Durante os três dias em que a Lua deixa o céu, conhecemos a face da Deusa Negra. Ela é a mais temida, embora também seja a face mais poderosa da Deusa. Esta, como todas as outras faces, não é uma Deusa malévola; o mal sempre deve ser visto como é, ou seja, relativo de pessoa para pessoa, bem como de situação para situação. E a Deusa Negra não é má.
De acordo com a mitologia, a Deusa Negra desceu ao Submundo em busca de regressar seu amado, o Deus, de volta à superfície. Entretanto, para que pudesse entrar no Submundo, precisou despir-se de tudo que carregava consigo - joias, roupas, amuletos. E assim o fez. Ao entrar no reino da Morte, ela foi amarrada, como todos o fazem ao entrar no reino da Morte. Esta, no entanto, encantou-se pela beleza e a magnificência da Deusa; pediu-lhe seu amor e sua dedicação, e a Deusa replicou que tudo que amava já havia sido levado, e estava ali, naquele local. A Morte açoitou-na, e, pouco a pouco, a Deusa começou a compreender diversos mistérios da vida. Entregou-se à Morte em ato sexual, e através disto, ela rasgou-lhe os véus, permitindo que a Deusa conhecesse todos os segredos e as sabedorias do Cálice Sagrado, do Caldeirão do Renascimento. Assim sendo, a Deusa passou a não apenas entender, mas também dominar o ciclo da vida; o Deus, sendo seu consorte, dividiu com ela seus conhecimentos, pois o ciclo da natureza não está completo sem que ambos equilibrem-se.
A Deusa Negra nos mostra que devemos conhecer nossos sentimentos para que possamos controlá-los. Ela precisou sentir a dor para que a conhecesse-na, precisou sofrer para que compreendesse os mistérios. Ela é, sobretudo, justa e imparcial; é impiedosa e severa com injustos e pessoas que agem de forma a prejudicar aos outros. Possui atribuições de ceifadora, guerreira, destruidora e justiceira, pois lida com a morte sendo o final do ciclo, com o fim das coisas para que estas renasçam. Porém, assim como ela, todos temos lados sombrios ou que renegamos; a Deusa Negra os conhece e nos ajuda a conhecê-los também. Ainda que alguns possam ser difíceis de lidar e/ou de compreender e aceitar, ela nos auxilia a transformá-los em aspectos bons, ou a sabermos como agir em situações complexas. Ela nos guia em busca de nosso equilíbrio espiritual e pessoal, através do auto-conhecimento e do confronto com nossos medos e receios.
O poder das Deusas Negras é profundo e difícil de se trabalhar; sendo assim, não é comum que pessoas ainda não iniciadas façam rituais e meditações com elas. Estas deusas requerem que se rasguem todos os véus e se abram todos os cadeados d alma, até mesmo de situações que não seriam tão agradáveis de se revolver. É um processo árduo e de dedicação muito forte, mas que traz plenitude e tranquilidade. Ainda assim, as Deusas Negras podem ser cultuadas em seus Esbaths, bem como em rituais, desde que possuam aspectos nos quais elas tenham domínios. Deve-se ponderar o motivo para o ritual, a necessidade, a influência deste não apenas em sua vida, mas também nas alheias, e trazer à tona os sentimentos que o influenciam a este. Assim são as meditações e o contato com as Deusas ceifeiras. Elas são justas, e não diferenciarão seus erros dos de outras pessoas, caso você deseje vingança. Seja responsável e entenda a consequência de seus atos, e principalmente, pondere a respeito de tudo antes de pedir ajuda a uma deusa tão poderosa.
Deusas com a face Negra aflorada: Hécate, Cailleach, Hel, Inanna, Kali, Morrigan, Rhiannon, Baba Yaga, Sekhmeth, Perséfone.
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