sábado, 31 de janeiro de 2015

O Mito de Anúbis

Anúbis em seu papel de pesar os corações dos mortos na
balança de Maat, durante o julgamento.
   Existem diversas fontes sobre quem são os pais de Anúbis, também conhecido como Yinepu entre os egípcios. O mito mais aceito, que aqui será descrito, é o de Néftis e Osíris. Usarei os nomes gregos para descrever as deidades citadas na história.

   Néftis, irmã de Isis, possuía muita inveja do amor que havia entre sua irmã e Osíris. Set, seu marido, não lhe dava tanta atenção e carinho quanto desejava. Assim, Néftis pensou em conseguir atrair esta atenção caso passasse a vestir-se como Isis, usar seus perfumes e jóias, mas acabava por não mudar nada na forma com que Set lhe tratava.
   Durante uma das noites em que passava sozinha, foi aos jardins do palácio para estar só e chorar por não ser feliz em sua vida amorosa. Osíris a viu, e, confundindo-a com Isis, fez amor com Néftis. Desta noite de união, Néftis engravidou. No entanto, Set era estéril, e Néftis sabia que só teria o desprezo e a fúria de seu esposo caso ele a encontrasse grávida.
   Néftis, temendo a vingança de Set, escondeu sua gravidez até o último momento, quando fugiu para o deserto e deu à luz em um pântano, abandonando a criança no mesmo lugar. Uma de suas criadas, que sabia do seu segredo, preocupou-se ao notar que Néftis já havia tido a criança mas não haviam sinais dela em lugar algum. A criada, então, buscou Isis e pediu sua ajuda. Isis utilizou-se de sua magia e conseguiu ver a criança a chorar no deserto, sozinha.
   Isis pediu que os chacais, conhecedores do deserto e que possuem bom faro, procurassem a criança no deserto. Os chacais a encontraram com queimaduras, com fome e dor. Isis pediu a uma chacal fêmea que o amamentasse imediatamente, pois de outra forma a criança morreria. Depois, banhou-a nas águas do Nilo, ungiu-a com óleos e lançou-lhe feitiços de proteção, para que não sentisse mais dor. Levou o bebê com a chacal fêmea que o amamentou para seu palácio, e cuidou da criança até que crescesse.
   Anúbis continuou sendo amamentado pela chacal, o que o fez adquirir características dos chacais: olfato e audição poderosas, seus instintos eram certeiros e nada escapava de sua visão. Isis deu-lhe um nome e ensinou-lhe a magia, o poder de ver através dos véus, de conhecer o mundo dos mortos, de compreender o futuro e o que há além da consciência. Isis cuidou-lhe como um filho, como se tivesse parido-o de seu marido, e assim Anúbis tornou-se seu guardião, seu leal companheiro e protetor.
   Quando Set atacou Osíris e o esquartejou, Anúbis buscou por seus pedaços em todos os cantos do Egito. Consolou tanto sua mãe de criação e tia, Isis, quanto sua verdadeira mãe, Néftis. Quando Isis uniu todos os pedaços do corpo de Osíris, Anúbis o embalsamou para que pudesse adentrar o mundo dos mortos e lá passar a ser o líder, o governante eterno. Anúbis, sendo filho de Osíris e conhecedor dos mistérios dos mortos, é seu companheiro em liderança no submundo, auxiliando-o e governando também sobre os que partem.
   Anúbis é conhecedor dos segredos da embalsamação, protetor das tumbas, um dos responsáveis pelo julgamento dos mortos e também quem guia as almas para chegarem ao mundo dos mortos. Anúbis coloca os corações para serem pesados por Maat em sua balança, e leva-os para serem devorados caso sejam mais pesados que a pena da deusa da justiça. Era ele quem liderava o mundo dos mortos antes que Osíris partisse para ele. Além disso, é conhecido como um guardião dos caminhos, protetor dos mortos e conhecedor da magia.

Fonte e inspiração do texto.
A conhecer os caminhos,
   Alannyë.

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