sábado, 27 de fevereiro de 2021

Hino a Neith

Eu sou aquela coberta de véus
Cuja Verdadeira forma é oculta
E nunca aos homens ou Deuses será revelada
Eu sou a mãe ancestral e secreta
A patrona dos mistérios
Oriunda do nada primeiro, antes do nascimento
Todas as divindades se formaram de meu ventre fértil na aurora dos tempos
Sou a plena e fértil inundação
A sopa primordial, as águas primevas da vida
Que enchem as bacias e revitalizam as margens ano após ano
Eu sou quem abre os caminhos de todos os planos, astrais e mundanos
Quem mostra ao Sol suas estações pela via da eclíptica
E estou ao norte de todas as muralhas, acima dos obstáculos e desafios, magnânima
Me compreenda como a tecelã dos fios da realidade
Minha roca fia a trama da Verdade, além da realidade e subjetividade
Eu sou a mestra do arco, a regente das flechas
Feroz em batalha e grande em poder
A caçada é meu lar, e a guerra é meu palácio, o escudo é minha égide
Sou a mãe das mães, o pai dos pais
Minha forma é o que você conhece como cosmos em toda sua imensidão
Mergulhe em minha profundidade, e flua com a minha benção
Os crocodilos sob meus cuidados fornecerão sua feroz proteção
Entregue-se à escuridão e conquiste o que lhe assombra
Sou Grandiosa, e estou viva sem ser nascida
Sou a sábia que unta as bandagens de Wesir
E flecha os inimigos dos falecidos em seu descanso final
Eu sou o céu oculto, infinito e sombrio
Meu gênero é andrógino, pois sou tudo e o nada que sempre existiu
Me derramo solitária e o Divino vem a ser por minha pura intenção
Meu coração é a fonte mais antiga dos Nomes sagrados
Eu sou tudo que há, tudo que já foi, e tudo que ainda será
Nenhum ser será capaz de me ver sob meus véus,
E eu dou à luz ao Sol, tecendo um novo dia a cada amanhecer.

Por Alannyë Daeris

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Vórtex de Abundância e Prosperidade Financeira

   Nessa sexta, trago um feitiço de recipiente de confecção muito simples e intuitiva, que pode ser prolongado e mantido ativo por longos períodos de tempo, com potencial para se tornar cada vez mais eficaz e poderoso.

Você precisará de:
• Uma tigela, jarro ou vaso com a boca larga. Qualquer material serve, mas dê preferência a um recipiente natural, de cerâmica, madeira, barro ou metal.
• Grãos sortidos, como arroz, lentilha, feijões, ervilhas, milho, entre três a sete tipos diferentes.
• Uma folha de papel e caneta.
• Óleo para fortuna e prosperidade, ou azeite de oliva.
• Uma chave que não pertença a nenhuma fechadura utilizada atualmente, seja antiga ou nova, já purificada.

🕒 Horas e dias de Júpiter ou Vênus.
🌓 Lua crescente ou cheia.

   Prepare o ambiente e a si mesmo, e reúna todos os ingredientes em um local onde não será perturbado. Trace o círculo mágico se for de seu costume. Comece elaborando no papel um sigilo que represente sua intenção relacionada aos ganhos financeiros, ou escreva "fluxo próspero e abundante de dinheiro", como uma petição. Escreva seu nome completo no verso do papel, e use o óleo para consagrar, desenhando o símbolo de Júpiter com o dedo umedecido no óleo. Coloque o papel dentro da tigela vazia.
   Segure a chave em mãos e visualize seus caminhos financeiros se abrindo para muita abundância, muito dinheiro chegando em suas mãos, e você abrindo portas para montanhas de bens e riquezas. Deposite toda sua intenção na chave, e imagine que ela emana um brilho dourado bem forte. Quando sentir que é hora, unte a chave com o óleo de prosperidade e coloque sobre o papel, dentro da tigela.
   Vá derramando camadas de grãos no recipiente, cobrindo o papel e a chave, sempre mentalizando seus objetivos e metas se concretizando. Quando estiver cheia até quase a borda, use o dedo indicador para misturar os grãos em sentido horário, ativando o vórtex de prosperidade. Você pode falar um mantra ou encantamento verbal apropriado, e está feito.
   Esse feitiço pode ser continuamente energizado, e a sugestão é que todo dia você acrescente um ingrediente ou elemento, como uma folhinha de louro ou um pouco de alecrim, uma pedra que você encontrou na rua, uma semente que sobrou da refeição, uma moeda que recebeu de troco, e outros itens relacionados à prosperidade ou em agradecimento. Semanalmente, recicle os itens, passando-os adiante, gastando as moedas ou queimando as flores e folhas.

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A gerar um bom fluxo,
   Alannyë Daeris.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Resenha: Protection and Reverse Magick, de Jason Miller

   Sinopse (na língua original): You could be the target of a spell or curse and not even know it! All people, witches or not, are susceptible to these attacks. The difference: witches and magicians can do something about it. Now you can too. Protection & Reversal Magick is a complete how-to manual on preventing, defending, and reversing magickal attacks of any kind. You will learn to:
• Set up early-warning systems.
• Appease angry spirits through offerings
• Perform daily banishings and make amulets that will prevent most attacks
• Make magickal “decoys” to absorb attacks against you
• Summon guardian spirits or gods for help
• Bind, confuse, or expel a persistent enemy who will not leave you be.
These techniques aren’t just for Wiccans, either, but for ceremonial magicians, rootdoctors, witches, and anyone else who puts magick to a practical use.
Like the cunning men and women of old, now you can defend yourself and your loved ones against even the strongest attacks!

Ficha Técnica


   Autor: Jason Miller
   Ano: 2006
   Editora: Weiser
   Páginas: 224

   O livro se inicia com uma sólida explicação sobre a importância de saber se proteger magicamente, e constata a realidade: a magia não é tão segura e "purpurinada" como muitos gostam de afirmar, pois negar os perigos não faz com que deixem de existir, apenas resulta em uma geração de bruxas e magistas despreparados e ignorantes quanto às ameaças.
   Se você oferece serviços espirituais ou trabalhos mágicos a outras pessoas, sejam feitiços gratuitos para amigos e familiares, ou por encomenda de clientes, recomendo essa obra como uma necessidade, pois poderá questionar e aprofundar muitas das suas visões e entendimentos, trazendo mais segurança para você e para as pessoas para quem você realiza magia. Pode não ser o melhor dos livros sobre proteção mágica, mas Protection and Reverse Magick faz um ótimo trabalho em elucidar os conceitos por trás de tudo que apresenta, inclui muitos relatos bem interessantes vividos ou conhecidos pelo autor em sua jornada espiritual, e faz tudo isso de uma forma muito sensata e realista.
   O autor comenta logo no começo da obra que se espera que os leitores tenham um entendimento básico sobre magia, e de fato alguns temas apresentados aqui podem exigir um pouco mais de prática para testar, mas estou certa de que mesmo um iniciante consegue acompanhar o ritmo dessa escrita clara e precisa, somando ao fato de que são conhecimentos imprescindíveis para ter uma noção concreta de como se proteger, como identificar sinais de ataques mágicos, e conhecer outras perspectivas - além de inúmeras técnicas mágicas - que nem sempre são ensinadas em livros e mídias mais introdutórias sobre Bruxaria e magia.
   Como eu particularmente não sou devota de Hekate, os rituais e encantamentos sugeridos no decorrer do livro não possuem muito uso para mim, mas tenho certeza de que bruxas hekatinas adorarão expandir seu grimório de magias com a energia da Deusa das Encruzilhadas. Mas se assim como eu, você não cultua nem pratica magia com Hekate, saiba que a maior parte das práticas são com ela, e portanto precisam ser bem modificadas caso deseje aplicar na sua vida e com suas entidades/divindades pessoais. Não cheguei a me incomodar muito com isso, mas outros leitores podem se sentir mais insatisfeitos ou no mínimo surpreendidos.
   Fora essa questão em específico, gostei muito, concordo com muitos dos posicionamentos do autor ainda que discorde de alguns outros. Extraí muitos aprendizados e reflexões profundas vieram à mim no decorrer da semana em que li, e sei que será um manual que voltarei a consultar com certa frequência. Achei extremamente positivo que nos capítulos de encerramento, o autor fala também sobre o processo de cura e tratamentos espirituais para após conflitos mágicos. E nesse capítulo, explica até mesmo sobre recuperação de alma, um saber ancestral que pouquíssimo vejo ser tratado dentre místicos e esotéricos brasileiros. Vale a pena a leitura, com toda a certeza.

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A reforçar os reforços,
   Alannyë Daeris.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Epítetos de Amun

   Epítetos são títulos dados a divindades, que servem para representar certas faces específicas deles, e invocar determinadas características. Para saber mais, veja esse texto que trata sobre o assunto.
   Hoje, trato dos títulos de Amun, tanto epítetos tradicionais keméticos traduzidos para nossa língua e adaptados para o português, quanto alguns epítetos modernos que incluí ao final. Podem ser usados em orações, rituais, meditações e em quaisquer situações que você queira evocar ou invocar esse aspecto de Amun que está retratado no epíteto escolhido. Ele dispõe de numerosos títulos tradicionais, pois foi um dos mais importantes Deuses cultuados no Kemet; mas essa lista não contém todos os títulos associados com esse deus, e há muitos outros que podem ser encontrados, ou desenvolvidos na sua própria interação e culto a Amun.

Epítetos Tradicionais


• Aquele que está escondido
• Aquele que não pode ser visto
• Amun que completou seu momento
• Amun rico em nomes
• De nomes infinitos
• De forma desconhecida
• O Oculto
• O Vento
• O Eterno
• O Carneiro
• De forma misteriosa
• Altas são suas penas
• Mais antigo dos Deuses do Céu do Leste
• Touro de sua Mãe (Kamutef)
• Senhor da Vitória
• Senhor da Força
• Senhor da Mirra
• Senhor do Tempo
• Senhor do Falo
• Senhor de Thebas
• Senhor da Verdade
• Senhor de todas as coisas que existem
• Senhor dos tronos das Duas Terras
• Rei dos Deuses
• Chefe dos Deuses
• Pai dos Deuses
• Pai dos Faraós
• Senhor do silêncio
• Vizir dos pobres
• Aquele que vem ao chamado dos pobres
• Aquele que ouve todas as orações
• Voz dos desafortunados
• Amun das estradas
• Criador dos homens
• Criador dos animais
• Criador do cajado da vida

Epítetos Modernos


• Mestre da criação
• Criador do destino
• Defensor da justiça
• Protetor dos fracos
• De pele vermelha
• De pele azul
• Que segura o cetro Was e a Ankh
• Senhor da fertilidade
• Senhor da prosperidade
• Que porta o Uraeus


Epítetos tradicionais em grande parte traduzidos de The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt, Richard H. Wilkinson

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A confessar meus passos em falso para aquele que ouve os suplícios,
   Alannyë Daeris.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Feitiço de Mandala Natural de Proteção para Ambientes

   Para o feitiço dessa sexta, trago um que me foi ensinado por Anúbis há algumas semanas, voltado para a proteção do lar, ou de ambientes específicos. Bem descomplicado de confeccionar, e pode até ser realizado na companhia de crianças como uma atividade lúdica.
   Os ingredientes sugeridos podem ser adaptados ou modificados conforme sua disponibilidade ou preferência, mas sugiro que mantenha o feijão e o sal, pois são a "alma" desse feitiço. Mas sinta-se altamente incentivado(a) a experimentar com os materiais e as formas que serão usadas, deixe a criatividade fluir!

Você precisará de:
• Uma tigela redonda com areia, fubá ou terra. Pode ser feito sobre no jardim da casa, por exemplo, nesse caso sem a necessidade da tigela (mas demarque o círculo que separa a mandala do resto do jardim).
• Sal grosso ou sal refinado. Sal negro também serve.
• Grãos de feijão.
• Cravos-da-Índia.
• Um incenso, de preferência natural.
• Opcional: Outros grãos e ervas com correspondências de proteção, como pimentas, folhas de louro, canela em pau, anis estrelado, pó de café. Use apenas ervas secas.
• Opcional: Cristais negros ou pedras com correspondências de proteção.

🕒 Horas e dias de Marte, Sol ou Saturno.
🌕 Lua cheia ou minguante.

   Limpe fisicamente e purifique o ambiente e a si mesmo(a) antes de começar. Trace o círculo mágico agora se quiser, e concentre-se. Acomode a areia (ou o que estiver usando como base para a mandala) na tigela e alise a superfície, até que fique bem plana. Comece usando pitadas de sal para desenhar um pentagrama no centro da tigela, do tamanho que você julgar adequado.
   A partir do pentagrama de sal, vá decorando com os grãos de feijão e os cravos-da-Índia, e os outros ingredientes naturais que quiser usar. Você pode traçar espirais, linhas, círculos, e padrões simétricos ou assimétricos - deixe sua intuição lhe guiar, mas mantenha sempre o foco na proteção. Pense na sua casa, ou no ambiente em questão, bem protegida e com barreiras energéticas consistentes, capazes de afastar ou defender contra todo tipo de ataque físico ou energético.
   Quando estiver satisfeito(a) com sua mandala natural, envolva-a na fumaça do incenso, e consagre desenhando um pentagrama no ar com a fumaça do incenso, e mentalizando sua intenção com firmeza. Você pode encerrar com um encantamento verbal, ou um "assim seja feito". Coloque a tigela na cozinha ou na sala da sua residência, ou em um recinto de importância no lugar (como uma recepção, sala de espera ou secretaria). Pode ficar visível aos olhos dos outros, mas também pode ser escondida se você preferir.
   Esse feitiço tem uma efetividade de um a três meses, dependendo do fluxo de pessoas no local, as formas-pensamento geradas e alimentadas pelos moradores/frequentadores, e outras inúmeras questões, portanto a tigela deve ser refeita com certa regularidade para que consiga manter a proteção em dia. Jogue todos os ingredientes no lixo (pois sal grosso faz mal à natureza e não deve ser descartado sobre plantas) e refaça a mandala como sentir na hora. Não precisa ser igual à antiga!

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A traçar padrões transitórios nas areias do tempo,
   Alannyë Daeris.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Método Oracular de Sol em Peixes

   O Sol dará entrada no signo de Peixes às 17:43hrs de hoje (18/02), então que tal examinar nossas tendências para esse período sob a influência pisciana? Esse método pode ser aplicado a qualquer momento durante a temporada de Sol em Peixes, que vai até 20/03, mas quanto antes você a fizer, melhor, pois assim você aproveita ao máximo suas orientações.
   Você pode escolher qualquer oráculo de sua preferência que permita a disposição descrita na imagem. O Tarot e o Petit Lenormand (Baralho Cigano) são os mais recomendados para essa tirada, mas não se sinta limitado. Use a ferramenta que sua intuição lhe recomendar. A disposição das cartas ou runas foi inspirada no símbolo do signo de Peixes.

O Método


1. Devoção. Ao que devo me devotar? Quais crenças estarão presentes?
2. Absorção. O que será facilmente absorvido por mim nesse período? Como isso me impactará, ou como integrarei em mim?
3. Receptividade. Ao que estarei mais receptivo? Como posso lidar de forma saudável com isso?
4. Flexibilidade. Quão flexível precisarei ser? O que posso fazer para me adaptar às situações?
5. Dispersão. Estarei muito ou pouco disperso? Como essa dispersão me influenciará?
6. Criatividade. De que formas sua criatividade pode ser usada a seu favor? Conselhos criativos para sua vida.

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A fluir com a correnteza,
   Alannyë Daeris.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Resenha: Introdução às Artes Divinatórias, de Scott Cunningham

   Sinopse
: E se você pudesse ver o que o aguarda, sempre que quiser, avançando para os próximos dias, semanas ou até anos? Seja conhecer alguém especial, arrumar o emprego dos seus sonhos ou tomar decisões importantes, as artes divinatórias lhe oferecem uma noção incrível de seu futuro e você nem precisa ser vidente para usá-las. Scott Cunningham apresenta este guia completo para a adivinhação, a arte de determinar passado, presente e futuro. Em uma série de passos práticos, você aprenderá a prever o futuro usando técnicas divinatórias simples, mas eficazes. Escolha os métodos que funcionem melhor para você. Faça as perguntas certas para conseguir respostas precisas. Use as cartas do tarô, o I Ching, a leitura de cristais, a quiromancia e a observação dos presságios para entender melhor o mundo ao seu redor.

Ficha Técnica

   Autor: Scott Cunningham
   Ano: 2003 - 2015 (Brasil)
   Editora: Madras
   Páginas: 208

   Uma das últimas obras deixadas por Scott Cunningham, Introdução às Artes Divinatórias é um guia bastante abrangente de técnicas e métodos oraculares, dedicado a todos aqueles que se interessam por conhecer as mais diversas e inusitadas maneiras pelas quais os povos antigos e também as pessoas da modernidade se comunicam com o espiritual, sejam os leitores leigos ou entendidos do assunto.
   Extremamente didático e de fácil compreensão, como tudo de autoria de Cunningham, essa obra faz um ótimo trabalho na apresentação e compilação de procedimentos divinatórios, ideal para quem está buscando se aventurar e ter um primeiro contato com esse universo místico de possibilidades, ou para quem quer encontrar um método que se interesse profundamente e reflita sua personalidade ou esteja bem alinhado com seu paradigma pessoal.
   O propósito desse livro não é detalhar com profundidade as técnicas oraculares que ele cita, até porque cada uma das técnicas citadas precisaria de livros inteiros para que sejam compreendidas e esmiudadas por completo. E ainda assim, em vários dos métodos divinatórios, há informação suficiente para que se saia praticando quase que imediatamente, até com materiais simples que qualquer indivíduo tem em sua casa.
   Devo ressaltar que o primeiro capítulo, dedicado aos conceitos mais básicos e primordiais para uma boa prática divinatória, se destacou muito para mim por sua escrita exemplar e apurada, revelando muitos aspectos imprescindíveis para quem deseja realmente praticar as Artes Oraculares para si ou para outras pessoas. Como era feita na antiguidade, o que é o pensamento simbólico, os tipos de perguntas e respostas que podem ser elaboradas, como se preparar para uma leitura, o que é o tempo...
   No segundo capítulo e no terceiro (esse último que apenas pincela de leve as artes mais complexas como o Tarot e o I Ching), o leitor será apresentado a uma enorme quantia de métodos e técnicas, e admito que sempre que consulto essas páginas, me surpreendo e sinto vontade de colocar em prática alguns, pela curiosidade ou interesse no funcionamento. Se você aprecia a divinação como a arte milenar que ela é, Introdução às Artes Divinatórias não só lhe colocará em contato com mais de uma centena de técnicas para obter respostas, mas também ampliará muito sua visão sobre o que é a interação com os Oráculos, na teoria e na prática.
   E por fim, mas não menos importante, o Apêndice contido no final do livro lista os nomes e informações básicas a respeito das artes citadas no livro, adiciona alguns outros métodos incomuns e raros a título de informação, e encerra com um glossário de termos importantes.

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A assinar embaixo dessa obra perfeita,
   Alannyë Daeris.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Método de Leitura Oracular para Comunicação com Guias, Ancestrais e Divindades

   Entender a relação que temos com nossos Guias Espirituais, Ancestrais ou Divindades de culto pode ser um processo árduo e confuso para a maioria das pessoas. O método oracular a seguir foi criado para facilitar esse entendimento, usando o oráculo como intermediário para as mensagens. Pode ser refeito com uma certa regularidade, para manter sua conexão "em dia", mas nesse caso exclua a primeira posição - ela só deve ser feita uma vez para cada entidade.
   Recomendo que essa tirada seja feita com o Tarot ou o Petit Lenormand (Baralho Cigano), visto que as imagens visuais das lâminas desses baralhos podem apresentar simbologias e ícones relevantes para que o consulente ou você consiga relacionar bem as instruções/sinais. Outros oráculos de cartas podem ser interessantes, mas não revelar o suficiente para essa tirada.
   Caso escolha usar o Tarot, embaralhe apenas os arcanos maiores e selecione um para a primeira posição. Depois, você decide se embaralhará todas as lâminas juntas, se continuará usando apenas os arcanos maiores, ou se optará por algum método de tiragem como o método europeu (um arcano maior e um menor por posição).
   Caso opte pelo Petit Lenormand, se a carta que cair na primeira posição estiver relacionada a uma carta da corte, essa "personagem" representará aspectos do seu Guia. Você também pode usar o naipe para determinar, sendo masculinos os naipes de Paus e Espadas, e femininos os naipes de Ouro e Copas. Essa interpretação também pode ser feita com o Tarot, especialmente com o método europeu, no qual você analisará o gênero provável do Guia de acordo com o naipe do arcano menor, e as outras características a partir do arcano maior. É claro que o gênero pode estar fora do nosso espectro tradicional de sexualidade e identidade, mas essa informação pode ser muito útil quando buscamos entender e conhecer Guias que já foram encarnados em algum momento, como Ancestrais.

O Método


1. O Guia. Carta que representa meu Guia Espiritual.
2. Relação. Carta que representa nossa relação atualmente.
3. Conexão. Como posso intensificar nossa conexão?
4. Melhoria. Algo em que devo trabalhar em mim mesmo(a).
5. Expectativa. O que ele(a) espera de mim?
6. Frutos. Quais coisas boas acontecerão através do nosso envolvimento?
7. Mensagem. Um conselho ou algo que ele(a) deseja que eu saiba.

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A ouvir com o coração,
   Alannyë Daeris.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Pesdjentiu - Ritual para a Lua Nova com Aset (Isis)

   Para complementar o ritual de Pesdjentiu que postei mês passado (clique aqui para conferir!), hoje compartilho uma versão desse festival dedicado para Isis, conhecida como Aset na língua egípcia original. As principais mudanças do outro rito para esse são as invocações e orações, portanto esse ritual pode facilmente ser adaptado para qualquer outra divindade egípcia de sua preferência - basta alterar as falas para que estejam relacionadas ao Netjer ou Netjeret escolhido.

Você precisará de:
• Uma vela branca para Aset (ou de outra cor apropriada).
• Uma vela branca para seus Akhu (opcional mas recomendado).
• Um sino, ou algum tipo de instrumento musical simples (triângulo, sistro, castanhola, até tambor ou chocalho podem ser usados). Se não tiver nada, não tem problema.
• Um incenso. Evite incensos de vareta, dê preferência para incensos naturais de bastão, smudge sticks, aromatizadores ou um recipiente com carvão litúrgico para queimar ervas aromáticas. Se você não puder fazer fumaça, unte sua testa e mãos com um óleo perfumado quando for a hora de oferecer o incenso.
• Oferendas de comer e beber; pelo menos uma de cada. Por exemplo, pão, bolo, biscoitos, doces, água gelada, leite, sucos naturais, chás, enfim.
• Opcional: oferendas de ervas são bem adequadas.

   Purificar o ambiente antes desse ritual é recomendado, mas não é obrigatório, portanto faça-o sob sua discrição. Respire fundo, acenda as velas e toque o sino/instrumento ou bata palmas três vezes. Faça o henu de reverência e fale o encantamento abaixo:

"Louvada Isis (Aset), Grande Deusa, Doadora da Vida!
Como Sopdut, Você liberta a Inundação
Você oferta aos Deuses (Netjeru) e oferenda sua voz aos Akhu
Como Senhora do Céu, Terra e Duat
Você vigia sobre Seu filho Hórus (Heru) e irmão Osíris (Wesir)"

   Agora é hora da oferta, e você pode usar esse momento para honrar Aset, com orações ou conversas. Faça o henu de oferenda e diga:

"Receba essa água fresca que é a Inundação
Receba esse incenso, grande de pureza, aroma de purificação
Receba esse alimento, o pão que a nutre em adoração"

   Toque o sino ou bata palmas.

"Grande Aset, Mãe das Mães
Senhora Radiante, Olho de Ra
Mestra da Magia, Deusa da Mirra
De fala gloriosa, esteja comigo na Lua nova
Soberana da Flor de Lápis-lázuli
Regente das Estrelas, abraça-me com tuas asas
Oro em teu Nome, rogo-lhe (diga sua intenção), Ó Aset
Dua!"

   Faça o henu de oferenda novamente para iniciar a Reversão de Oferendas e diga:

"Volte-se para essas que são Tuas oferendas; receba-las de mim."

   Toque o sino ou bata palmas. Agora, você está incentivado a comer as oferendas e beber as bebidas que ofereceu, para honrar esse momento e receber as bênçãos partilhadas. Depois disso, prossiga o ritual até quando quiser; você pode meditar, interagir com Aset e seus ancestrais, consultar oráculos, realizar feitiços, escrever ou recitar poemas e hinos, criar obras de arte, enfim. Para encerrar, toque o sino novamente, diga "In-un-Ma'a (Assim é em verdade)", apague as velas e incenso e saia "de ré", sem virar as costas para o altar. Está feito.

Invocação para Aset adaptada de hinos para Isis em Philae

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A honrar a Mestra Suprema da Magia,
   Alannyë Daeris.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Resenha: Religio Romana Handbook, de Lucius Vitellius Triarius

   Sinopse (na língua original): The Religio Romana Handbook: A Guide for the Modern Practitioner, 2nd Edition, is the first volume in the series, "The Modern Roman Living Series," by Lucius Vitellius Triarius. It is a guide for the practitioner of the cultus deorum Romanum, the ancient Roman religious system as practiced in the modern time. Not a congregational religion, the cultus deorum Romanum is a religious system based on individual practices, household and ancestor worship, and religion of the state.
This work is a compilation of writings, articles, opinions and beliefs from many practitioners of the Religio Romana in Nova Roma, the global Roman Reconstruction effort in our modern age. It has been compiled to assist those interested in learning more about the cultus deorum Romanum and related Roman culture, both ancient and modern, and has been designed to be of practical use by the religio practitioner and reference guide for the non-practitioner.
Unlike the ancient Greek belief system, the ancient Romans believed that achieving peace and harmony in society required maintaining a positive relationship with the gods and goddesses by all to achieve that equilibrium, as the gods and goddesses walked among us daily. Each person was responsible for doing their part, whatever that part was. If you are new to the religion or a seasoned practitioner, this handbook provides you with detailed information on most aspects of the religio on how you can begin participating the global movement to bring much needed sense and balance to our modern world.

Ficha Técnica


   Autor: Lucius Vitellius Triarius
   Ano: 2013
   Editora: -
   Páginas: 273

   Li, reli e continuo retornando a essa obra há meses para consultar seus fundamentos, e compreender melhor os alicerces dessa religião que admiro e tenho orgulho em dizer que é onde minha ancestralidade tem suas raízes. Se você tem interesse em reviver ou conhecer o culto moderno ideal dentro do paganismo romano, embasado em aspectos tradicionais e sólidos, essa obra é uma leitura obrigatória! É perfeita para dar os primeiros passos, e igualmente apropriada para se aprofundar com seriedade nos conceitos e práticas reconstrucionistas da Religio Romana.
   Religio Romana Handbook é o guia mais completo que conheço sobre a conexão cotidiana com os Deuses e as crenças antigas do Império, e inclui não apenas o panorama histórico para introduzir os leitores ao que é o reconstrucionismo romano, mas também orações, sugestões de rituais e atividades para os festivais e para o culto doméstico, instruções de como montar seu lararium (altar) e os instrumentos necessários, sacrifícios e oferendas dentro do paganismo antigo e atual, tabelas de correspondências, e uma lista bem extensa de divindades do panteão, acompanhada de detalhes sobre cada uma delas.
   Um dentre os vários pontos que considerei muito positivos são as citações em latim, sempre acompanhando a tradução correspondente em inglês, e também as referências clássicas e indicações de leituras para quem, assim como eu, aprecia explorar as fontes usadas pelos autores, ainda mais quando se tratam de obras do passado. São mais de 570 referências apresentadas na bibliografia! Até o glossário de termos latinos no final é incrível, e sozinho consegue ser capaz de elucidar sobre diferentes facetas do pensamento e filosofia romana sobre a própria religião, acrescentando imensamente para nós que buscamos reintegrar a pietas como virtude pessoal.
   Vi algumas críticas ao autor por compilar nesse livro algumas informações disponíveis no site Nova Roma, mas dou muito crédito ao autor pelo esforço em organizar tudo, em especial quando o resultado se mostra uma obra muito clara, concisa e descomplicada, que fornece detalhes adicionais valiosos e até reflexões muito inspiradoras.

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A honrar os Lares,
   Alannyë Daeris.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Heka de Execração - Os Banimentos na Magia Egípcia

Imagem do Museum of Fine Arts, de Boston.
Editada pela autora.
   Pouco se fala a respeito de Heka, a magia praticada pelos antigos egípcios, portanto a próxima afirmação pode ser uma surpresa para muitos leitores: os egípcios já entendiam a importância dos banimentos desde meados de 2686 a.C., como atestado pelos mais de 1000 sítios considerados "depósitos de execração" encontrados pelos pesquisadores, repletos de fragmentos e textos ritualísticos para proteção e destruição do mal. Hoje, venho tratar dos feitiços de execração - o que eram, para que serviam e como eram feitos -, e num próximo texto, pretendo trazer instruções práticas para feitiços modernos de execração.
   Os mais famosos exemplos desse tipo de feitiço são as maldições escritas nas paredes das tumbas, mas até o presente momento já foram descobertos milhares de fragmentos ritualísticos - muito mais comuns que essas maldições populares em obras hollywoodianas -, que podiam ser direcionados para proteção contra inimigos, afastar entidades ou espíritos malignos, defender e gerar Ma'at através da prática mágica, ou destruir inimigos do Faraó e do Estado (especialmente em períodos de guerra). A execração podia ser preventiva ou retaliativa, mas parecia se voltar mais para evitar os infortúnios, ou para banir os desafetos, realizando a defesa espiritual da pessoa.

Na Prática


Estatueta exposta no
Rijksmuseum van
Oudheden
.
   Desde o princípio, os rituais de execração envolviam a escrita do encantamento ou maldição em um objeto com tinta vermelha, execrá-lo ritualisticamente, quebrá-lo e enterrá-lo em um cemitério ou local designado para o depósito de execrações. A cor vermelha desde aquela época já simbolizava tanto o perigo quanto a vitalidade, e era geralmente usada pelos escribas ao se referir a deuses "ameaçadores", como Set.
   O formato do objeto variava bastante: potes de argila vermelha, estatuetas de estrangeiros com os membros amarrados e/ou vendados, ou ainda blocos e tábuas simples de cerâmica ou barro inscritos com os encantamentos. Quanto ao material, além da argila crua, foram descobertos vestígios de estátuas de cera de abelha derretidas (talvez fossem velas rudimentares entalhadas!), e figuras de madeira e pedra-sabão. Mas egiptólogos acreditam que papiros e cera eram os materiais mais utilizados na época para esse tipo de feitiço, pois mesmo que seus restos não existam mais, há evidências que sugerem a favor desses materiais no Papiro Bremner-Rhind.
Estatuetas de execrações
egípcias. Fonte.
   Através dos textos hieráticos, sabemos que entre o ato de escrever os encantamentos e nomes no objeto e a quebra do objeto, havia sempre alguma cerimônia a ser realizada para execrar de fato o alvo. Geralmente o item era amarrado, e depois pisado, esfaqueado, cortado, cuspido, socado, queimado, trancado em uma caixa, urinado, e só então enterrado. Nem sempre o ritual envolveria todos os passos citados, mas poderia repetir certas atitudes ou pedir que sejam feitas de forma específica. Por exemplo: "cuspir quatro vezes, pisar com o pé esquerdo, estocar com uma lança, cortar com uma faca, colocar no fogo e enquanto em chamas, cuspir muitas vezes", como está instruído em um rito registrado no artigo que referencio no final do texto.
Feitiços inscritos em fragmentos
de objetos de barro vermelho.
Fonte.
   O processo cerimonial de imbuir o objeto com a intenção e em seguida quebrar os nomes e enterrá-los é um tipo de magia simpatética ou simpática, afetando as pessoas ou entidades que foram atribuídas na ritualística. Os fragmentos eram enterrados nos locais associados com a morte (cemitérios, tumbas e depósitos específicos para heka de execração) para que as pessoas/entidades malignas citadas não pudessem afetar a vida do magista, e também para que ficassem bem longe, impotentes.
   Entretanto, nem todas as execrações envolviam quebrar objetos de argila; pois em determinadas situações eram confeccionados amuletos protetores, que eram usados para garantir a defesa contra tais pessoas ou entidades. Outras vezes, a estatueta era inscrita com os encantamentos e inserida dentro de um pote de argila, então enterrada, provavelmente intencionando a contenção e atamento do alvo, como é feito até hoje em outras tradições e sistemas mágicos.


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A execrar isfet em nome de Ma'at,
   Alannyë Daeris.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Iluminação das Lâmpadas - A Procissão Noturna de Neith e uma sugestão de ritual!

   No dia de III Peret 5, que acontece na data de hoje (5 de fevereiro) no nosso calendário moderno, os egípcios celebravam a deusa Neith com uma procissão noturna, iluminada com velas dentro e fora de suas casas, preenchendo toda a cidade de Sais com beleza e adoração pela Primeira Geratriz, Criadora do Universo.
   A importância desse evento, que apresenta diversos nomes: Iluminação das Lâmpadas, Procissão Noturna de Neith, e Lychnokaia, o fez se espalhar por outras cidades do Egito Antigo, e sobreviver até o período Romano, como cita um texto do reinado de Trajano (98-117 d.C) que foi adaptado para a invocação no ritual sugerido abaixo.
   Heródoto, um geógrafo e historiador grego responsável por registrar um pouco sobre esses festivais - mas com o sincretismo greco-egípcio no qual Neith é assimilada com a deusa Athena -, comenta que há um conto sagrado explicando o motivo das lanternas serem acendidas nessa noite em honra de Nit, mas não chega a relatar qual é o mito por trás. Hoje, historiadores e egiptólogos afirmam que era feita uma cerimônia em uma capela subterrânea, e a procissão de velas se fazia em torno do sarcófago de Wesir (Osíris) pelos sacerdotes, simbolizando o poder da luz da Lua usado por Aset (Isis) para auxiliá-la em sua busca pelo corpo desfalecido de Wesir. Portanto, faz parte das ritualísticas e celebrações dos Mistérios de Osíris.
   Neith, como uma deusa guerreira, é quem faz as armas dos guerreiros, e vigia seus corpos quando falecem até que possam ser enterrados. Como uma deusa tecelã, é quem fia as bandagens usadas para enrolar os mortos. Como uma deusa genitora, é quem criou todo o universo, e não apenas o conhece como é o próprio princípio primordial da existência. Esse festival possui uma conexão muito forte com ancestrais (Akhu) e espíritos em geral, pois é durante ele que Neith levanta os seus véus sobre a realidade e guia as almas vagantes para sua morada definitiva, no submundo. Suas lamparinas iluminam o caminho dos espíritos, mas também dos vivos que desejam compreender e apreciar os mistérios do além.

Ritual para Celebração


   Para a celebração, sugiro um ritual descomplicado e singelo, que pode ser complementado ou adaptado de acordo com suas preferências ou necessidades. Também pode ser realizado em honra a Neith, em outras datas tradicionais ou não de culto a ela.

Você precisará de:
• Duas velas rechaud (redondinhas).
• Um copo de água fresca.
• Um incenso natural ou de resina. Não use incensos de vareta; na falta de incensos naturais, use perfume ou uma colônia perfumada para aromatizar o altar.

   Purifique a si mesmo e ao ambiente como de costume, certificando-se que não será interrompido pela duração do ritual. Disponha cada vela de um lado do altar, e acenda cada uma, em nome dos seus Ancestrais honrados à esquerda e em nome de Neith à direita. Diga:

"Ó! Aqui chega em júbilo,
Neith, a Grande Vaca, vem em paz!
Ó! Para sua chegada,
A Grande Neith, Senhora de Esna
Menheyt-Nebtu, Senhora de Khent-to
A Deusa e sua Enéada aparecem no templo
Acendam tochas em grande quantia dentro do templo
Para homens e mulheres celebrarem!
Que essa cidade lance gritos de alegria,
E ninguém dormirá antes do amanhecer!
Esna (ou use o nome da sua cidade) está em festival!"

   Acenda o incenso ou borrife o perfume no altar, estenda as duas mãos com as palmas viradas para cima em frente ao altar, e apresente suas oferendas, dizendo:

"Neith, Aquela que precede o tempo
Receba meus presentes singelos
Trago aos seus pés luz, água e incenso
Alegre-se com meu ato sincero!"

   Pegue a vela de Neith em mãos e caminhe em torno do altar de forma respeitosa. Se não for possível completar um círculo inteiro em volta, ande até onde for possível, e retorne ao meio. Durante essa breve procissão, mantenha seus pensamentos elevados, concentrando-se na energia do momento. Em seguida, você pode fazer suas orações ou meditações, conversar com a deusa e com seus ancestrais, fazer outras oferendas particulares, enfim. Quando sentir que é hora, encerre o ritual e está feito.

Informações da revista Abgadiyat, issue No. 10, 2015, artigo The Illumination of Lamps (Lychnokaia) for Neith in Sais/Esna in Greco-Roman Egypt, escrito por Youssri Abdelwahed

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A honrar a Mãe Primordial,
   Alannyë Daeris.

Ritual de Serket para Banimento de Enfermidades (ou energias negativas!)

   Esse ritual me foi inspirado pela Lua que está em sua fase minguante no signo de Escorpião desde ontem, mas pode ser feito sempre que ela estiver minguante nos céus, em qualquer signo. Se você está saudável, mas possui familiares ou conhecidos que estejam fragilizados de saúde, pode realizar esse ritual em nome dessas pessoas, ou de todos que estão sendo afetados pela pandemia num geral, para banir suas dores e ajudar o corpo na expulsão dos causadores das doenças, mas peça permissão à pessoa para auxiliá-la magicamente. Serket está diretamente relacionada com a respiração e os pulmões, então é uma divindade bem adequada para auxiliar com o COVID-19. Toda energia positiva faz a diferença, acredite!
   A deusa Serket rege os curandeiros e médicos, mas também é uma das Senhoras da Magia, portanto esse ritual pode ser intencionado para o banimento de impurezas espirituais, quebranto (mau olhado), miasmas, obsessores, feitiços ou ainda magias nefastas e mal intencionadas que possam ter sido lançadas contra você, em vez de enfermidades físicas. Nesse caso, adapte as invocações sugeridas para que estejam mais adequadas, ou crie as suas.

Você precisará de:
• Uma vela preta.
• Uma vela verde.
• Papel e caneta.
• Um copo ou taça com água gelada.
• Uma tigela com água e sal. Você pode adicionar ou substituir o sal por uma gotinha de um óleo essencial de ervas purificadoras.
• Gengibre em pó ou em rodelas.
• Orégano.
• Cascas de cebola.
• Azeite de oliva ou óleos de sua preferência para untar as velas.

🕒 Horas e dias de Saturno.
🌘 Lua minguante.

   Separe todos os ingredientes em seu altar ou em um local onde você não será interrompido. Trace o círculo mágico agora se for de sua preferência. Para começar, misture a água com sal com o dedo em sentido anti-horário, e respingue no ambiente e no altar, para purificar. Depois, molhe as mãos e o rosto, purificando a si.
   Usando o papel e a caneta, desenhe o nome de Serket em hieróglifos, como representado na imagem abaixo. Não se preocupe em fazer exatamente igual, o importante é a intenção e estar parecido (afinal, não somos escribas!). Clique para ampliar.


   Em seguida, diga:

"Serket, Deusa Escorpião
Humildemente peço restauração
E suas bênçãos de vitalidade
Para combater as debilidades
Trago água fresca para sua satisfação
E honro seu grandioso Nome em oração
Gratifica-me com o Ankh das suas mãos"

   Escreva na vela verde, no sentido da base para o pavio, seu nome ou o nome da pessoa para quem esse ritual se direciona. Unte com o óleo, e polvilhe orégano e gengibre em torno, de modo que fique colado no corpo da vela. Escreva na vela preta o nome da doença, os sintomas indesejáveis ou o que deseja banir, no sentido do pavio para a base. Unte com o óleo, e grude pedaços pequenos da casca de cebola.
   Concentre-se, e acenda ambas as velas. Diga:

"Serket, Senhora do Sopro da Vida
Forneça a (mim/nome dos alvos) saúde e resiliência
Leve embora todas as dores e feridas
Que afetam a (minha/sua) plena existência
Restaure o bem-estar, Patrona da Saúde
Ó Deusa que limpa as toxicidades!
Louvada seja!"

   Medite observando o nome de Serket e/ou as chamas das velas. Esse ritual pode ser dividido em duas partes e realizado pela manhã e pela noite no mesmo dia, ou em dois dias seguidos. Ou, você pode permanecer no ritual, realizando meditações e atividades relacionadas (como divinação) até que as velas queimem por completo. De qualquer forma, agradeça à Serket ao encerrar o ritual, fazendo um gesto de adoração, levando a testa próxima ao chão - leia mais sobre Henu aqui.
   O papel com o nome de Serket pode ser guardado ou queimado na chama de uma vela. Os restos das velas podem ser jogados no lixo ou em meio à natureza.

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A oxigenar minha existência,
   Alannyë Daeris.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Epítetos de Min

   Epítetos são títulos dados a divindades, que servem para representar certas faces específicas deles, e invocar determinadas características. Para saber mais, veja esse texto que trata sobre o assunto.
   Hoje, apresento uma lista curtinha de epítetos keméticos tradicionais conferidos a Min, traduzidos e adaptados para nossa língua. Podem ser usados em orações, rituais, meditações e em quaisquer situações que você queira evocar ou invocar esse aspecto de Min que está retratado no epíteto escolhido. Essa lista não contém todos os títulos associados com esse deus, e há muitos outros que podem ser encontrados, ou desenvolvidos na sua própria interação e culto a Min.

• O belo Touro
• O forte Touro
• Touro de grande falo
• Touro de Sua Mãe (Kamutef)
• Senhor da vida
• Senhor da admiração
• Senhor do medo
• Senhor de tudo
• Grande de amor
• Doce de amor
• De face justa
• De bela face
• Senhor do deserto do Leste
• Aquele que levanta seu braço no leste
• Aquele que carrega o mangual (nekhakha)
• Aquele que opera o malho
• O homem da montanha
• Criador dos homens e deuses
• Protetor da Lua
• Protetor dos viajantes
• Amante de alface
• Conquistador das mulheres
• Negro
• Chefe do céu
• Deus das altas plumas
• Deus da vegetação
• Senhor da fertilidade
• Senhor da virilidade
• Senhor da potência
• Senhor das procissões
• Senhor das colheitas
• Senhor da chuva que molha as plantações
• Instigador da fertilidade da natureza

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A explorar minha potência,
   Alannyë Daeris.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Resenha - Liber Null & Psiconauta, de Peter J. Carroll

   Sinopse: Liber Null e Psiconauta é um dos maiores clássicos do ocultismo do século XX, e sua influência pode ser percebida em virtualmente todas as correntes mágicas atuais. Peter J. Carroll descontruiu os métodos e técnicas universais do ocultismo, presentes em todas as vertentes da magia. Aquilo que até então estava envolto em pompa, mito e cerimônia foi sintetizado em um novo sistema – a Magia do Caos, que se distingue pela abordagem prática, não dogmática e focada em resultados. Liber Null e Psiconauta é, portanto, a pedra angular do sistema mágicos mais inovador e influente da atualidade. Originalmente publicado como dois livros separados, Liber Null e Psiconauta são textos complementares, e passaram a ser publicados juntos desde a década de 1980. Enquanto Liber Null apresenta roteiros para que o leitor desenvolva seus próprios métodos e técnicas, Psiconauta oferece uma forte base teórica para acompanhar a prática. Como disse Hassan i Sabbah, citado logo no começo do livro - nada é verdadeiro, tudo é permitido. Absorva o que lhe convir, adapte o que não lhe agrada, e aplique o que for propício.

Ficha Técnica


   Autor: Peter J. Carroll
   Ano: 1987
   Editora: Penumbra Livros
   Páginas: 239

   É difícil pra mim fazer resenha de um livro de tanto renome; acho que soa muito mais do mesmo, pois nesse caso em especial, é frequentemente uma certa "rasgação de seda". Mas é fato que esse livro merece todos os elogios e a atenção que recebe, além de ser uma pedra basal na magia pós-moderna. Ambas essas obras, hoje lidas como uma só, são um marco na história do ocultismo, e de leitura obrigatória para todos os interessados em Magia do Caos.
   Ainda que sua linguagem esteja direcionada para orientar membros ou aspirantes da IoT (Illuminates of Thanateros, uma organização mágica co-fundada por Peter J. Carroll), não se engane. Todas as informações contidas nesse livro podem e devem ser estudadas e adaptadas para seu contexto e prática, exatamente como já citado no fim da sinopse. A grande inovação trazida ao Ocultismo moderno por essas obras são o incentivo à liberdade e à experimentação pessoal, que se consolidaram através da própria Magia do Caos.
   Uma leitura leve, direta e sem rodeios. A cada parágrafo, inúmeros conceitos e noções sobre a realidade são introduzidos e explicados com grande objetividade. Enquanto lê, você perceberá que fará muitas pausas para olhar para o nada e pensar em tudo, tentando digerir e assimilar cada faceta da informação. Ou, pelo menos, deveria! Certifique-se de manter seu diário mágico em mãos, pois essa é uma leitura que rende muitas reflexões pertinentes.
   O Liber Null em si está categorizado em quatro libri, e são eles:

• Liber MMM, que fala sobre técnicas de controle da mente, magia e de sonhos.
• Liber LUX, que fala sobre gnose, evocação, invocação, libertação, augoeides, divinação e encantamento
• Liber NOX, que fala sobre feitiçaria, o duplo, transmogrificação, êxtase, crenças aleatórias, o alfabeto do desejo e o milênio.
• Liber AOM, que fala sobre questões etéricas, transubstanciação, caosfera, aeônicas e reencarnação.

   No Psiconauta, o leitor é apresentado a diversos conceitos mágicos teóricos, instruções igualmente sucintas e construtivas às da obra anterior, incluindo os níveis de consciência, combates mágicos, quimiognose, paradigmas mágicos, dentre outros assuntos que ainda hoje são pouco observados em discussões e materiais modernos sobre ocultismo. Alguns dos rituais sugeridos podem soar bastante controversos dentre os leitores mais pudicos, e a intenção por trás é claramente essa mesmo. Quebrar os paradigmas e conceitos tradicionais, convidar e instigar a mente do leitor a sair de seus dogmas, incomodar sua pulguinha atrás da orelha.
   Entretanto, quero acrescentar que eu não considero essa uma boa leitura de entrada para o ocultismo. Se você não tem um bom entendimento das artes ocultas, há outras obras que possam ser de mais valia nesse primeiro momento pra você. Guarde essa pérola literária para quando considerar que está firme em suas convicções sobre a magia, e só então permita-se vislumbrar com o que esse livro lhe reserva.
   As técnicas de visualização e gnose ensinadas são ótimas e de muita valia para iniciantes, mas o resto de seu conteúdo pode não estar tão "didático" para a compreensão. Nem sempre Peter se dá o luxo de explicar os conceitos que apresenta com minuciosidade, e alguns conceitos podem acabar perdidos ou obscurecidos por outros que se sucedem no desenrolar dos capítulos. Mas se você estiver decidido em apostar, faça essa leitura com muita calma, fazendo suas anotações e permitindo-se pesquisar a fundo aquilo que não lhe foi elucidado o suficiente.

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A navegar pelo astral,
   Alannyë Daeris.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Método Oracular de Lammas

   Nessa terça-feira, dia 2 de fevereiro, é celebrado o sabá de Lammas no Hemisfério Sul. No sabá anterior a esse, passamos pelo ápice do verão, e agora observamos com alegria seu declínio gradual. A comemoração da primeira colheita é quando agradecemos pela prosperidade, abundância e saúde que possuímos em nossa vida, e por todas as bênçãos que recebemos desde que a metade luminosa do ano se iniciou na primavera passada.
   Você pode realizar a leitura quando quiser, mas sugiro que faça entre hoje e a próxima semana para aproveitar o máximo da energia do sabá. Use qualquer oráculo de sua preferência ou afinidade - Tarot, Petit Lenormand, Runas Nórdicas, Runas da Bruxa e oráculos de cartas ou rúnicos em geral.
   A disposição das cartas visa representar o trigo, um dos alimentos sagrados e símbolos dessa estação. Para maior profundidade e aconselhamento, use duas cartas por posição - ideal para leituras com o Tarot, no método europeu (um arcano maior + um arcano menor).

O Método


1. Grãos. Carta-tema que representa a energia desse Lammas.
2. Plantio. O que você está semeando atualmente?
3. Colheita. O que será colhido ao final dessa estação, antes do outono chegar?
4. Nutrição. O que está crescendo e se expandindo em sua vida? O que deve ser nutrido com mais cuidado e ternura?
5. Foice. Quais sacrifícios devem ser feitos para alcançar as bênçãos? Como agir perante as imprevisibilidades?
6. Gratidão. Pelo que você deve ser grato? Como expressar sua gratidão?

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A colher belos frutos e deliciosos grãos,
   Alannyë Daeris.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Método Oracular de Vênus em Aquário

   A partir dessa segunda-feira, Vênus está no signo de Aquário, e temos a chance de avaliar nossas atitudes e as tendências relacionados aos temas desse planeta. A Vênus permanecerá em Aquário até dia 25/02, mas quanto antes você realizar essa leitura, melhor, pois aproveita ao máximo as orientações fornecidas pelo oráculo.
   Escolha a ferramenta oracular que sua intuição apontar. Por exemplo, o Tarot, Petit Lenormand (Baralho Cigano), Runas, ou outros oráculos rúnicos e de cartas que permitam a configuração apresentada na imagem.

1. Liberdade. Quão livre é minha forma de amar? Do que preciso me libertar no amor?
2. Inovação. Como posso inovar na minha vida amorosa? Como melhorar ou desenvolver relações de forma criativa?
3. Prazer. O que me dá prazer? Como eu me divirto, e o que fazer para ter uma vida mais prazerosa?
4. Auto-estima. O que preciso saber ou entender sobre mim para me valorizar mais? Detalhes que podem ajudar a fortalecer minha autoapreciação.
5. Limites. Quais limites devem ser impostos ou reforçados em minhas relações interpessoais? Preciso ampliar meu espaço, ou respeitar mais o lado do outro?
6. Amor. Um conselho amoroso da Vênus em Aquário, para fornecer inspiração e autonomia.

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A abrir portas para o amor,
   Alannyë Daeris.