segunda-feira, 11 de maio de 2020

Instrumentos Mágicos, parte 10 - Maracá, ou Chocalho

Foto de Davi Boarato. Editada pela autora.
   Esse instrumento é muito típico nos povos indígenas sul-americanos, e detêm uma importância muito grande no xamanismo; não era considerado apenas um instrumento musical como os outros, mas sim um objeto de poder, um instrumento para condução do clima em trabalhos espirituais e canalizador de energia. Seu uso principal é promover a limpeza espiritual de ambientes, pessoas ou objetos.
   Como todos os outros instrumentos musicais, o chocalho possui o dom de induzir transe e estados alterados de consciência, purificar e consagrar ambientes, pessoas e objetos, elevar o astral, evocar ou invocar entidades e divindades, abrir e fechar círculos mágicos e cerimônias em geral, curar, honrar e se comunicar com espíritos e ancestrais, enfim. Os chocalhos possuem finalidades similares às dos tambores em ritos xamânicos. Há relatos do uso do chocalho por tribos peruanas, nas quais o xamã levanta sua mão esquerda para captar as energias do cosmo, e com a mão direita, balança o chocalho, para espalhando energias positivas e afastando influências negativas.
   Para os indígenas brasileiros num âmbito geral, o chocalho - denominado maracá, pois em tupi antigo mbara = "barulho" e ká = "casca"  - era um instrumento muito sagrado, para o qual até mesmo oferendas de comidas eram feitas. Cada índio possuía o seu, que era guardado em um ambiente especial, depois de ser consagrado pelo pajé. As preces e pedidos ao cosmo ou aos deuses eram feitos diretamente ao instrumento. A maracá detinha uma simbologia extremamente importante, pois seu cabo representava a natureza e a árvore da vida, enquanto a cabaça representa o próprio universo, pois seu espaço oco seria o cosmo. As sementes (principalmente de milho e feijão), cristais e pedrinhas que eram acrescentadas dentro da maracá representam as almas dos ancestrais, e a agitação do chocalho faz com que os espíritos fiquem ativos e auxiliem o xamã em suas práticas. Para os tupinambá, o som do chocalho era a própria voz dos espíritos.
   Os indígenas produziam muitos tipos de maracás, sendo as de tamanho menor destinadas para rituais e festas; as maiores, compostas por sementes e caroços grandes eram usadas na guerra. Haviam alguns que eram feitos para se amarrar nos braços ou pernas, também de uso em rituais e celebrações. Como é de costume na arte indígena, costumavam decorar seus maracás com penas (de arara, mas outras penas de aves coloridas também podiam ser usadas).
   As técnicas de fabricação são muito particulares, e os materiais usados podem ser escolhidos de acordo com suas propriedades, significados ou o gosto pessoal. Da mesma forma, cores e padrões podem decorar a superfície do instrumento, junto de símbolos, desenhos ou sigilos mágicos. 
   É interessante testar diferentes grãos e sementes, para combinações sonoras e mágicas personalizadas de acordo com suas preferências. Areia pode ser acrescida para produzir sons diferentes. O tamanho e o material da cabaça (seja ela natural ou não - podem ser usadas latas de metal, potes de plástico, enfim) também influenciam na sonoridade, e isso é um gosto muito pessoal.
   A forma de tocar uma maracá varia de acordo com o tipo de prática e a preferência da pessoa que toca. Pode ser girada de forma circular, agitada para cima e para baixo, ou pode-se usar a mão para bater na cabaça e gerar o som. Não há uma regra, portanto, a prática aliada da intuição devem guiar suas experiências. A velocidade também pode variar de acordo com o momento ou prática.

Muitas informações daqui.

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A ouvir a voz dos espíritos,
   Alannyë Daeris.

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