O guardião do portal a disse, então, que para adentrar no reino da morte, ela deveria estar como todo ser vivo que os atravessam. Avisou, também, que haviam preços a se pagar, pois ela não poderia entrar e sair livremente deste reino no qual não dominava, e nem mesmo trazer alguém de volta, independente de quem fosse.
A Deusa aceitou o preço a se pagar por seu amado, e foi conduzida pelo guardião como um ser que busca o ingresso no reino dos mortos.
A Deusa aceitou o preço a se pagar por seu amado, e foi conduzida pelo guardião como um ser que busca o ingresso no reino dos mortos.
No primeiro portal, a Deusa deixou seu cetro, o símbolo de poder pessoal e também de domínio sobre as coisas que nos rodeiam. O cetro, utilizado por reis, é um símbolo de autoridade para consigo, mas também para com as coisas próximas de nós.
No segundo portal, sua coroa. A coroa é o símbolo de poder e autoridade com tudo e todos, e ao renunciá-lo, a Deusa acabava por ser como todos os outros seres ali, não sendo superior nem inferior a ninguém - apenas igual.
No terceiro portal, o colar é deixado para trás. O colar representa que nenhum tipo de riqueza ou joia tem importância quando estamos buscando o verdadeiro conhecimento.
No quarto portal, o anel é dado. O anel, além de representar também as riquezas e o mundo material, representa os laços amorosos entre nossos semelhantes, bem como representa a inteligência que de nada serve no submundo.
No quinto portal, a Deusa despede-se de sua guirlanda. Despir-se da guirlanda que criamos é como deixar nossas máscaras caírem, mostrarmo-nos como realmente somos, todas as nossas imperfeições e defeitos livres e puros.
No sexto portal, as sandálias são descalças. Este ato representa todos os pensamentos e filosofias que adquirimos durante nossa jornada, deixar tudo o que cremos e pensamos para trás em busca de novos pensamentos e novas crenças.
Por último, no sétimo portal, o vestido da Deusa é deixado cair por terra. O vestido demonstra todas as coberturas e máscaras que nos vestimos, tudo o que encobre nosso espírito e nos impede de sentirmos os Deuses e perceber os mistérios.
A Deusa, então, completamente nua, atravessa o último portal, chegando finalmente ao reino onde a Morte reina. No entanto, a beleza que a Deusa emanava era tão estonteante que a própria Morte ajoelhou-se aos seus pés. A Morte colocou sua espada e sua coroa aos pés da Deusa - um ato que representa a submissão e a entrega, demonstrando que sua espada servirá para ceifar as vidas que apenas a Deusa desejar; e a coroa, assim como o ato que a Deusa fez durante o segundo portal, demonstra a renúncia da autoridade e do poder.
Ajoelhada aos pés da Deusa, a Morte disse-lhe: "Abençoados são seus pés, que trouxeram-na por esta senda até mim.". A Morte, então, levantou-se, dizendo: "Fique comigo, eu lhe imploro, e deixe que seu coração seja tocado apenas por mim.".
Ajoelhada aos pés da Deusa, a Morte disse-lhe: "Abençoados são seus pés, que trouxeram-na por esta senda até mim.". A Morte, então, levantou-se, dizendo: "Fique comigo, eu lhe imploro, e deixe que seu coração seja tocado apenas por mim.".
A Deusa negou-lhe os pedidos, dizendo: "Eu não lhe amo! Por que fazes tudo o que amo fenecer e morrer? Busco ter meu amado em meus braços novamente, para que eu possa então estar completa mais uma vez.". A Morte, então, explicou-lhe: "Minha Senhora, eu sou o tempo e o destino. Eu não escolho quem perece ou quem vive, mas dou-lhes abrigo, paz e força para que retornem à vida. Eles podem, então, abrigar-se no seu brilho, e assim retornar renovados para a vida. Mas eu lhe imploro, pois tu és adorável e vívida, te peço para que não retornes, e sim para que vivas aqui, junto de mim.".
"Não, pois eu não te amo.", respondeu-lhe a Deusa. A Morte, impassível, responde-lhe, mudando de posição. "Então, se negas meus pedidos e desejos, terás de aceitar meu açoite, uma vez que estás em meus domínios, e não tens poder algum aqui.".
A Deusa acatou a ordem, proclamando que, se precisaria ser assim, então que seria assim, pois faria tudo que fosse necessário a fim de retornar seu amado, o Deus, para a vida. Ajoelhou-se perante as mãos da Morte, que a açoitou, ao que a Deusa exclamou: "Eu reconheço agora tua dor, que vem a ser a mesma proveniente do amor.". A Morte a levantou, dizendo: "És abençoada, minha Dama, minha Rainha.", e deu-lhe os cinco beijos da iniciação, dizendo: "Somente assim podes ambicionar a sabedoria e o prazer.".
A Deusa acatou a ordem, proclamando que, se precisaria ser assim, então que seria assim, pois faria tudo que fosse necessário a fim de retornar seu amado, o Deus, para a vida. Ajoelhou-se perante as mãos da Morte, que a açoitou, ao que a Deusa exclamou: "Eu reconheço agora tua dor, que vem a ser a mesma proveniente do amor.". A Morte a levantou, dizendo: "És abençoada, minha Dama, minha Rainha.", e deu-lhe os cinco beijos da iniciação, dizendo: "Somente assim podes ambicionar a sabedoria e o prazer.".
A Morte, durante o tempo que a Deusa permaneceu em seu reino, ensinou-a todos os seus mistérios, contemplando-a com o círculo do renascimento. E a Deusa ensinou à morte seus mistérios, o cálice sagrado e o caldeirão da transmutação.
Elas se uniram em uma durante o período que a Deusa permaneceu no submundo. Ao final deste tempo de aprendizagem em que esteve no submundo, a Deusa retornou grávida de seu amado, pois já compreendia os mistérios da vida e da morte, e agora tinha em si o poder de viver e morrer pelo amor de seu amado, assim como ele poderia sempre retornar aos seus braços, em busca do amor que ambos encontrariam somente um no outro.
Elas se uniram em uma durante o período que a Deusa permaneceu no submundo. Ao final deste tempo de aprendizagem em que esteve no submundo, a Deusa retornou grávida de seu amado, pois já compreendia os mistérios da vida e da morte, e agora tinha em si o poder de viver e morrer pelo amor de seu amado, assim como ele poderia sempre retornar aos seus braços, em busca do amor que ambos encontrariam somente um no outro.
Assim, a Deusa Negra, a face mais obscura da Deusa, é a que existiu no submundo, se mantendo conhecedora apenas dos mistérios da morte e do tempo, e por isto, nos auxilia com os mistérios de nosso ser, nossos segredos e medos obscuros. Ela foi torturada e sofreu para que entendesse as verdades, e por isto, é repleta de mistérios, mas nem por isto é uma Deusa má.
Assim, existem apenas três mistérios na vida: o sexo, o nascimento e a morte, e o amor domina todos estes mistérios. Para conhecermos o amor, precisamos encontrá-lo, reconhecê-lo, lembrá-lo e amá-lo verdadeiramente, como a Deusa entregou-se à Morte, para poder sempre ter seu amado em seus braços novamente. E ao aproximarmo-nos da morte, precisamos renunciar tudo, menos o Amor, pois é ele quem nos retornará à vida, no útero da Deusa.
Esta história é belíssima e lembra em muito os mitos de Perséphne e Hades, bem como de Isis e Osíris. Sempre que a leio revejo a sabedoria dos detalhes que a compõem.
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