claude Traunecker

  Sinopse: Admirada e reverenciada pelos gregos e romanos, execrada pela Igreja Católica da Idade Média e mal compreendida no renascimento, a religião do Egito - com sua multiplicidade de deuses, demônios, gênios e animais venerados com um ardor espantoso - ressurgiu a partir da decifração dos velhos hieróglifos e do desenvolvimento da egiptologia. Por trás de uma aparência estranha, bizarra mesmo, os deuses no Egito habitavam um universo de pensamento refinado que abriga múltiplas interpretações do mundo e da existência humana. Numa linguagem acessível e elegante, Claude Traunecker desvenda-os a sutileza dos mitos e a complexa natureza de um mundo misterioso e distante que continua a nos fascinar.

Ficha Técnica


    Autor: Claude Traunecker
    Editora: Universidade de Brasília
    Páginas: 143
    Ano: 1995

  Ao iniciar a leitura, confesso que não esperava muito dessa obra (até porque não sabia nada a seu respeito e sou cautelosa com livros sobre o Kemet), mas Deuses do Egito se revelou uma leitura bem satisfatória e repleta de informações valiosas - incluindo alguns exemplos de hieróglifos e até uma rara representação artística de Anúbis em forma humana. Apreciei bastante o cuidado do autor de referenciar as perspectivas e teorias de vários colegas egiptólogos e estudiosos da área, citando o avanço do entendimento e das pesquisas sobre esse tema tão vasto e complexo que é a percepção acerca do divino dentro da cultura egípcia.
   Muitos conceitos importantes para uma boa compreensão da religião kemética na antiguidade são abordados, termos da língua egípcia são traduzidos e detalhados, mas essa obra pode exigir um certo nível de atenção em alguns momentos, nos quais a escrita se torna mais complexa e é necessária a releitura para absorver o que realmente está sendo dito. Afora essas específicas ocasiões, se trata de uma leitura bem fluida e pouco maçante, mas ainda repleta de informações relevantes e referências aos textos, papiros e estelas principais para quem deseja ir além e buscar os escritos originais.
   Para quem já entende bastante do Kemet, talvez pouco de novo será apresentado aqui, mas para iniciantes e curiosos, é um livro bastante válido, adequado para introduzir a relação dos egípcios com os Deuses, suas formas de se comunicar com o divino e seus diferentes mitos de criação. Ouso dizer que o conteúdo vai bem além do que o título sugere, pois esse livro introduz de forma sucinta e bem elaborada uma visão confiável da espiritualidade kemética em diversos aspectos, especialmente em sua multiplicidade característica.
   E ao que tange às divindades, muitos de seus títulos, características e associações com locais são apontadas, incluindo informações sobre Deuses estrangeiros ao final da obra. Não é um compilado ou um guia dos nomes, nem fornece informações direcionadas para o culto, mas cumpre perfeitamente seu papel de pincelar um panorama sólido e confiável sobre a religião egípcia em tão pouca quantia de páginas (se compararmos com a grandiosidade do assunto!).

A observar novas perspectivas sobre Netjer,
   Alannyë Daeris.

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